Broinha de coité

Raridade O fubá de canjica, quase desconhecido na nossa região, e a cabaça que tem o nome de coité, perfilam uma das melhores iguarias encontradas em algumas mesas das festas juninas do Nordeste e d

17/06/2018 | Tempo de leitura: 4 min

porção: 10
dificuldade: fácil
preço: econômico
 
ingredientes
 2 xícaras (chá) de fubá mimoso
 1 ½ xícara (chá) de polvilho doce
 3 ½ xícaras (chá) de leite
 1 xícara (chá) de açúcar refinado
 ½ xícara de óleo
 1 colher (sopa) de erva-doce
 ½ colher (chá) de sal
 5 ovos pequenos
 1 colher (sopa) de fermento
 Óleo para untar e fubá para polvilhar a xícara e a assadeira
 
Quem não tiver alguma ligação com o Nordeste do Brasil, o Norte de Minas ou o interior de Goiás vai ter dificuldade, à primeira vista, para entender o que é coité, palavra indígena que significa vasilha, lugar para conter algo que pode ser água, leite, cachaça, farinha, melado... É uma pequena cabaça cortada ao meio, seca e limpa, usada como recipiente. As sociedades primitivas, como as que os portugueses encontraram no Brasil por ocasião do descobrimento, viviam sem latas, embalagens de vidro, louça, isopor... De vez em quando é bom contar isso às crianças do nosso século.
 
Nas regiões onde o coitezeiro é nativo, chama a atenção o exotismo dos frutos, grudados ao tronco como grandes jabuticabas. Tem uso na medicina popular e dizem as benzedeiras que o chá das folhas, o xarope preparado com a polpa verde e as sementes cozidas ou torradas podem curar mais de mil males, de pedras nos rins a erisipela.
 
Mas na receita de hoje o coité é antiga medida de massa que por muito tempo andei procurando em vão. Até que por acaso, dia desses, acessando o site da Neide Rigo, a encontrei. Era o que eu andava buscando para os leitores neste junho de festas caipiras, onde a autêntica culinária do interior do nosso país costuma se fazer presente. Em texto delicioso, Neide conta que ela também indagou durante muito tempo por estas broinhas, que havia experimentado no século passado em casa de fazenda, numa das suas incursões pelos diversos Brasis que nos constituem enquanto nação. A chef explica o que já era do meu conhecimento desde menina, que a iguaria é conhecida também pelo nome de “broinha de canjica”, em alusão ao tipo de fubá que entra como ingrediente. O fubá de canjica é um subproduto do milho branco, difícil de encontrar no nosso Estado. Diz ela que o encomenda a um raro fornecedor goiano, que nem sempre o tem disponível.
 
Então, como replicar essas broinhas de sabor inconfundível, sem o fubá de canjica e sem o coité? Artista da cozinha, Neide criou uma receita que substitui bem a tradicional e quase inacessível, misturando o fubá mimoso, que encontramos nos supermercados, ao polvilho doce, também de uso comum entre nós. Quanto ao coité, onde nos rincões a massa era formatada antes de ganhar o forno, pode ser substituído por uma xícara (café) de fundo redondo, devidamente untada e polvilhada com fubá. A gente pega uma colher de sopa bem cheia, coloca a massa, gira em 360 graus e despeja na assadeira. Uma a uma, com cuidado pra manter distância de uns dois centímetros, pois elas vão crescer e encher a assadeira no forno aquecido a 180 graus.
 
A chef que ama a gastronomia brasileira e se mostra generosa ao nos ensinar a receita, alerta para o fato de que a xícara (de chá) padrão aqui usada deve ter 240 ml. Preste atenção a este detalhe se quiser fazer as broas. Comece medindo tudo. Depois, misture numa tigela o fubá e o polvilho doce. Peneire e reserve. Coloque numa panela o leite, o açúcar, a erva-doce, o sal, o óleo. Mexa. Junte a mistura de fubá e polvilho. Mexa bem novamente. Leve ao fogo e mantendo a chama baixa, continue mexendo este mingau até que ele fique espesso e, por fim, tenha consistência de angu. Desligue e reserve. Bata os cinco ovos, clara e gema juntos. Leve o angu já frio à batedeira e junte aos poucos os ovos batidos, em velocidade média, até que a mistura esteja bem homogênea. Quando isso acontecer, acrescente o fermento em pó e bata mais um pouco para que ele entranhe em toda a massa.
 
Prepare a assadeira untando-a e polvilhando-a com fubá. Faça o mesmo à xícara. Coloque uma colher (sopa) de massa na xícara, rode os citados 360 graus e transfira a bolinha para a assadeira. Será necessário untar e polvilhar a xícara algumas vezes. Quando terminar, leve ao forno que deve estar bem quente. Elas levam em média 40 minutos para ficar assadas.
 
Racham na superfície, perfumam a cozinha, são um manjar dos deuses quando acompanhadas por um café passado na hora.
 
 

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