
‘O maior empreendimento para o entretenimento humano desde o Coliseu’. É como Bono Vox, do U2, descreveu a MSG Sphere. A esfera assustou a todos ao ser ligada em Las Vegas, nos Estados Unidos, e será o maior edifício redondo do mundo destinado a shows e eventos esportivos. O melhor de tudo: tem a contribuição de uma empresa de Campinas, a Celera.
O empreendimento do grupo Madison Square Garden, com inauguração marcada para o dia 29 de setembro, teve um investimento de R$ 9,75 milhões. Empresas do mundo todo participaram da construção. Apenas a Celera era formada por brasileiros.
Diante de gigantes multinacionais, a empresa campineira foi a escolhida para fornecer o 1,2 milhão de painéis de LED que formam a estrutura. As quase 5 milhões de peças fabricadas pela Celera garantem a qualidade da luminosidade dos telões, que ganharam manchetes no mundo todo.
“Nós elevamos a performance térmica e mecânica dos materiais, garantindo total intensidade e qualidade de brilho para esse gigantesco projeto. Além da confiabilidade no controle de calor, os ajustes atuam de forma a evitar falhas”, contou Alex Chaves de Souza, CEO da Celera Fibras.
Para isso, foi executado um trabalho minucioso, até mesmo na escolha dos materiais (grafite e manta de silicone) e na análise do ambiente, que foi um dos grandes desafios. “Isso exigiu da Celera desenvolver equipamentos de montagem, para integrar essas máquinas na linha de produção do cliente. Nós desenvolvemos as máquinas, treinamos o cliente no Canadá, mesmo na pandemia e remotamente”, contou.
“Las Vegas é um dos ambientes mais desafiadores do planeta, com extremos de temperatura, vento e areia. Então, para que de fato esses LEDs fossem capazes de manter a intensidade de brilho, a resolução da cor e durabilidade, nós tivemos que desenvolver algo que não existia. Não foi feito do zero. A gente partiu de produtos que já partiam do nosso portfólio, mas houve um desafio”, completou.
Como surgiu a oportunidade?
Um pool de empresas fez parte do desenvolvimento e construção da MSG Sphere. Somente uma do Brasil. Mas, como? A Celera já contava com clientes na América do Norte. Por isso, o principal fornecedor da empresa campineira é dos Estados Unidos. Foi através dele que surgiu a ideia da Celera compor o pool.
“Mesmo antes da esfera, a Celera já exportava essas soluções de gerenciamento de calor pros Estados Unidos, México e Canadá. E nós temos um distribuidor no Colorado, que faz esse trabalho de representação. Surgiu esse projeto, por parte do fabricante, e o nosso distribuidor acreditava que era um projeto com grande adesão ao que a Celera faz”.
Foi aí que a Celera decidiu participar da concorrência internacional. Gigantes multinacionais fizeram parte. Mas Alex acredita que o comportamento da empresa de Campinas foi o diferencial. “A gente soube que seria um desafio muito grande. Mas entendo que, aquilo que acabou pesando favoravelmente, foi o fato de termos olhado para este projeto de uma forma holística. O que isso significa? Um preço competitivo, soluções avançadas e que formos capazes de desenvolver num tempo curto”.
E graças a esse diferencial, a Celera foi a escolhida. Para se aproximar ainda mais da construção, a empresa até decidiu abrir uma sede na Flórida. “O fabricante dos módulos é uma empresa de Vancouver. Não faria sentido para nós, estrategicamente, irmos para lá. Então, buscamos uma localidade que estivesse no meio do campo. Até porque, após o projeto, nós poderíamos explorar o mercado americano, tendo uma unidade lá”.
Para Alex, a participação da Cefera no empreendimento é a prova de que é possível fazer o correto no Brasil. “Muitas vezes, e é até compreensível, que o empresário brasileiro tem uma tendência de reclamar e apontar problemas. Eles existem, mas é possível fazer certo no Brasil. Existem mecanismos, linhas de crédito e programas de fomento a pesquisa. Então, esse projeto é a prova de que dá para fazer certo”.
Como surgiu a Celera?
A Celera foi fundada em 2016 e tem sede em Campinas desde então. O fundador Alex Chaves de Souza, atual CEO, conta que decidiu abrir a empresa após trabalhar durante muitos anos em uma multinacional da Alemanha, que contava com sede no Brasil.
“Após me formar, fui trabalhar na Alemanha e voltei para conduzir esse projeto local. Em 2016, eles decidiram encerrar as atividades aqui no Brasil e, então, eu tomei a linha de produção e tornei ela numa empresa”, relembrou.
A Celera é uma empresa focada na pesquisa, desenvolvimento e fabricação de materiais avançados. É como o próprio Alex descreve, com direito a uma “característica interessante”. “Nós somos uma empresa de tecnologia. Então, a gente foca em desenvolver materiais inovadores. A gente procura não se envolver na parte fabril. Não queremos ser uma fábrica, queremos desenvolver o material”, explicou.
Agora com o trabalho cumprido em Las Vegas, Alex deseja um próximo passo. Uma esfera deve ser construída em Londres e a Celera pretende estar lá.