DESAFIO

Febre Maculosa em Campinas: desafios e medidas

A conscientização e a cooperação de todos são fundamentais para enfrentar esse desafio e garantir a saúde e segurança, sem criar pânico e interferir nas atividades econômicas.

Por Flávio Paradella | 15/06/2023 | Tempo de leitura: 6 min
Especial para a Sampi Campinas

Divulgação/PMC

A Febre Maculosa tem se mostrado um desafio preocupante para a vigilância em saúde em Campinas. O recente surto ocorrido após uma festa na Fazenda Santa Margarida, no distrito de Joaquim Egídio, resultou na morte de quatro pessoas, incluindo uma adolescente de 16 anos. Três casos estão confirmados e um aguarda análise, mas a probabilidade de infecção é alta. A Vigilância ainda investiga outros dois casos suspeitos de pessoas que estão internadas e que estiveram em Joaquim Egídio.

Diante dessas ocorrências, o prefeito Dário Saadi convocou uma reunião de emergência e anunciou duas medidas essenciais: aprimorar a capacitação dos profissionais de saúde, devido aos sintomas iniciais da doença serem semelhantes a outras enfermidades, e intensificar a informação para a população.

A Febre Maculosa é transmitida pelo carrapato-estrela, que está infectado com a bactéria Rickettsia rickettsii. Esse carrapato pode ser encontrado em animais de grande porte, cães, aves domésticas, roedores e, principalmente, na capivara, o maior reservatório natural conhecido.

A presença do carrapato-estrela é comum em áreas de mata próximas a lagoas e rios em Campinas. A Fazenda Santa Margarida, em meio a uma área de proteção ambiental que cruza o Rio Atibaia, é um exemplo. No entanto, o problema se estende aos parques da cidade, onde as capivaras, também vítimas desse carrapato, habitam. A Lagoa do Taquaral, Parque Ecológico e o recém-reaberto Parque das Águas são alguns dos locais afetados.

O crescimento da população de capivaras leva ao aumento do número de carrapatos-estrela, criando uma situação alarmante para uma doença fatal como a Febre Maculosa.

É importante lembrar, como fez muito bem o portal Sampi Campinas esta semana, que em 2011 a cidade enfrentou outro surto da doença, com foco no Lago do Café. Três funcionários do parque perderam a vida, levando a prefeitura a adotar medidas extremas na época, como o abate de todas as capivaras confinadas na área.

Dessa vez, o sacrifício dos animais não está sendo considerado, assim como o fechamento de parques e áreas de risco. A prefeitura aposta na informação, tanto para os profissionais de saúde quanto para os frequentadores de áreas de lazer.

Campinas é uma área endêmica para a Febre Maculosa, e as condições propícias para o desenvolvimento da doença estão presentes na região. Por esse motivo, a informação desempenha um papel fundamental na tentativa de prevenção e, caso os primeiros sintomas apareçam, é essencial informar ao médico os locais por onde se esteve.

É urgente que a população esteja ciente dos riscos e saiba como agir para evitar a propagação da doença. A conscientização e a cooperação de todos são fundamentais para enfrentar esse desafio e garantir a saúde e segurança, sem criar pânico e interferir nas inúmeras atividades econômicas das áreas mais afetadas.

Crise Maculosa
Para se ter uma ideia do tamanho da crise gerada pelo surto, nesta quarta-feira o encontro dos vereadores na Câmara de Campinas começou mais cedo para a chamada “1ª Parte", que ocorre antes de uma Reunião Ordinária, sempre que um vereador ou vereadora solicita, para debater um tema solicitado. O tema? Febre Maculosa.

Comandada pelo vereador Luiz Rossini (PV), presidente da casa e parlamentar solicitante, a 1ª Parte contou com a presença de autoridades sanitárias do Departamento de Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde de Campinas.

 
Tarda, mas não falha

Divulgaçãp/CMC

Estranhamente, na sessão de segunda-feira, a bancada petista na Câmara não fez menção aos ataques do prefeito Dário Saadi ao partido devido à polêmica das casas de 15m² na Ocupação Mandela.

Para aqueles que não acompanharam, Dario postou um vídeo defendendo o projeto e criticando o PT, mas na primeira sessão da semana os vereadores do partido optaram pelo silêncio.

Porém, nesta quarta-feira, a reação foi inevitável. Cecílio Santos subiu à tribuna e ressaltou que esperou para primeiro ouvir a comunidade do Mandela, mas lamentou as declarações do prefeito, classificando-as como inaceitáveis. 

Em seguida, a vereadora Paolla Miguel, que despertou a ira de Dário ao compartilhar uma reportagem exclusiva da Sampi Campinas, foi ainda mais incisiva. ""Não adianta vir atacar o PT quando a sua gestão é cobrada. Essa é a minha função como vereadora: fiscalizar a cidade. 15m², provavelmente, era o tamanho da tua sala, prefeito", rebateu a petista.

 

Ficou na dele

Divulgação/CMC

Foi tudo muito rápido. A Comissão de Política Urbana da Câmara de Campinas não ficou com o vereador Zé Carlos (PSB). Nos bastidores, a presidência da comissão era tida como um desejo do ex-presidente do legislativo, mas as denúncias contra ele pesavam e ainda pesam entre os pares para que o nome dele fosse escolhido. 

A votação ocorreu em exatos 50 segundos, nesta quarta-feira, entre os parlamentares membros da comissão e Zé Carlos sequer colocou o nome. "Não vou colocar meu nome, como disseram que ia colocar, porque estou muita à vontade como presidente da comissão de Meio-Ambiente", disse Zé Carlos.

O ex-comandante do legislativo campineiro, então, segue a presidir a de meio-ambiente, posição que conquistou antes da denúncia contra ele ser apresentada à Justiça, com acusação de supostas irregularidades em contratos terceirizados da câmara.

Porém, a Política Urbana não ficou com o vereador Paulo Gaspar (Novo) e, sim, com o governista Arnaldo Salvetti (MDB). Os ventos não deram uma guinada, mas houve uma alteração de curso para mostrar força do núcleo duro da situação.

 

Rodeando o rodeio
Por falar em Arnaldo Salvetti, o vereador do MDB não desistiu de seu objetivo de liberar a realização de rodeios em Campinas, mesmo que a legislação municipal proíba o evento desde 2003, com o intuito de evitar maus-tratos aos animais.

Nesta quarta-feira, Salvetti participou de uma audiência da Comissão de Assuntos da Região Metropolitana de Campinas, presidida por Luiz Cirilo (PSDB), e anunciou a criação de uma Comissão Especial de Estudos para debater a realização de rodeios na cidade. Além disso, uma audiência pública sobre o tema será marcada para o dia 24 de junho.

O vereador enfatizou que um rodeio possui maior apelo que um Festival de Música Country e destacou a importância de identificar se os animais realmente sofrem maus-tratos, o que justificaria a proibição do evento.

Servidores aceitam reajuste
A quarta-feira reservou um momento crucial para as negociações da campanha salarial dos servidores de Campinas. Em uma nova reunião, a prefeitura anunciou um aumento no índice de reajuste dos vencimentos para 4,52%, superando o valor anterior de 4,18%. Além disso, foi estabelecido um 13º para os benefícios de auxílio-alimentação e vale nutricional. O benefício destinado à alimentação também passou por um reajuste de 16,30%, totalizando um valor de R$ 1.570. Após a reunião, a proposta foi referendada pelo sindicato em assembleia.


Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Superedição Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br

 

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