Salada Sherazade

Um prato preparado com “tahine” acaba levando a gente para espaços orientais e quando a salada se chama Sherazade, para os recantos onde a moça esperta contou mil e uma histórias ao sultão

11/11/2018 | Tempo de leitura: 4 min

Um prato preparado com
Um prato preparado com

Ingredientes 

 6 beterrabas pequenas
 1 colher (sopa) de “tahine”
 1 colher (chá) de pasta de alho
 2  colheres (sopa) de caldo de limão 
 3 colheres (sopa) de água 
 6 folhas grandes de hortelã
 
“Abre-te Sésamo” é a frase mágica da história de “Ali-Babá e os Quarenta Ladrões”. As três palavras são a única senha capaz de mover a enorme pedra que funciona como porta da caverna onde estão escondidos muitos tesouros roubados. Ali Babá é personagem fictícia muito conhecida pelo povo na Arábia pré-islâmica, ou seja, bem antes do nascimento do profeta Maomé, o que se deu por volta do século VII da era cristã.
 
O conto que Ali Babá protagoniza faz parte do conjunto de muitos outros enfeixados sob o título “As Mil e Uma Noites”, escrito originalmente em árabe. Foi traduzido para dezenas de línguas e destacado por críticos de todas as épocas como uma das mais famosas ficções da literatura mundial. É um clássico, sempre capaz de ser relido sem nunca perder atualidade.
 
O que deixa o leitor interessado em todas as histórias é o fato de serem elas encadeadas. O final de uma abre-se para a seguinte, que desperta a atenção para a próxima e assim vai mantendo o leitor fisgado até o fim. Em síntese, a macro narrativa, que contém outras tantas micro, conta a história de um sultão que traído pela esposa mandou matá-la. Desde então decidiu passar cada noite de sua vida com uma mulher diferente, que era degolada na manhã seguinte. Dentre as várias que desposou, Sherazade destacou-se como a mais esperta. Foi ela quem contou o primeiro conto, despertando o interesse do rei em ouvir a continuação da história na noite seguinte e nas outras mil que viriam. Assim escapou da morte. A literatura a salvou.
 
Quando criança li o conto de Ali Babá, como milhões de outros leitores infantis. E ficava intrigada com a palavra “sésamo”. Pensava que seria apenas um nome-segredo, com valor mágico como zim-zapt-zupt, que nem é verbete, é onomatopeia. Enfim, foi depois que descobri surpresa que sésamo era um grão também chamado “gergelim”- a sementinha que deixa crocante a casca do pão de hambúrguer e de outros pães. E bem além é que fui apresentada ao homus, a delícia de patê árabe preparado com pasta de gergelim, o dito “tahine”, mais alho, limão e azeite.
 
Ultimamente vejo que o “tahine” entra em outros preparos e molhos maravilhosos para saladas. É comprado enlatado, mas vi um vídeo que mostra a possibilidade de fazê-lo em casa, o que diminui o preço, pois a latinha de 200 gramas, importada da Turquia, custa caro para nós, brasileiros.
 
Então, quem quiser tentar, parece fácil: basta tostar as sementes de gergelim branco numa frigideira tipo tefal, misturar outra parte de gergelim escuro, e depois de morno levar ao mixer com azeite que cubra tudo, batendo até virar pasta. Pode-se guardar em pote bem fechado na geladeira por até dois meses. Gostei da ideia, e qualquer dia desses tento fazer e conto aos leitores. Na receita dessa salada refrescante que titula a coluna, muito apropriada para esses dias de tanto calor- e nem chegamos ainda ao verão!- usei o “tahine” de lata. Coloquei-o numa tigela pequena e juntei a pasta de alho e o suco de limão. Bati bem com batedor de arame até dissolver o “tahine” completamente, pois a pasta industrializada é bem espessa, quase sólida. Fui acrescentando aos poucos a água até dar o ponto que considerei ideal- liso e cremoso. Reservei na geladeira. A essa altura já tinha colocado há muito tempo as beterrabas no forno, embrulhadas individualmente em papel alumínio. Ao perceber que estavam macias (espetei um palito para me certificar), retirei do forno, deixei esfriar, descasquei e cortei em rodelas de meio cm de espessura. Reservei. (Se você achar custoso o processo de assar as beterrabas, cozinhe-as; assadas elas concentram mais doçura). Em seguida cortei em tiras as folhas de hortelã. Misturei então numa tigela grande as beterrabas e metade do molho, mexendo com delicadeza para envolver todas as rodelas, mas mantendo-as íntegras. Numa travessa arranjei a meu modo as rodelas temperadas, deixando o restante do molho à parte. Salpiquei as tiras de hortelã e servi.
 
Passo a passo
 
1 - Asse (ou cozinhe) as beterrabas e corte-as em rodelas de 0,5 cm
 
2 - Bata numa tigela a pasta de “tahine” com suco de limão, sal, alho e água
 
3 - Use metade do molho para temperar a beterraba, reserve a outra metade numa molheira
 
4 - Distribua as rodelas na travessa de servir e coloque o molho do lado
 
5 - Enrole as folhas de hortelã, corte em tirinhas e decorre com elas a salada 
 

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