O que está em jogo é a reeleição. Com a criação da nova secretaria, um nome próximo ao ex-vereador Tenente Santini, que é uma figura forte do PP na cidade, passa a ocupar um cargo de destaque no governo de Dário Saadi. Embora Coluccini não seja filiado ao partido, ele tem uma relação de boa vizinhança com Santini e deixa um cargo no governo Tarcísio de Freitas para integrar o alto escalão campineiro.

Vale lembrar que recentemente o prefeito nomeou o vereador Professor Alberto como secretário de gestão e controle, trazendo o PL para o Palácio dos Jequitibás.

Atualmente, Dário conta com uma estrutura de aliados de centro-direita, como ele mesmo afirmou ser em uma entrevista a este colunista. Em 2020, o prefeito do Republicanos foi eleito com o apoio do DEM, MDB, PSB e PSL.

O DEM e o PSL se uniram e formaram o União Brasil, que tem uma orientação nacional de centro-direita. O MDB segue para onde a maré levar. Já o PSB é um partido mais alinhado à esquerda, e o vice de Dário, Wandão, é um exemplo disso, mas os vereadores possuem uma diversidade ideológica ou uma falta de posicionamento claro.

Agora, Dário recebe o apoio do PL e do PP, além de já contar desde o início do governo com o PSD e o PV. Exceto pelo Partido Verde, os outros partidos fazem parte do centrão, mas possuem políticos no legislativo campineiro que defendem ideais de direita ou até mesmo do bolsonarismo.

E o Cidadania?
Nesse emaranhado de siglas partidárias, o Quarto Andar, em referência ao governo de Dário Saadi, conta com o apoio de diversos partidos na Câmara de vereadores. No entanto, chama a atenção a situação de um partido específico: o Cidadania.

Atualmente, essa legenda abriga o principal adversário de Dário, o deputado estadual Rafa Zimbaldi, que ficou em segundo lugar nas eleições de 2020 e faz oposição ao governo.

Diante desse contexto, é importante destacar para o leitor que, como em qualquer governo, Dário possui um líder no legislativo responsável por defender os interesses do executivo e responder aos questionamentos dos colegas e opositores.

Essa função importante, sem nenhum tom irônico, é desempenhada por uma pessoa de confiança, e quem atualmente fala em nome do governo na Casa de Leis é o vereador Paulo Haddad, filiado ao Cidadania.

Essa situação evidencia a fragilidade política atual de Zimbaldi em ter pelo menos uma voz que represente seus interesses no legislativo campineiro e, ainda pior, é o vereador do mesmo partido que faz a defesa de Dário na Câmara.

Reforma Tributária
O Prefeito de Campinas, Dario Saadi, esteve em Brasília nesta terça-feira, juntando-se à mobilização da Frente Nacional dos Prefeitos contra a possível retirada do Imposto sobre Serviços (ISS) dos municípios. Em Campinas, a previsão de arrecadação com o ISS para 2023 é de R$ 1,7 bilhão, representando a maior fonte de receita da Administração Municipal, correspondendo a 20% do orçamento.

A proposta da reforma tributária, em discussão, visa unificar cinco tributos: IPI, PIS e Cofins - de natureza federal - juntamente com o ICMS, de competência estadual, e o ISS, imposto municipal. Caso seja aprovada, essas cinco taxas seriam extintas, abrindo caminho para a criação de dois Impostos sobre Valor Agregado (IVAs). O primeiro IVA seria gerenciado pela União, enquanto o segundo contaria com uma gestão compartilhada entre estados e municípios.

Essa proposta tem gerado preocupações e debates, já que implicaria na perda de poder dos prefeitos sobre o imposto municipal. Dario Saadi expressou sua inquietação com essa possível perda de autonomia em relação ao ISS. Embora seja apenas uma figura de linguagem, é evidente que a situação tem deixado o prefeito "de cabelo em pé".

Projeto contra recesso naufragou
Na minha última coluna, destaquei o paradoxo do recesso parlamentar em tempos de questões urgentes a serem discutidas. O vereador Paulo Gaspar (Novo) enviou seu posicionamento sobre o assunto, lembrando que em 2021 ele propôs o fim do recesso de 75 dias na Câmara de Campinas. No entanto, devido à dificuldade em obter as 11 assinaturas necessárias para encaminhar o projeto, ele acabou desistindo.

Ex-presidente crítica benefícios 362654
A ex-presidente da Câmara de Campinas, vereadora Débora Palermo (PODE), manifestou seu posicionamento à coluna, afirmando ter sido contrária ao aumento de salário, bem como à implementação do 13º salário e férias para os vereadores. Sua oposição se justifica pelo fato de os vereadores já desfrutarem destes dois recessos e o cargo não exigir dedicação exclusiva, permitindo que a maioria dos parlamentares exerça outras funções remuneradas.

É importante ressaltar que Débora Palermo foi uma de apenas três parlamentares que votaram contra o reajuste de 76%. Além dela, os vereadores Mariana Conti (PSOL), Paulo Bufalo (PSOL) também se posicionaram contrariamente.

Delegada diz Não ao Rodeio
A ex-candidata a prefeitura de Campinas, Delegada Teresinha, expressou sua oposição à revisão da lei que proíbe rodeios na cidade. Ela argumenta que o assunto está sendo usado por motivos eleitorais e ressalta a falta de fiscalização eficaz no tratamento dos animais. Embora aprecie os shows dos artistas, a Delegada Teresinha se posiciona contra qualquer retrocesso nessa questão “Nem a título de vencer eleições. O vale tudo não molda o caráter de ninguém!”, finalizou.

Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Superedição Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br