POLÍTICA

Nada mudou no Centro

Por Flávio Paradella | 13/07/2023 | Tempo de leitura: 4 min
Especial para a Sampi Campinas

Flávio Paradella/Sampi

Lançado há quase um ano, mas só regulamentado em maio, o projeto Nosso Centro, uma nova tentativa da Prefeitura de Campinas para requalificar a região central, se arrasta em seu objetivo de estimular moradores e comerciantes a reabilitar edificações.

De acordo com números divulgados pela própria prefeitura, apenas sete empresas apresentaram propostas para reformas que visam revitalizar construções no Centro da cidade, chamadas de "ideias" pela administração.

O projeto de requalificação de imóveis abrange uma área de 95 hectares na região central, englobando cerca de 1.900 lotes, dos quais 429 são edifícios verticais e 1.400 horizontais. Estima-se que 90% dessas edificações possam se beneficiar do programa (sendo construções aprovadas antes de 1988), segundo a Secretaria de Planejamento e Urbanismo (Seplurb).

Ao longo das últimas décadas, a região central de Campinas tem sofrido com a degradação e a perda de grandes empresas e atividades. Um exemplo emblemático é o esvaziamento do Fórum Central para a Cidade Judiciária, localizado no Jardim Santana. Outra ausência sentida é o fechamento do Poupatempo na Avenida Francisco Glicério, cujo prédio permanece sem destinação até hoje.

Esses casos ilustram a triste trajetória do outrora charmoso centro de Campinas, com suas lojas, restaurantes, serviços e entretenimento que atraíam o público e mantinham moradores na área. Hoje, é comum ver prédios com placas de "Aluga-se" e com aspecto de abandono.

No entanto, incentivos pontuais não serão eficazes. Eles são apenas paliativos para uma região em declínio evidente e contínuo, que enfrenta furtos, roubos, tráfico de drogas e outras formas de violência relacionadas à negligência em relação aos contribuintes e, mais importante, à dignidade das pessoas. O número insignificante de interessados em participar da iniciativa alardeada pela prefeitura demonstra que o rumo não mudou.

O que falta é uma política pública mais ousada, que realmente modifique profundamente as regras da região, a fim de resgatar o empreendedor e o morador heroico do Centro de Campinas e, consequentemente, atrair novos empreendimentos para a área.

Novas medidas no dia 19
No dia 1º de junho, o Prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), concedeu uma entrevista exclusiva no primeiro episódio do FPX Cast, comandado por este colunista. Durante a entrevista, o prefeito adiantou que sua administração estava preparando um projeto para oferecer incentivos fiscais a empresas que se instalarem no Centro de Campinas.

A proposta visa estabelecer uma redução nos impostos pagos por negócios que escolham a região central como localização. Embora o Prefeito Dário não tenha revelado as atividades específicas que seriam contempladas, ele mencionou que os detalhes seriam divulgados em duas semanas.

Até o momento, apenas uma minuta do projeto de lei foi prometida. A apresentação dessa proposta está agendada para o dia 19, na sede da ACIC (Associação Comercial e Industrial de Campinas).

O significado de minuta em rápida busca no Google: a primeira redação, ainda não definitiva, de um texto; borrão, rascunho. Ainda tem chão.

Fumaça
Na semana de comemoração do aniversário da cidade e a pouco mais de um ano das eleições, o projeto de extensão dos trilhos da icônica Maria Fumaça voltou à pauta da prefeitura de Campinas.

Embora a obra esteja constantemente listada como "parada" pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP), a administração municipal já havia anunciado anteriormente a desistência de levar o trem até a Praça Arautos da Paz e concluir o aumento de 2 km no trajeto da adorável locomotiva entre Campinas e Jaguariúna.

O projeto, abandonado há mais de 13 anos, pode ser testemunhado por quem passa pela região através das vigas que foram instaladas para sustentar o pontilhão, que hoje permanece apenas como uma ideia, aguardando a construção da nova estação. Uma série de erros, obstáculos e, inclusive, um certo descaso, levaram o projeto a ser engavetado.

Agora, um cronograma será elaborado para reunir a documentação necessária para a contratação de um projeto básico executivo, visando a abertura de licitação. O prazo definido para essa etapa é até 30 de agosto.

Sampi Brasil
A Rede Sampi ganhou importante destaque na mídia nacional com a reportagem publicada no último final de semana no site Poder360.

O jornalista e CEO da rede Sampi, Corrêa Neves Júnior, foi entrevistado e falou sobre o funcionamento da rede, que reúne os veículos mais importantes do interior paulista e expôs os planos de expansão para outras áreas.

Reprodução

A ideia é levar a operação para mais 12 regiões do interior paulista até meados de 2024. Até 2026, a meta é estar presente em mais de 100 cidades brasileiras, com 200 mil habitantes ou mais, espalhadas por 19 estados.

A rede Sampi opera hoje, com redações próprias ou de afiliados, nas regiões de Campinas (sede da rede), Araçatuba, Bauru, Franca, Jundiaí, Piracicaba, Rio Preto e Vale do Paraíba. Tem média de 6,4 milhões de leitores mensais, o que faz da Sampi a maior rede de notícias baseada no interior. No último mês, registrou crescimento de 14%.


Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Superedição Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.