
Mesmo que não seja católico, você já deve ter dado aquela "passadinha"’ na Catedral de Campinas para admirar a sua arquitetura. Além de toda a beleza, a igreja também acumula em cada um de seus detalhes grande parte da história da cidade e até do mundo.
Para que a sua próxima visita seja ainda mais rica, separamos algumas curiosidades da Catedral Metropolitana, que é aberta todos os dias à população, a partir das 7 horas.
Quando foi inaugurada
A Catedral começou a ser construída em outubro de 1807, mas as obras foram concluídas somente 76 anos depois, em 1883. Tombada em 1988, a igreja é dedicada a Nossa Senhora da Conceição e é o maior edifício do mundo construído em taipa de pilão, com 4 mil metros quadrados – as paredes foram piladas por mão-de-obra escrava.
As madeiras símbolo da igreja
O que mais chama a atenção no interior da igreja são os detalhes em madeira. O tipo usado é chamado de madeira cedro rosa, ou conhecida também como madeira de navio. Todo o material veio da Bahia, cidades próximas de Campinas ou importadas da Europa.
Imagem da Padroeira
A imagem central no altar da Catedral é a de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Campinas. Apesar de ser o símbolo principal da igreja, esta não é a imagem original. O primeiro bispo de Campinas, Dom João Batista Nery, acreditava que a imagem original era muito pequena perante a grandeza da Catedral e decidiu substituí-la por uma maior. Hoje, a original se encontra no museu da Arquidiocese.
A cripta
No dia 1º de fevereiro de 1923 a cripta da igreja foi inaugurada. Desde então, sete bispos de Campinas foram sepultados ali: Dom João Batista Correa Nery (1863-1920), Dom Francisco de Campos Barreto (1877-1941), Dom Joaquim Mamede da Silva Leite (1876-1947), Dom Joaquim José Vieira (1836-1917), Dom Paulo de Tarso Campos (1895-1958), Dom Antônio Maria Alves de Siqueira (1906-1993) e Dom Bruno Gamberini (1950-2011).
Dom Joaquim, o bispo que excomungou o padre Cícero
Dom Joaquim José Vieira assumiu a Arquidiocese de Campinas em 1883 e hoje está sepultado na cripta da Catedral. Além das atividades religiosas, Dom Joaquim é conhecido como o bispo que excomungou o padre Cícero, no Ceará.
Durante uma missa em 1889, um suposto milagre aconteceu na cidade de Juazeiro quando uma fiel viu sua hóstia tornar-se vermelha como o sangue. Na sequência, o mesmo mistério ocorreu em outras missas.
Dom Joaquim José Vieira, que naquela época era bispo do Ceará, recusava-se a aceitar os acontecidos em Juazeiro e anunciou que a transformação da hóstia pelo sangue de Jesus Cristo era falsa.
Padre Cícero insistiu para que a diocese de Fortaleza enviasse uma comissão, a fim de investigar os supostos milagres que aconteciam no Cariri: duas comissões foram enviadas, uma concluiu que não havia explicação natural para a transformação da hóstia em sangue, e outra concluiu que o evento era uma farsa. O bispo Dom Joaquim optou por favorecer a segunda comissão e a situação deixou padre Cícero sem apoio da Igreja Católica.
Dom Antônio, autor de “Consagração a Nossa Senhora”
O autor do livro “Consagração a Nossa Senhora” é Dom Antônio Maria Alves, 4º bispo de Campinas, que também está sepultado na Catedral Metropolitana. A obra é nacionalmente conhecida pelo roteiro preparatório aos que se interessam em consagrar-se a Nossa Senhora, segundo o método do livro “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, de São Luís Maria Grignion de Montfort.
Os sinos da Catedral
Badalam de segunda a segunda, desde 1883, mas apenas durante o dia – os moradores da região central da cidade pediram silêncio à noite. A partir das 6 horas já é possível ouvi-los em intervalos 15 minutos.
A cadeira que dá o nome de Catedral
A cátedra é a cadeira onde se sentam os bispos. Na Catedral de Campinas, a luz da cadeira fica apagada e só se acende quando um bispo morre ou é transferido de diocese. Nestes casos, a luz fica acesa até que outro nome seja escolhido para ocupar a cadeira.
Capela do Santíssimo
As quatro pinturas da Capela do Santíssimo, onde fica localizado o sacrário, são originais. No mesmo local, em alguns pontos da capela, também é possível observar a pintura original da parede, já corroída pelo tempo.
Os lustres do ambiente têm uma particularidade que merece ser contada: rostos de crianças da época estão estampados em uma mistura de desenhos coloridos.
O órgão de Notre Dame
A igreja possui um item quase que histórico: um órgão (instrumento de teclas mais antigo) Cavaillé Coll, feito de madeira e tubos. O fabricante era um dos mais famosos do século XVIII, e é o mesmo fabricante dos órgãos que estão na Notre Dame de Paris, Rouen e na Catedral de Rennes. Em Campinas, ele ainda é tocado em missas solenes.
Espaço para os ricos
O espaço sobre a Capela do Santíssimo Sacramento, que tem acesso através de uma escada espiral, era reservado aos barões de Campinas. Com o ditado “quanto mais próximo do altar, mais próximo de Deus”, a alta sociedade da cidade assistia às missas dos lugares mais “privilegiados” da igreja.