Penne à Pavarotti

Há 28 anos, no dia 7 de julho de 1990, no encerramento da Copa do Mundo da Itália, o mundo se deslumbrava com a apresentação

08/07/2018 | Tempo de leitura: 4 min

INGREDIENTES
 
 ½ quilo de penne
 
Molho
 2 colheres (sopa) de manteiga sem sal
 1 cebola média ralada
 6 tomates grandes e bem maduros
 3 champignons frescos picados em fatias
 1 colher (chá) de orégano
 3 colheres (sopa) bem cheias de manjericão picado
  
Há 28 anos, no dia 7 de julho de 1990, no encerramento da Copa do Mundo da Itália, o mundo se deslumbrava com a apresentação dos Três Tenores: Plácido Domingo, José Carrera e Luciano Pavarotti, que cantaram com a Orquestra Maggio Musicale Fiorentino, conduzida pelo maestro Zubin Mehta. Nos próximos quatro anos, até 1998, o trio encararia  uma jornada que levaria os artistas  aos quatro cantos do mundo. O espetáculo Três Tenores in Concert  foi  seguido da gravação de discos que entraram para o livro de recordes como os mais vendidos na história da música erudita, embora o repertório incluísse, além de árias de óperas, trechos musicais da Broadway  e canções napolitanas clássicas. Na alma e no coração dos que viveram essas emoções, restaram muitas vezes de forma indelével as vozes maravilhosas dos tenores, mas de jeito muito especial, ficou a  imensa  presença de Pavarotti, homem grande também no físico e na generosidade que se estampava no sorriso largo. 
 
Quando menino, o sonho de Pavarotti era ser jogador de futebol e brilhar nos estádios; curiosamente, ele iria brilhar mesmo nestes espaços, mas como tenor.  Sua voz volumosa o levaria  de Modena, cidade italiana onde nasceu e morreu, a Londres, começo de tudo, pois foi na capital da Inglaterra que  em 1963 ele chamou atenção do público e da crítica cantando no Convent Garden. A partir de  então, só colecionou sucessos, especialmente após o  concerto nas Termas de Caracalla,  que fez disparar as vendas de discos de ópera. A ária “Nessun Dorma”, da ópera “Turandot”, de Puccini, se tornou para sempre associada a Pavarotti e ao futebol.
 
Pavarotti apresentou-se sete vezes no Brasil. Em 1979 fez dois espetáculos, no Teatro Municipal do Rio e no Anhembi paulista. Em 1991 exibiu-se no estádio do Pacaembu, em São Paulo, debaixo de chuva. Em 1995, no antigo Metropolitan, Rio de Janeiro e, em 1998, cantou em Porto Alegre, com Roberto Carlos. Em 2000, os baianos o ouviram em Salvador, com Maria Bethânia e Gal Costa, como parte das comemorações dos 500 anos do descobrimento. Numa segunda visita ao Brasil no mesmo ano, fez um grande  show no estádio do Morumbi, em São Paulo. Um show dele com Roberto Carlos chegou a ser anunciado para março de 2006 em Belo Horizonte, mas acabou cancelado porque o cantor italiano foi internado, já em consequência do câncer no pâncreas que lhe ceifou a vida em 2007. Sua morte aconteceu horas depois da mídia italiana ter divulgado declarações em que Pavarotti agradecia o Prêmio Excelência na Cultura da Itália, concedido pelo governo. Na ocasião, ainda lúcido, ele afirmou que havia dedicado toda a sua vida a “celebrar a magia da arte” e que o prêmio o enchia de orgulho pela longa carreira que lhe permitira levar a cultura de seu país  pelo mundo e  “compartilhar com os jovens a paixão e a experiência, tesouro maior que se pode deixar para eles e a maior oportunidade para dar um sentido à vida”.
 
A paixão pela música e pelo futebol não eram as únicas no coração de Pavarotti. Havia outra, na qual ganhava lugar destacado a culinária. Em cada viagem que fazia, o tenor carregava fogão, panelas, utensílios e  ingredientes para preparar ele próprio os pratos de sua preferência.  Fiel à culinária italiana, não abria mão desse exercício. “Ele reservava sempre duas suítes. Uma era só para recriar a cozinha dele. Pavarotti levava tudo, até o fogão, e preparava comida para toda a sua equipe”, conta um de seus biógrafos. Suas receitas remetiam com frequência à  casa da infância, onde reinava sua mãe, grande cozinheira.  Um  dos  pratos que acabaram se tornando icônicos no  menu dos Pavarotti foi o penne que hoje leva seu nome e chega à mesa envolto num fumegante molho de tomates. Simples e bom, bem equilibrado, feito com ingredientes de qualidade, o que não significa caros. Em primeiro lugar, a massa curta, grano duro, para ser cozida al dente. No molho, tomates maduros e adocicados, ramo de manjericão fresquíssi
mo, que a gente corre na horta para apanhar, punhado de perfumado orégano, champignons frescos, manteiga pura, azeite extra-virgem. 
 
Vamos ao preparo. Numa frigideira grande derreta a manteiga e corra um fio de azeite para que ela não queime. Junte a cebola ralada e mexa até que murche bem. Reúna os tomates sem pele e sem sementes cortados em pedaços pequenos. Salgue. Mantenha sob  fogo baixo e mexa de vez em quando, até que os tomates estejam reduzidos a purê. Acrescente o orégano, sempre em fogo baixo, e mexa. Salgue. Agregue os champignons cortados em fatias finas. Corte as folhas frescas de manjericão e junte ao molho. Mexa, aguarde liberar perfume, reserve. Cozinhe o penne em água abundante e salgada. Respeite o tempo de cozimento indicado pelo fabricante. Escorra, coloque na travessa e cubra com o molho. Antes de escorrer a massa, retire uma concha do líquido do cozimento e junte ao molho. Sirva imediatamente.

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.