RECEITAS DA SONIA

Coração de abóbora

E não é que o Halloween, a festa que as escolas de inglês introduziram no Brasil, pegou pra valer? Se antes era tímida, agora tilinta nas escolas e condomínios onde brotam abóboras esculpidas e se movimentam lençóis branquinhos nas árvores, sugerindo fantasmas.

Por Sonia Machiavelli | 29/10/2021 | Tempo de leitura: 3 min
especial para o GCN

Ingredientes

1,5 kg de abóbora madura ( a melhor é a tipo “pescoço”)
1 kg de açúcar cristal
1 pau de canela
6 cravos-da-Índia
1 xícara (café) de água
1 colher (sobremesa) de vinagre de álcool


E não é que o Halloween, a festa que as escolas de inglês introduziram no Brasil, pegou pra valer? Se antes era tímida, agora tilinta nas escolas e condomínios onde brotam abóboras esculpidas e se movimentam lençóis branquinhos nas árvores, sugerindo fantasmas. Aparecem lanternas pretas, balões roxos, caveiras de plástico. Motivos de monstros, esqueletos, morcegos. É a Morte, celebrada pelos irlandeses que a levaram para culturas diferentes quando precisaram migrar para a América no século XIX.

Diversos países do mundo celebram a data. Nos Estados Unidos a festa é muito mais expressiva para a população. O dia é considerado feriado nacional e a maioria das pessoas entra totalmente no clima. Crianças percorrem as casas da vizinhança, batendo à porta e perguntando a quem atende: “Doces ou travessuras?” Todos tem um docinho guardado para os pequenos.

O Halloween se origina em antigos cultos da Irlanda do século V a.C. Acontecia anualmente, durava três dias e era chamado Samhaim. Para os celtas, a época significava a aproximação do mundo real com o “outro mundo”, onde viveriam os mortos. Eles acreditavam que estes retornavam para visitar suas casas, amaldiçoar seus animais e colheitas. Os símbolos utilizados para afastar os maus espíritos duram até hoje, assim como as cores icônicas- o laranja e o preto. Isso se deve ao fato de o festival acontecer no hemisfério norte no início do outono, quando as folhas se tornam alaranjadas e os dias mais escuros.

Nessa época a festa já era conhecida como “Dia das Bruxas” pela Igreja Católica, que considerava a comemoração herege. As pessoas que festejavam eram perseguidas e condenadas às fogueiras da Inquisição. Para diminuir as influências tidas por pagãs, a Igreja instituiu o “Dia de Finados” no 2 de novembro. E o “Dia de Todos os Santos” pulou de 13 de maio para 1º de novembro, com o objetivo de cristianizar a celebração dos irlandeses. Como a data antecedia o Samhaim, a mesma passou a se chamar “All Hallow’s Eve”, que significa “Véspera de Todos os Santos.” Com o passar dos anos, a frase “All Hallow’s Eve” virou Halloween.

Como devem sobrar muitas abóboras maduras por aí, sugiro que se faça um doce brasileiro que tem legítimo sabor de infância, pelo menos para os de minha geração. Eram vendidos em pequenas mercearias, e a graça estava no seu formato de coração. Fazer em casa é fácil, só pede paciência para esperar secar. Basta descascar a abóbora e cortar em cubinhos. Colocar em panela grande(porque espirra), juntar cravo, canela e água. Assim que cozinhar, escorrer o líquido que houver, e esmagar com garfo ou espremedor de batatas ( não vale bater em liquidificador). Volte o purê à panela, junte o açúcar e o vinagre, mexa e mantenha no fogo baixo, mexendo sempre com colher de pau. Quando estiver secando, ou seja, quando descolar da panela, desligue e espalhe numa assadeira untada finamente com manteiga. Para que o doce fique numa altura de dois centímetros, use forma pequena. Deixe secar de um dia para outro em lugar ventilado. Quando formar casquinha por cima, marque os corações com forminha própria ou corte em retângulos (mas o charme reside no desenho). Vire a forma desencaixando os corações e deixe secar a parte de baixo por mais um dia. Se você mantiver as quantidades e o tempo, este doce ficará bem crocante por fora e cremoso por dentro. Uma delícia que a memória sensorial não esquece. Esta receita rende vinte corações.

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