POLÍTICA

Dário Saadi e o Pessimildo

Dário Saadi é o único capaz de resolver as questões apontadas pelas críticas, e ainda pode se orgulhar de suas realizações. Não é necessário que ele assuma o papel de Otimildo.

Por Flávio Paradella | 25/07/2023 | Tempo de leitura: 4 min
Especial para a Sampi Campinas

Reprodução

No último final de semana, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) utilizou as redes sociais para compartilhar informações positivas sobre a economia de Campinas, mas acabou relembrando a polêmica campanha da ex-presidente Dilma Rousseff em 2014. A postagem iniciou-se com "Conteúdo Inapropriado para Pessimistas”, o que lembrou os bonecos Otimildo e Pessimildo, utilizados na propaganda à reeleição da petista.

Os indicadores econômicos de Campinas realmente são favoráveis, com a cidade apresentando a maior taxa de ocupação de empregos no estado e um aumento significativo de 6,5% no número de empresas abertas. Esses resultados expressivos podem ser atribuídos à conjuntura da macroeconomia nacional, ao crescimento estadual e, é claro, às ações implementadas pelo governo de Dário Saadi para acompanhar e aproveitar esse momento.

Entretanto, o post do prefeito foi além de uma simples prestação de contas, incluindo uma referência ao Programa de Ativação Econômica e Social (PAES). O adendo "Conteúdo Inapropriado para Pessimistas" conferiu um tom arrogante à mensagem, desnecessário para o contexto apresentado.

O que provocou uma alusão ao antigo boneco Pessimildo da campanha de Dilma Rousseff, que caricaturava de forma jocosa os críticos do governo, acabou gerando uma associação negativa à postagem de Dário Saadi. O prefeito não precisa recorrer a essas estratégias, pois críticas são saudáveis, mesmo que vindas dos adversários mais ferrenhos. Elas podem parecer injustas aos olhos do prefeito, considerando que vêm de opositores que desejam tomar o seu lugar, porém, contribuem para tirar a administração da zona de conforto, incentivando-a a buscar respostas mais rápidas e soluções eficazes.

No final das contas, Dário Saadi é o único capaz de resolver efetivamente as questões apontadas pelas críticas, e ainda pode se orgulhar de suas realizações. Não é necessário que ele assuma o papel de Otimildo, apegando-se à perfeição e desdenhando das críticas. Ao invés disso, a abertura ao diálogo e a busca por aprimoramentos são posturas mais positivas que podem consolidar uma gestão ainda mais eficiente e próxima dos cidadãos.

Nova reação a Salvetti
Na última coluna, foi mencionada a ideia do vereador Arnaldo Salvetti (MDB) de criar um projeto para proibir esmolas e doações de alimentos na região central de Campinas como forma de enfrentar a situação das pessoas em situação de rua na cidade.

No entanto, a proposta já nasce envolta em polêmica e encontra forte resistência ainda em sua fase embrionária. O vereador Paulo Bufalo (PSOL) utilizou as redes sociais para expressar sua oposição ao projeto e fez críticas contundentes: "projetos de cidades pensados pela direita e extrema-direita sempre envolvem higienização social para eliminar pessoas indesejadas aos olhares e territórios do capital. Em Campinas, estas ideias não são novas, mas novamente serão combatidas."

Em sua postagem, Bufalo ainda marcou o Padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua.

Ares fétidos
O que era para ser a "menina dos olhos" da Secretaria de Serviços Públicos de Campinas se transformou em uma nova dor de cabeça para a prefeitura. Os moradores do Parque Santa Mônica, região dos Amarais, estão enfrentando sérios transtornos devido ao mau cheiro insuportável e ao grande número de aves atraídas pela Usina Verde de Compostagem.

Na última semana, um protesto realizado em frente à unidade chegou a fechar a Estrada dos Amarais, demonstrando o descontentamento da vizinhança com a situação. Os moradores afirmam que não são contra o projeto administrado pela prefeitura desde 2020, mas exigem soluções urgentes para o problema do odor nauseante. Além disso, a presença excessiva de pássaros representa uma preocupação adicional, considerando a proximidade do Aeroporto dos Amarais.

O bom, o mau e o feio
A Usina Verde, localizada na região dos Amarais, opera em um terreno cedido pelo Instituto Agronômico de Campinas, por meio de um convênio com a Prefeitura. No local, é realizado o processamento do lodo da Sanasa e das podas recolhidas pelo DPJ, evitando que esses materiais sejam destinados aos aterros sanitários.

Através da compostagem, esses resíduos são transformados em adubo orgânico, utilizado nas áreas verdes da cidade.

O Secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella, não esconde o orgulho do projeto e em diversas entrevistas mencionou-o como exemplo para outras administrações.

De fato, a Usina Verde é uma iniciativa louvável, mas é preciso que a prefeitura corrija rapidamente o problema para evitar que ela mude seu status de exemplo "bom" para "mau".


Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Gazeta de Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br

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