POLÍTICA

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O ressurgimento do nome de Marcio Pochmann no cenário nacional tem gerado alerta em diversas esferas políticas, inclusive no âmbito municipal. Leia a coluna de Flávio Paradella.

Por Flávio Paradella | 29/07/2023 | Tempo de leitura: 4 min
Especial para a Sampi Campinas

Divulgação

O ressurgimento do nome de Marcio Pochmann no cenário nacional tem gerado alerta em diversas esferas políticas, inclusive no âmbito municipal. O professor da Instituto de Economia da Unicamp foi nomeado por Lula para assumir a presidência do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A indicação causou alvoroço nos bastidores ministeriais em Brasília, já que Pochmann não era – até a nomeação oficial - bem-visto pela Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), sendo o IBGE um órgão sob sua alçada desde janeiro.

Apesar das discordâncias internas, Marcio Pochmann ressurge como uma imposição do presidente Lula, e a situação já pode ser vista em Campinas como uma movimentação eleitoral. Vale recordar que Pochmann foi o candidato apoiado por Lula nas eleições municipais de Campinas por duas vezes, mas acabou derrotado por Jonas Donizette em ambas as ocasiões (2012 e 2016).

No cenário político atual, o nome natural para o PT em 2024 seria o do ex-vereador e terceiro colocado nas eleições de 2020, Pedro Tourinho. Como uma jovem liderança, Tourinho quase chegou ao segundo turno nas últimas eleições municipais. No entanto, sua ausência na vida política após não ser eleito deputado federal em 2022 pode impactar sua candidatura.

Uma questão relevante é que com uma simples nomeação presidencial, Tourinho poderia se tornar deputado, bastando a Lula indicar um deputado da bancada petista para abrir vaga para ele. A canetada acontece, só que para Pochmann. Também é importante considerar a proximidade de Lula com o novo presidente do IBGE e o histórico de imposições de nomes pelo líder supremo do PT.

Com as reciclagens de ideias e projetos do governo Lula III, não seria surpreendente ver o agora vitaminado nome de Pochmann novamente envolvido em questões políticas em Campinas no próximo ano.

A influência de Jonas
O vice-líder do governo Lula na Câmara dos Deputados, o ex-prefeito de Campinas Jonas Donizette (PSB), está de olho na indicação do projeto do Trem Intercidades (TIC) para integrar o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que será lançado em agosto.

O governo Tarcísio de Freitas incluiu o TIC no programa federal para buscar recursos e finalmente concretizar o plano de estabelecer um trem de passageiros ligando São Paulo a Campinas.

Para Jonas Donizette, o novo PAC será fundamental para a retomada de projetos. O vice-líder de Lula defende que o Trem Intercidades é economicamente viável e essencial para a mobilidade urbana e o desenvolvimento da região.

Contudo, a proposta é custosa. O edital prevê um investimento de R$ 12,8 bilhões em infraestrutura, incluindo construções e modernizações. Por isso, o governo de São Paulo busca alternativas de financiamento e o PAC surge como uma oportunidade.

A influência do vice-líder de governo pode ser crucial para que o projeto de Tarcísio de Freitas, que está em espectro político antagônico a Lula, seja selecionado para receber os recursos do novo PAC.

Enquanto Lula busca reeditar o Programa de Aceleração do Crescimento lançado em 2007, com o objetivo de impulsionar a economia brasileira através de significativos investimentos, incluindo infraestrutura como portos e rodovias, o TIC aguarda a decisão do governo para entrar nos trilhos e conectar São Paulo a Campinas.

Contra o ‘rolezinho’
O cenário de encontros de motociclistas, conhecidos como "rolezinhos", não era desconhecido pelos moradores de imóveis localizados em grandes avenidas de Campinas. Madrugadas de sexta para sábado eram marcadas por esse verdadeiro pesadelo, com a prática recorrente e sem resposta efetiva das autoridades. Entretanto, foi preciso um trágico acidente que resultou em três vidas perdidas para que a Prefeitura, Polícia e Guarda Municipal finalmente se pronunciassem em uníssono: BASTA.

O incidente ocorreu na semana passada, durante mais uma edição da motociata, quando um engavetamento levou à morte de três jovens. Uma situação triste e evitável, caso o poder público não tivesse sido inerte diante dessa problemática.

Você pode se perguntar: "Como as autoridades poderiam evitar?". A resposta é simples: inteligência, trabalho ostensivo e boa vontade. Afinal, o percurso desses encontros percorre várias vias de grande porte da cidade, tornando o monitoramento e controle possível com o planejamento adequado.

Agora, após a tragédia, o prefeito Dário Saadi se reuniu com os comandantes de segurança e anunciou que o "rolezinho" não será mais tolerado. Agora é tarde.

Venda da IMA
O vereador Paulo Gaspar (NOVO) quer que a Prefeitura de Campinas realize estudos visando a possibilidade de venda da IMA (Informática de Municípios Associados S/A). Segundo o parlamentar, a manutenção da empresa como propriedade municipal já não se justifica, especialmente devido à sua estrutura estatal engessada que a impede de competir com inovações no setor.

A IMA é uma empresa com cerca de 800 funcionários, responsável por mais de 200 sistemas que atendem às demandas da prefeitura de Campinas, oferecendo serviços nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação.

No entanto, a proposta de Gaspar não deve prosperar, uma vez que depende do aval do prefeito Dário Saadi, que se autodenomina como 'Centro-Direita', mas não tem se posicionado como ‘liberal’. Além disso, o período eleitoral se aproxima, e o governo está ganhando cada vez mais apoio e pensar em vender uma empresa pública agora não ajuda em nada na popularidade.

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Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Gazeta de Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br

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