POLÍTICA

O bom jornalismo venceu

Eu digo isso sem qualquer demagogia ou presunção, porque, sem a reportagem exclusiva do Portal Sampi Campinas e publicada pelo Jornal OVale, dificilmente a realidade teria mudado.

Por Flávio Paradella | 08/07/2023 | Tempo de leitura: 5 min
Especial para a Sampi

Divulgação/Eduardo Lopes/PMC

A decisão da Prefeitura de Campinas em convocar uma coletiva para anunciar o projeto de ampliação das Casas Embriões na Ocupação Mandela foi considerada uma vitória para a comunidade e para o bom jornalismo.

Eu digo isso sem qualquer demagogia ou presunção, porque, sem a reportagem exclusiva do jornalista Eduardo Reis, do Portal Sampi Campinas e publicada pelo Jornal OVale, dificilmente a realidade da antiga invasão teria mudado. Afinal, as estruturas estavam sendo construídas lá, mas eram invisíveis aos olhos da rotina sofrida do cotidiano e à insensibilidade da elite política, seja do poder executivo, legislativo, direita ou esquerda.

A matéria expôs a situação das casas de apenas 15m², chamadas de embriões, que contradizem as diretrizes mínimas da ONU para moradias dignas. Alguns disseram: "Bem, eles costumavam viver em barracos sem nenhuma estrutura e agora têm pelo menos essas casinhas." É verdade, mas essa afirmação reflete um sentimento de clientelismo e desdém, como se oferecer uma pequena melhoria aos mais necessitados fosse um grande favor. E não é.

A reportagem apresentou os fatos, ouviu especialistas, políticos da oposição e situação, e, é claro, a própria prefeitura de Campinas. Ela foi tão bem estruturada ao expor o problema que ganhou destaque nacional ao viralizar nas redes sociais e ser divulgada por outros veículos de comunicação, que passaram a exigir em conjunto respostas do prefeito Dário Saadi (Republicanos), que mencionou o projeto como uma primeira fase, mas não divulgou os próximos níveis.

Dário acusou o PT de fazer politicagem, mas não esperava a reação do presidente da república. Lula atacou o prefeito e o chamou de "não humano" por oferecer cubículos à comunidade. O prefeito de Campinas rebateu e criou um antagonismo nacional, mas começou a tomar medidas para colocar uma solução em prática. Na quinta-feira, foi anunciado um projeto que poderá ampliar as estruturas para até 55m².

Essa é uma conquista importante para as famílias e uma vitória para o bom jornalismo, que abordou a história de maneira profissional, mas com a preocupação social que um repórter deve ter. E saibam que, além da repercussão, dos likes, da viralização e dos elogios, o maior orgulho de um jornalista é quando seu trabalho causa mudanças. É gratificante ver isso acontecer. Portanto, parabéns a Luis Eduardo Reis e toda a equipe do Portal Sampi Campinas e do Jornal O Vale. Vocês fizeram a diferença.

Lados opostos
A reforma tributária colocou em lados opostos criador e criatura: o deputado federal Jonas Donizette (PSB) e o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos).

Jonas Donizette, ex-prefeito e atual vice-líder do governo Lula na Câmara dos Deputados, defendeu veementemente a aprovação da reforma tributária na Casa de Leis. Para o pessebista, essa medida é fundamental para impulsionar a economia e tem grande importância para as cidades.

Por outro lado, Dário Saadi, prefeito de Campinas, foi até Brasília para questionar o conteúdo do texto proposto pelo governo federal e expressar sua insatisfação com a retirada do Imposto Sobre Serviços (ISS) do município. Além disso, o prefeito ressaltou que a Reforma Tributária resultaria no aumento de impostos em diversos setores da economia, centralizando os recursos no Governo Federal.

Um escárnio de reajuste
A decisão da Prefeitura de Campinas em conceder um aumento de mais de 52% no subsídio do transporte público da cidade é um verdadeiro desrespeito quando consideramos a elevada tarifa cobrada, o aumento significativo dos recursos repassados aos concessionários e a qualidade precária do serviço oferecido aos usuários de ônibus.

Um sistema de transporte decrépito e indigno recebeu uma atualização no repasse de verbas. O montante determinado em janeiro, que era de R$ 111,5 milhões, foi elevado para R$ 169,6 milhões, conforme decreto divulgado no Diário Oficial na última quinta-feira (06/07).

Não se questiona aqui a necessidade de subsídio, mas sim a discrepância entre os números e, o que é ainda pior, a qualidade do transporte na metrópole.

Sistema terrível
Campinas enfrenta problemas crônicos, como frota antiga, falta de manutenção, insuficiência de veículos nos horários de pico e ausência de conforto para os passageiros. Aqueles que utilizam o serviço o fazem por pura necessidade, pois não possuem alternativa viável para seus deslocamentos diários. Os passageiros de Campinas sofrem bastante e pagam caro, duas vezes: na tarifa e através dos impostos.

Apesar de ser apresentada como solução pela prefeitura, a nova licitação do transporte tem sido arrastada por anos, sendo constantemente bloqueada judicialmente devido a erros apontados, e agora está nas mãos da administração para ser refeita. O fracasso nesse ponto remonta ao governo de Jonas Donizette, e o atual prefeito, Dário Saadi, não demonstrou competência para resolver as falhas no edital. O sistema permanece lotado e estagnado, enquanto as promessas vazias se acumulam.

De olho na obra
O vereador Cecílio Santos (PT) apresentou um Projeto de Lei para mudar a forma de fiscalização das obras de contrapartida realizadas por meio de Termo de Ajuste de Conduta (TAC). O parlamentar justifica que a proposta visa proporcionar maior transparência, uma vez que ele mesmo realizou visitas a algumas dessas obras e constatou dificuldades em acompanhar seu andamento.

Segundo o vereador, uma das razões para essa dificuldade é que o pagamento pela execução das obras é feito pelo empreendedor, e não pela administração municipal, o que impede a aferição mensal por técnicos municipais, como ocorre em outras obras públicas. Isso resulta na falta de informações necessárias para o acompanhamento e fiscalização por parte dos conselhos e organizações locais interessadas na obra, juntamente com as secretarias responsáveis.

Dentre as medidas propostas, destaca-se a permissão para a visita de todos os conselhos municipais relacionados à obra em andamento, a obrigatoriedade de fornecer um cronograma atualizado da obra, bem como a realização de reuniões, pelo menos a cada dois meses, entre o responsável técnico pela obra, a comunidade local e aqueles que solicitarem, a fim de esclarecer dúvidas sobre o andamento do projeto.


Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Superedição Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br

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