Fake churros

Com origem no sul da China ou nas montanhas da Espanha, e aqui chegados com os imigrantes da Península Ibérica, os churros podem ser improvisados para matar a vontade pelos autênticos, os vendi

18/11/2018 | Tempo de leitura: 4 min

Com origem no sul da China ou nas montanhas da Espanha, e aqui chegados com os imigrantes da Península Ibérica, os churros podem ser improvisados para matar a vontade pelos autênticos, os vendidos em carrocinhas nas praias, eventos e portas de escola.
Com origem no sul da China ou nas montanhas da Espanha, e aqui chegados com os imigrantes da Península Ibérica, os churros podem ser improvisados para matar a vontade pelos autênticos, os vendidos em carrocinhas nas praias, eventos e portas de escola.
Encontrei numa revista de culinária um texto que trata da origem do churros e a credita aos chineses. Sim, os churros que alegram as crianças brasileiras nos parques de diversões, nos grandes e pequenos eventos, no verão das praias desse nosso extenso litoral, teriam uma gênese muito remota, no sul da grande China, ondem eram  conhecidos  como “youtiao” e “youzagwei”.  Havia certa mítica em torno do alimento, preparado por especialistas a serviço do imperador, e cuja receita e técnica estavam proibidas por lei de serem divulgadas a estrangeiros. Até que chegaram os portugueses...
 
Em 1498, graças à viagem de Vasco da Gama, eles aportaram a Malaca e, dois anos depois, Jorge Álvares saiu desta fortaleza e chegou à ilha de Tunmen, ao largo de Cantão. Foi ele o primeiro a contatar diretamente os chineses. O sucesso comercial desta viagem levou-o até às costas do sul. Ali, ao procurar porcelanas, sedas e outras mercadorias raras, teria encontrado o tal bolinho frito. Os ingredientes da massa poderiam ser adivinhados com facilidade-  farinha, água, gordura, pitada de sal. Mas o que diferenciava o produto era seu formato de estrela, obtido graças às habilidades dos chinas que puxavam a massa em pontas assim que ela ganhava o óleo quente. Em Portugal,  lusitanos criaram um molde de metal, que era banhado com a massa  e depois mergulhado na gordura. Ainda se encontra em algumas regiões  daquele país esse tipo de iguaria. Pude ver no Porto, numa esquina próxima ao Douro, um carrinho onde o perfume da fritura  alvoroçava uma fila de crianças e adultos.
 
Mas há controvérsias do lado espanhol, como tantas outras quando o assunto é comida. Os vizinhos que compõem a Península  Ibérica dizem ser deles o mérito da criação. Para substituir refeições domésticas, pastores que viviam grande parte do tempo nas montanhas levavam farinha e banha, parando onde era possível  para fazer fogo e preparar os bolinhos. Estes eram fritos e comidos quentes, às vezes passados no mel. Ainda não teriam o formato cilíndrico e estriado, o que só foi conseguido quando  alguém inventou um tipo de ferramenta na qual a massa ficava armazenada. Através de um dispositivo de pressão parecido a uma manivela, ela era enviada para a panela  onde se fritava, com as estrias e o canal central, que bem depois passou a ser recheado. É dessa maneira que  chega ao Brasil, trazido não pelos portugueses, mas pelos espanhóis aqui aportados na leva de imigrantes recebidos no começo do século XX. 
 
O churros tornou-se muito popular nos países latino-americanos colonizados pelos hispânicos. Ou seja, todos  menos o Brasil. Do México à Argentina a guloseima típica é imprescindível nas festas populares. Na maioria dos países não leva recheio, só cobertura de açúcar. No Uruguai e na Argentina, o doce de leite ocupa seu lugar e torna o churros diferenciado. Entre nós, ultimamente apareceu a opção pela Nutella.  E como culturalmente os colonizadores nos legaram o gosto pelas comidas muito açucaradas, dá-lhes cobertura de açúcar e canela. 
 
Estes churros da foto são do tipo “fake”, para usar termo cunhado junto a notícias que traduzem o que não tem pé na realidade, mas na maldade. Sinal dos tempos, tudo se transforma, às vezes de forma ruim, às vezes de forma boa. Porque pode ser que sejamos atacados por uma vontade louca de comer um churros acompanhado de café quentíssimo, passado na hora, e aí? Ah, aí você  pode improvisar rapidamente, com pão de forma, o recheio que escolher e ovos para empanar. Olhe só que fácil. Use pão de forma sem casca. Espiche as fatias com rolo, tornando-as mais finas. Deslize levíssima camada do doce escolhido na superfície, enrole, passe  zás-trás nos ovos batidos (não podem encharcar), frite no óleo bem quente até dourar. Retire com espumadeira ou pegador de massa, passe pelo açúcar misturado com canela e sirva imediatamente. 
 
porção: 8
dificuldade: fácil
preço: econômico
 
ingredientes
 8 fatias de pão de forma sem casca
 2 colheres (sopa) de doce de leite
 2 colheres (sopa) de Nutella
 1 ovo batido com 1 colher de água
 1 colher (sopa) de açúcar
 1 colher (sopa) de canela em pó
 
Passo a passo
 
1 - Coloque a fatia de pão de forma sobre a tábua e espiche com rolo
 
2 - Espalhe fina camada do recheio escolhido e enrole com delicadeza
 
3 - Passe rapidamente pelos ovos sem deixar encharcar
 
4 - Frite em óleo bem quente, apenas até dourar
 
5 - Retire e passe por mistura de açúcar refinado e canela

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