RECEITA

Doce de maçã

Ainda não descobri porque brasileiros ignoram doce tão gostoso como o de maçã, que pode ser consumido sozinho ou acompanhado por sorvete ou creme de leite.

Por Sônia Machiavelli | 12/09/2020 | Tempo de leitura: 3 min
Especial para o GCN

Ingredientes

8 maçãs verdes, ácidas e firmes

1  limão Taiti

3 xícaras de açúcar

3 xícaras de água

3 cravos-da-índia

1 rama de canela

Sorvete de limão ou creme de leite para acompanhar

 

Dia desses, ao ler notícia sobre macieira quase bicentenária, cuja morte provocou impacto entre moradores da cidade onde ela reinava, pensei em como a cultura condiciona o repeito à natureza. O caso se passou em Vancouver, onde sementes da frutífera  foram  plantadas em 1826, quando comerciantes de pele ali se estabeleceram. Reza a lenda que um jovem oficial da Marinha Britânica, Aemilius Simpson, tendo ganhado as tais sementes de uma moça que lhe fizera companhia num jantar em Londres, levou-as consigo para a América, no dia seguinte, quando embarcou em missão oficial. Ah, sim. Na sobremesa daquele jantar havia doce de maçã.

Devem ter sido dadas de bom coração, as sementes, porque germinaram fortes do outro lado do oceano, no que viria a ser o quintal de um tal John Johnson, tanoeiro. Alguns anos depois a macieira já produzia bons frutos, de um tipo que não mais existia. A velha árvore carregava fatores genéticos que faziam das maçãs verdes um doce excelente.

Organismo vivo, a árvore assumiu sua própria personalidade. Resistiu às tempestades e à construção de ferrovias na região. E assim foi se tornando um marco vegetal admirado. Visitada por dois presidentes da República, tornou-se matéria e foto de jornais e revistas quando se fez centenária.  Atraiu estudantes de escolas locais e mais distantes e a partir de 1984, com a criação do “Festival de Outubro”, turistas descobriram a macieira e o parque ao redor. O fluxo de visitantes só cresceu, até que neste 2020 as visitas foram proibidas por causa da Covid e  porque a árvore também  adoeceu.

Como o estágio final já se anunciava desde janeiro, os novos brotos que num esforço de sobrevivência apareceram, foram cuidadosamente retirados e plantados em área próxima. Mas uma das mudas permanecerá no mesmo lugar, para se tornar a “Nova Velha Macieira”. E como desde a criação do festival, os visitantes recebiam mudas a cada edição, é de se esperar que as pessoas continuem voltando ao lugar para contar suas histórias sobre as mudas que dali levaram.

Bom, a respeito da foto que ilustra esse texto, é um doce de maçã que, dando asas ao sonho, pode ser parecido ao que permitiu a Aemilius Simpson ter seu nome ligado a uma história longa e bonita. Se quiser experimentar, vamos lá, que segredo não tem. Descasque as maçãs, reserve as cascas. Retire o miolo, corte em gomos largos, repingue limão para que não escureça, reserve. Ferva as cascas em duas xícaras de água por três minutos. Escorra. Junte à água perfumada uma rama de canela, três cravos-da-índia, açúcar. Mexa e leve ao fogo. Assim que levantar fervura, junte os gomos de maçã. Baixe o fogo e deixe cozinhar até que estejam macios- mas não desmanchando. Retire da calda, reserve. Volte a calda ao fogo, depois de retirar a canela e os cravos. Assim que der uma leve engrossada, derrame-a sobre as maçãs. É uma delícia para servir bem gelada na companhia de sorvete ou de creme de leite, como mostra a foto.

Passo a passo

1.       Descasque as maçãs, reire as sementes e miolo, corte em gomos largos.

2.       Ferva por três minutos as cascas e reserve a água perfumada

3.       Junte à água a canela, os cravinhos,  o açúcar e deixe ferver

4.       Junte a maçã e deixe amaciar mas não perder a forma; reire a fruta, despreze cravo e canela

5.       Volte a calda ao fogo por cinco minutos e então despeje sobre as maçãs.

Sirva a compota bem fria, com sorvete.

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