O Bolo da Angélica

Fofinho, doçura exata, toques de especiarias, traço bom do mascavo; enfim, bolo diferente.

12/08/2018 | Tempo de leitura: 4 min

 
 3 ovos
 3 bananas nanicas maduras e grandes
 ½ xícara de aveia em flocos finos
 ½ xícara de farinha de aveia
 1 xícara de açúcar mascavo
 1 colher (sopa) de fermento em pó
 ¼ de xícara (chá) de cranberry
 ¼ de xícara (chá) de castanhas-do-pará
 ¼ de xícara (chá) de nozes picadas
 ¼ de xicara (chá) de uvas passas
 1 colher (café) de canela em pó
 
Alguns seres humanos  revelam no nome que os pais escolheram para eles as qualidades que o substantivo próprio designa, embora se diga com certa razão que é a pessoa que faz o nome e não o nome que faz a pessoa. Por conta disso lhes digo que tenho uma prima chamada Angélica que é a própria doçura no semblante, no comportamento, no jeito de existir, nos gestos delicados. Pra completar, tem mãos de fada, expressão que vai caindo em desuso mas ainda é expressiva para mim pelo que denota de habilidades, especialmente femininas. Trata-se daquele jeito de fazer as coisas de modo perfeito, só aparentemente fácil, pois tudo o que é bom e belo demanda, além de talento, esforço e concentração. Mas quem tem mãos de fada parece possuir varinha de condão, basta dar um plim e tudo fica rapidamente perfeito. Claro que  aquelas cujas mãos só sabem bater, não entenderão deste assunto. 
 
Há algum tempo Angélica me surpreendeu com um bolo que deliciou todos que dele provaram, a começar desta que aqui escreve. Fofinho, doçura exata, toques de especiarias, aquele traço bom do mascavo; enfim, um bolo diferente que acompanhado por um café tornava a tarde mais amena e a gente mais feliz. Pois, apesar dos pesares, açúcar consegue deixar apaziguado  qualquer ser normal.  E assim, depois de obter a receita, fiz este bolo muitas vezes. Mas  quando perguntavam o nome, eu embasbacava. Não era apenas de banana, ou de aveia, ou de frutas secas. Era isso e mais alguma coisa. No rol dos mil bolos que existem nos cardápios, nas confeitarias, nas casas especializadas, nos livros de culinária, não reconhecia um parecido para dizer: “é este!”. Então resolvi batizá-lo como Bolo da Angélica, até por questão de merecimento. É excelente opção para um lanche ou café da manhã, especialmente quando se tem crianças em casa, pois a aveia deve ser incluída diariamente na dieta dos pequenos, dizem os nutricionistas. 
 
E nossos pais já sabiam dos seus benefícios! Quando se fala nesse cereal tão popular na dieta alimentar do brasileiro, é bem comum vir à cabeça sabores que nos acompanham desde criança. Pois quem nunca tomou um mingau quentinho e cheiroso, polvilhado com canela, nos dias frios da infância?
 
Avena sativa é o nome científico da aveia, um grão que se disseminou graças à sua resistência, já que se desenvolve até nos solos mais pobres. Não à toa seu cultivo atravessa milênios e fronteiras. Há diferentes formas para se consumir. Quando se diz “em flocos”, a referência se faz aos grãos inteiros, prensados até adquirirem um formato achatado. Esses  flocos  podem ser encontrados nas versões fina e grossa e consumidos tanto in natura como adicionados a iogurtes, sucos, vitaminas, sopas e frutas. Já o farelo de aveia é obtido da casca dos grãos de aveia, exatamente onde é encontrada a fibra beta-glucana. Por isso, é altamente nutritivo, além de ser versátil, podendo ser usado de diferentes maneiras. Quanto à  farinha de aveia, é produzida a partir da moagem da parte interna do grão. Ou seja, ela descarta as fibras presentes na casca, mas mantém os carboidratos, as proteínas e os minerais. A farinha de aveia é ideal para substituir a farinha de trigo na preparação de bolos, pães e tortas, entre outras receitas. Agora sim. Sem mais preâmbulos. 
 
Misture os dois tipos de aveia numa tigela. Acrescente o açúcar e o fermento. Mexa. Corte as bananas (quanto mais maduras, melhor) em rodelas e coloque no copo do liquidificador. Acrescente o óleo, os ovos, bata por dois minutos. Despeje esse creme sobre a mistura de aveias e fermento e mexa até ficar tudo bem homogeneizado. Quando a massa estiver lisinha, agregue as castanhas-do-pará bem trituradas, depois as nozes igualmente quebradas, as uvas passas e as frutinhas vermelhas- as cranberries. Por fim, a canela em pó.
 
Misture para que fiquem bem integradas à massa. Unte uma forma com manteiga. Misture numa tigelinha uma colher (sopa) de farinha de trigo e outra de açúcar mascavo. Salpique no fundo e nas laterais da forma. Dessa forma, o bolo não ficará com aquela camadinha branca ao ser desenformado. Despeje a massa com cuidado. Dê as clássicas batidinhas no fundo para que o ar represado não interfira na superfície ao assar, formando aquelas montanhas indesejáveis. Leve ao forno já aquecido a 180 graus e deixe assar por 40 minutos, tempo suficiente para que, ao espetar um palito, este  saia seco, sinal de que a massa está  no ponto de ser retirada do forno. 
 
Como ele já é rico em ingredientes, não pede cobertura. Mas quem gosta pode polvilhar açúcar de confeiteiro, só para dar um toque. Eu prefiro sem nada, só o sabor da massa, o perfume da canela, o crocante das frutas secas. Bom demais. 

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