Arepas y guacamole

A dupla da ilustração representa bem nossa latinidade: as arepas, originárias da Colômbia, e o guacomole, do México, formam um par refrescante para noites de muito calor.

Por Sonia Machiavelli | 25/10/2020 | Tempo de leitura: 3 min
da Redação

Dirceu Garcia/GCN

Ingredientes

(Para doze arepas de 6 cm de diâmetro)

  • 1 xícara (chá) de farinha de milho cozida (polentina)
  • 1 xícara (chá)  de muçarela ralada
  • 1 ½ xícara de leite integral
  • 2 colheres (sopa) de manteiga
  • Guacamole
  • 2 abacates médios maduros e firmes
  • 2 tomates médios sem sementes
  • Caldo de 1 limão grande
  • 1 pimenta dedo-de-moça sem sementes e picadinha
  • Sal
  • Um fio de azeite

 

 

Toda vez que um migrante deixa seu país, leva as tradições culinárias como um tipo de antídoto para a saudade. Refugiados libaneses nos ensinaram a comer quibe;  italianos a fazer macarrão;  portugueses a preparar bacalhau;  japoneses a apreciar sashimis;  mexicanos a  consumir  abacate com sal, limão e coentro (e não com açúcar, tradição brasileira que ninguém sabe de onde veio.) Colombianos, como  venezuelanos,  reproduziram  suas  arepas,  pequenos discos de  farinha de milho fritos ou assados,cuja origem remonta aos incas. Elas em geral se fazem acompanhar de queijo, já uma herança europeia. São  consumidas  no café da manhã, no almoço, no meio da tarde, no jantar. É o pão daquela  cultura. 

Diante das dificuldades que enfrentam, venezuelanos têm saído em massa do país. E para ganhar a vida, os de  situação  mais precária vendem nas ruas a iguaria que agrada  aos compatriotas expatriados e conquistam  os povos que os acolhem.  Mas muitas vezes o comerciante de arepas é obrigado a fazer concessões entre a receita original e a necessidade de oferecer mais sabores locais. 

No Peru,  redefiniram  a  arepa  com o emprego de alguns ingredientes  orientais, para atender à comunidade japonesa.  Em Bogotá a servem  com feijão vermelho. Na Argentina, adicionam o molho chimichurri. Por toda a América espanhola  as arepas são conhecidas. No Brasil colonizado por  portugueses, menos. 

O auge das arepas em nível  internacional coincide com uma queda do consumo do produto na Venezuela, afetada  por  grave crise financeira que já resultou em um êxodo de mais de 4 milhões de pessoas. O governo ainda fornece caixas de comida subsidiada, as chamadas CLAP. Mas desde o ano passado substituiu  a farinha de milho local pela mexicana usada para tortilhas, o que causou alvoroço na população. O ingrediente  tende  a produzir arepas que nada têm a ver com as legítimas, o que levou chargistas que ainda conseguem desenhar a  publicá-las como objetos não identificáveis.  

Nunca estive na Venezuela, mas há muitos anos tive o privilégio de ir a Cartagena de Índias, a cidade onde nasceu Garcia- Márquez. Ali  comi arepas com guacamole que deixaram saudade. Por conta disso, ao ver a Rita Lobo falar de experiência  semelhante, me senti tentada a reproduzir a entrada que ela preparou dia desses.  Eu gostei, achei  ótimo  para  substituir  o jantar numa noite de muito calor.

Não tendo a tal farinha de milho branco, usei polentina, farinha de milho pré-cozido e encontrada facilmente em nossos supermercados.  Misturei-a com o queijo ralado e não acrescentei sal, porque  a polentina já é salgada.  Depois  juntei  o leite morno e a manteiga. Misturei bem e levei ao microondas por três minutos, mexendo por três vezes. Formou-se um angu. Deixei amornar, fiz as bolinhas e as achatei. Untei uma frigideira tefal com azeite e fritei  três de cada vez, quatro minutos de cada lado, em fogo bem brando. Ao final da operação elas devem ficar douradas e crocantes por fora mas cozidas por  dentro.

Passei então ao guacamole, me lembrando que a palavra deriva do léxico inca e significa“molho de abacate.” Descasquei dois abacates médios e maduros,  parti ao meio, retirei o caroço e cortei em cubos. Amassei grosseiramente, misturei limão, sal, azeite, pimenta dedo-de-moça e bastante coentro, que pode ser substituído por salsinha. Retirei as sementes dos tomates, piquei em cubinhos e acrescentei . Levei para gelar por uma hora. Coloquei numa tigela guacamole e numa travessa as arepas. Foi um banquete num dia em que os termômetros marcavam 37 graus mas a sensação térmica era de 40.   

Passo a passo

  1. Misture bem numa tigela polentina, muçarela ralada, leite morno 
  2. Leve ao microondas por três minutos, mexendo três vezes
  3. Depois que a massa amornar, faça os discos com seis cm de diâmetro 
  4. Frite em frigideira tefal, untada com azeite, quatro minutos de cada lado
  5. Esmague o abacate, misture limão, sal, pimenta, tomates em cubos, coentro (ou salsinha); regue com fio de azeite, leve para refrigerar por uma hora e sirva. 

 

 

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