A grave denúncia foi protocolada na Câmara e, como determina o regimento, a votação se torna o primeiro item obrigatório da pauta. Entretanto, mas sem ser surpreendente, apenas dois vereadores votaram a favor de instaurar a investigação: Major Jaime (PP) e Paulo Gaspar (NOVO).

O restante, em um balaio que une ferozes oradores de Direita, Esquerda, Centro, Acima e Abaixo, negou a apuração de um possível crime praticado dentro da Câmara de Campinas.

A Comissão Processante, que seria uma oportunidade para esclarecer o caso e, inclusive, ajudar o vereador Marcelo da Farmácia caso nenhum ilícito fosse comprovado, foi arquivada.

Mais uma vez os vereadores de Campinas decidiram que a bola não é deles e que a investigação siga em outra esfera.

Situação delicada
Marcelo da Farmácia conseguiu escapar por enquanto, mas nos corredores da Câmara de Campinas, a avaliação é de que sua situação é delicada e dificilmente terá outro desfecho que não seja a perda do mandato.

Apesar do pedido de abertura de Comissão Processante (CP) não ter sido aprovado, os próprios vereadores entendem que o poder do legislativo é limitado para realizar uma apuração profunda e mais incisiva. A frase mais comum entre eles é "não temos poder de polícia".

No entanto, é quase unanimidade a percepção de que o conteúdo apresentado na denúncia contra o vereador do Avante é recheado de "materialidade", com testemunhos lógicos, documentação, comprovantes de transferências e conversas em capturas de tela.

Agora, a Câmara aguardará os próximos passos dessa denúncia, que deverá ser encaminhada a órgãos que possam verificar a autenticidade das provas apresentadas. Caso os resultados sejam positivos, a cassação de Marcelo da Farmácia é vista como uma possibilidade muito provável.

Pode isso, Arnaldo?
Apesar do momento tenso, a votação que livrou, por hora, Marcelo da Farmácia teve pontos cômicos. No painel, eram três vereadores a favor da abertura de Comissão Processante até que os colegas alertaram Arnaldo Salvetti (MDB) de que ele tinha, na verdade, votado para dar prosseguimento à denúncia.

E lá foi Salvetti, sem rodeios, pedir para corrigir o voto, o que gerou no plenário o famoso jargão de Galvão Bueno a Arnaldo Cezar Coelho: “Pode isso, Arnaldo?”. Bom, nesse caso, pode.

Salvetti e Petta
E medebista Arnaldo Salvetti fez seu primeiro pronunciamento após o recesso parlamentar e direcionou críticas ao colega vereador Paulo Gaspar, do NOVO, que pediu um estudo para a venda da IMA, a empresa municipal de informática da prefeitura.

Durante seu discurso, Salvetti contou com o apoio de um grupo de trabalhadores da estatal que estava presente na plateia. Para o vereador, a proposta de privatização da IMA traz consigo a possibilidade de desemprego e representa perda de patrimônio municipal.

Gustavo Petta, parlamentar do PCdoB, também se manifestou sobre o tema, lançando argumentos críticos às propostas de privatização apresentadas por Gaspar. Outros vereadores também se manifestaram contra uma possível venda.

Paulo Gaspar no FPX Cast
Por falar em Paulo Gaspar, o arquiteto urbanista e vereador é o convidado deste colunista no quinto episódio do FPX Cast. O parlamentar campineiro compartilhará um pouco de sua história, desde a sua formação até a militância política, culminando em sua chegada à Câmara de Campinas com um ideal liberal. E claro, vai comentar as polêmicas e bombas no legislativo da cidade.

O FPX Cast #5 com a participação de Paulo Gaspar será transmitido ao vivo nesta quinta-feira, às 18h. O programa estará disponível no canal do Youtube (youtube.com/@fpxcast) e nas principais plataformas de podcast, como Spotify, Deezer e Google Podcasts.

Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Gazeta de Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br