RECEITA

Mangada

Uma amiga de minha mãe morava em casa vizinha onde mangueira frondosa se carregava de frutos no verão. Quando caía alguma tempestade e derrubava aquelas mangas carnudas, mas ainda verdes, as crianças da rua já sabiam o que iria acontecer. Seriam chamadas para ajudar a fazer doce de manga.

Por Sonia Machiavelli | 12/12/2020 | Tempo de leitura: 3 min
da Redação

Dirceu Garcia/GCN

Quer experimentar? Vale a pena. Veja na foto como fica bonito!
Quer experimentar? Vale a pena. Veja na foto como fica bonito!

Ingredientes

  • 8 mangas grandes ( a Tommy é a melhor)
  • 4 xícaras de açúcar (aproximadamente)
  • 2 limões.

Algumas de nossas frutas tropicais se prestam a doces de ótima qualidade, cujas receitas vêm de longe, do tempo do Brasil colonial. A goiabada é o mais conhecido deles, criada a partir das marmeladas importadas do reino. Foi observando as trazidas de Portugal que alguma mulher curiosa teve a ideia de criar a goiabada. Inicialmente embalada em palha seca de milho, numa tradição presente ainda no interiorzão de Minas, o doce inspirou Guimarães Rosa no conto “A menina de lá”.

A goiabada reinou, e ainda reina, soberana nas mesas do interior, muito associada ao queijo meia-cura. Depois, quando os pessegueiros vingaram no sul e suas safras encheram os olhos, ousou-se fazer pessegada e deu certo. O mesmo aconteceu aos figos. E às bananas. Mas da fruta mais comum, abundante e cheirosa, a manga, fez-se bem pouca mangada, a ponto de muita gente nunca ter experimentado doce tão saboroso.

Na minha memória afetiva o doce de manga de corte ocupa lugar espaçoso. Uma amiga de minha mãe morava em casa vizinha onde mangueira frondosa se carregava de frutos no verão. Quando caía alguma tempestade e derrubava aquelas mangas carnudas, mas ainda verdes, as crianças da rua já sabiam o que iria acontecer. Seriam chamadas para ajudar a fazer doce de manga. Dona Cândida, este o nome da nossa amiga, armava um fogão no quintal com tijolos velhos e trempe de ferro antiga, arranjava em cima um tacho de cobre enorme, colocava dentro aquele tantão de manga, cobria com água e esperava ferver algum tempo, até que elas estivessem cozidas. Então era esperar esfriar e depois cada um de nós fazia roda à peneira passando as frutas cozidas. Formava-se um purê que seria verde ou amarelado, a depender do tempo de maturação das mangas. Estando a primeira etapa concluída, a “chef” media os dois ingredientes, a polpa e o açúcar, e assumia o controle da colher de pau, mexendo até que o fundo da panela começasse a aparecer. Demorava horas. Por fim, nos afastávamos para longe, porque era chegada a hora de colocar o doce quente numas caixinhas de madeira forradas com papel celofane. Era doce para o Natal e para presentear os amigos.

Quer experimentar? Vale a pena. Veja na foto como fica bonito! Para um quilo de doce você vai precisar de oito mangas grandes. Devem estar mais verdes que maduras, disso depende o ponto de cortar. Se estiverem maduras, o doce fica gostoso também, mas aí será de comer com colher.

Lave bem as mangas. Descasque-as. Coloque numa panela grande e cubra com água. Leve ao fogo para cozinhar. Quando estiverem bem macias, desligue o fogo e espere esfriar. Escorra a água. Passe as mangas, uma a uma, por peneira, a fim de obter o purê que deve ser medido. Se você obteve oito xícaras (chá) de purê, coloque quatro xícaras(chá) de açúcar. Volte ao fogo, mexa bem, deixe levantar fervura. Baixe o fogo e de vez em quando mexa com a colher de pau. Ele estará quase no ponto quando começar a desgrudar dos lados. Junte o suco de dois limões Taiti e mexa até que o fundo da panela apareça. Desligue o fogo e coloque o doce ainda quente numa vasilha de louça ou vidro. Mantenha na geladeira, onde ele pode durar até dois meses.

 

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