POLÍTICA

Centro-direita

O prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), surpreendeu ao dizer em entrevista a este colunista que não simpatiza com os ideais do PT e que, na verdade, os confronta.

Por Flávio Paradella | 06/06/2023 | Tempo de leitura: 5 min
Especial para a Sampi Campinas

Divulgação/FPX Comunica

Ainda repercute a entrevista do prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), ao colunista na estreia do podcast FPX Cast. A veemência do chefe do executivo em afirmar que não simpatiza com os ideais do PT (Partido dos Trabalhadores) e que, na verdade, os confronta, causou surpresa. Não pelo posicionamento em si, mas por reforçá-lo em público.

Vale destacar que, na mesma entrevista, Dario se classificou como de centro-direita. No entanto, a aliança que o elegeu e garante a governabilidade tem o PSB (Partido Socialista Brasileiro) como principal partido de apoio, incluindo o vice-prefeito Wandão, um dos principais membros do PSB no estado. Wandão, que já foi filiado ao PT, atuou na campanha que garantiu um terceiro mandato ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, demonstrando sua força de articulação política.

Fechado
A situação do Bosque dos Jequitibás tem sido uma preocupação no Quarto Andar, onde se encontra o gabinete do prefeito Dário, na Prefeitura de Campinas. O parque está fechado desde janeiro devido a uma série de tempestades e tragédias, incluindo a queda de uma árvore do bosque que resultou na morte de uma pessoa, e o incidente no Taquaral, onde uma menina foi atingida por um eucalipto e faleceu. Agora, o parque precisa passar por um processo de extração de árvores consideradas doentes ou impróprias.

No entanto, a área de lazer é tombada e qualquer intervenção mais drástica requer a aprovação de órgãos reguladores, como o Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas) e o Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico).

A prefeitura já obteve autorização do primeiro órgão, que é municipal, mas diz que ainda aguarda a avaliação do órgão estadual. Enquanto isso, uma das principais áreas de lazer de Campinas permanece fechada, com os custos de manutenção em vigor e os prestadores de serviços enfrentando dificuldades.

Um porém

Foto: Reprodução/Instagram

A situação também é motivo de preocupação para o principal adversário político de Dário, o deputado estadual Rafa Zimbaldi (Cidadania). Em um vídeo gravado em frente ao portão fechado do bosque, Zimbaldi, que ficou em segundo lugar nas eleições de 2020, afirmou que o problema não está no Condephaat.

Zimbaldi mostrou ter recebido um ofício do conselho estadual, datado de 2 de junho, no qual o órgão informa ter tratado do assunto com representantes da prefeitura, mas que até o momento eles não apresentaram o relatório necessário. Ou seja, o Condephaat não tem nada para avaliar.

Foto: Reprodução/Instagram

A situação já está beirando o ridículo, com um dos principais espaços de lazer trancado desde janeiro e sem solução à vista. A burocracia e/ou incompetência estão afetando os usuários e prejudicando os comerciantes, que aguardam - ou até mesmo desistiram - dessa história interminável.

Foi e voltou?
O novo secretário de Gestão e Controle de Campinas, Professor Alberto (PL), assumiu o cargo e já retornou à Câmara. Seu primeiro compromisso foi participar do 27º Ciclo de Debates com Agentes Públicos e Dirigentes Municipais, promovido pelo Tribunal de Contas do Estado. O evento ocorreu na Câmara Municipal, um ambiente bastante familiar para o Prof. Alberto, que até sexta-feira era vereador na casa.

O debate reuniu prefeitos, vereadores e técnicos de diversas cidades da região, abordando temas como o IEG-M (Índice de Efetividade da Gestão Municipal), o Terceiro Setor, as funcionalidades da tecnologia e a nova Lei de Licitações (Lei Federal 14.133).

Rodeio

Foto: Divulgação/Câmara de Campinas

A ideia do vereador Arnaldo Salvetti (MDB) sobre a possibilidade de Campinas liberar rodeios uniu, pelo menos no discurso, políticos de esquerda e direita. Paulo Bufalo (PSOL) e Marcelo Silva (PSD) já se posicionaram contrários à proposta. Vale ressaltar que a lei de 2003 que proíbe a utilização de animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou não, adestrados ou não, em espetáculos circenses ou similares - nesse caso, rodeios - foi proposta por Bufalo.

Paulo Bufalo defendeu a legislação promulgada há 20 anos. "Rodeio não é esporte, é tortura! Repudiamos qualquer iniciativa que vise retroceder nessa conquista", enfatizou o vereador do PSOL.

O vereador Marcelo Silva também considera a possível mudança um retrocesso e, apesar de apoiar o setor de eventos, não concorda com essa atividade específica. "Não tenho nada contra o setor de entretenimento e eventos, que sempre incentivei, mas nossa cidade nunca foi e nunca será palco de maus-tratos a animais", afirmou Silva.

Arnaldo Salvetti, que levantou a possibilidade, utiliza o argumento de geração de renda e emprego para defender a liberação de rodeios em Campinas. Durante a sessão ordinária na noite desta segunda-feira, Salvetti subiu à tribuna e criticou os colegas que se opuseram à proposta. Ao que tudo indica, o vereador já caiu do cavalo sem mesmo entrar na arena.

Seguuuuura, Peão!
O vereador Edison Ribeiro (União) tomou o posto de narrador de rodeio. Entusiasta da proposta, incorporou o Zé do Prato e cuidou da “animação” da reunião e ditou os momentos de tensão com cutucadas em parlamentares que discordam da ideia e, inclusive, provocando ativistas da causa animal na plateia.

Bom senso
Sem rodeios, o presidente da Câmara de Campinas, Luiz Carlos Rossini (PV), foi certeiro em seu discurso na noite desta segunda-feira, na sessão ordinária do Legislativo. Oras, se o argumento pró-rodeio é a geração de postos de trabalho e fomentar a cultura sertaneja, o mais simples é incentivar um Festival de Música Country na cidade, sem a necessidade de provas de montaria. Por fim, um grande detalhe: nem projeto de lei sobre o tema foi apresentado.

Protesto esvaziado
Assim como em outras grandes cidades, o protesto marcado para 4 de junho teve pouca adesão em Campinas, um reflexo de uma direita ainda em busca de um rumo, após 4 anos de protagonismo do Bolsonarismo. O movimento não teve apoio do MBL e não conquistou os apoiadores de Jair Bolsonaro.

O movimento deste último domingo era um ato em defesa do do ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol, deputado federal cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Em Campinas, o protesto ocorreu, como de costume, no Largo do Rosário, na região central, e teve uma participação tímida. A situação serviu para evidenciar, de fato, a fragmentação dos movimentos de Direita no Brasil que procuram um novo norte, dizem que sem personalismo, mas na política brasileira isso é quase impossível.

1 COMENTÁRIOS

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  • Rafael
    11/06/2023
    Flávio, o Wandão nunca foi filiado ao PT. A primeira filiação dele é de 1994 no PSB já com Jaco Bittar no partido.