Receita básica de fubá

Que tal um bolo de fubá para consumir a qualquer hora do dia e pensar que ano que vem teremos saído dessa situação de restrição e então poderemos organizar com prazer renovado os nossos arraiais?

Por Sonia Machiavelli | 20/06/2021 | Tempo de leitura: 3 min
especial para o GCN

Antes do fubá, que os portugueses ensinaram os índios a obter socando primeiro os grãos no pilão e depois nos primitivos engenhos de água, os europeus conheceram em nossa terra outro subproduto do milho, a farinha que acompanhava a carne de caça assada e os peixes, em geral defumados. Foi bem depois que as portuguesas, atravessando o mar com suas famílias, descobriram para o ingrediente muitas utilidades. Podia ser misturado ao leite que vinha direto do curral, à manteiga artesanal, aos ovos das primeiras galinhas para cá trazidas e virar bolos, broas, biscoitos e também sopas, caldos, escaldados. A cultura lusitana abrigava dezenas de receitas seculares feitas com trigo e elas foram adaptadas ao milho aqui nos trópicos. Também africanos escravizados deram sua contribuição, tanto criando receitas como inserindo no nosso léxico o vocábulo “fubá”.

Existe pois uma razão arraigada culturalmente para que o milho seja o rei das festas juninas, estas que por causa da pandemia deixam, mais uma vez, de acontecer neste ano, com grande desgosto dos nordestinos que têm nelas uma profunda motivação para levar com fé a dura vida do restante do ano; e também com decepção das crianças brasileiras de todas as regiões, que acolhem as festas com alegria todos os anos, lembrando através de canções, roupas e comidas típicas as origens do país.

As escolas permanecem fechadas; reunião com amigos, nem pensar; mas isso não significa banir da mesa as delícias de junho, mês em que celebramos os santos Antônio, João e Pedro. Que tal um bolo de fubá para consumir a qualquer hora do dia e pensar que ano que vem teremos saído dessa situação de restrição e então poderemos organizar com prazer renovado os nossos arraiais?

Este bolo típico tem receita antiga, daquelas que eram escritas em cadernos. Nele normalmente se inclui a erva-doce, mas quem não gosta risca da lista, sem drama. Como versão básica, aceita pedacinhos de goiabada ou queijo meia cura ralado, tipo um pires bem cheio. Cozida antes de ir ao forno, a massa fica bem fofa, perfumada, com o genuíno sabor das coisas da roça. Não é difícil de fazer; em uma hora você prepara e assa. Depois, é celebrar a vida e o fato de estar com as papilas gustativas e as olfativas em ordem para degustar a delícia- com café passado na hora, por exemplo.

Numa panela média coloque fubá, açúcar, sal, manteiga, óleo, leite, erva-doce e mexa. Leve ao fogo médio, continuando a mexer sem parar até engrossar e o fundo da panela aparecer. Quando isso acontecer, desligue a chama, deixe amornar e leve o angu à tigela da batedeira. Uma a uma vá juntando as gemas, batendo até tudo ficar homogêneo. Acrescente o fermento e volte a mexer para que ele se faça presente em toda a massa. Bata as claras reservadas até o ponto de neve e junte à massa com delicadeza, usando uma espátula. Faça isso em movimentos leves , de baixo para cima, para que o ar das claras seja incorporado, permitindo que o bolo fique fofo.

Coloque em forma de buraco, untada com manteiga e polvilhada com fubá. Leve ao forno preaquecido a 180 graus e deixe assar por 40 minutos. Faça o teste do palito e se ele sair seco está pronto o seu bolo. Deixe amornar, desenforme num prato de servir e cubra com camadinha de açúcar refinado.

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