Ingredientes:

 4 bananas nanicas

 4 colheres (chá) de açúcar

 4 colheres (chá) de manteiga

 1 colher (sopa) de raspas de limão

 

Marshmallow

 3 claras

 1 xícara (chá) de açúcar

 

Quando devo preparar marshmallow para uma receita sempre me lembro de história familiar que me faz rir e da qual com certeza não vou me esquecer, se os anos que por acaso estão por vir não deletarem minha memória. Aconteceu na semana passada, quando resolvi experimentar uma das muitas receitas que havia visto no site de um produtor de bananas.

 

Foi numa noite fria de junho, e não faz tanto tempo assim, que vivi a cena inusitada na casa de meu neto João. Ele cismou de montar uma barraca na área externa, um gramado, e ali passar a noite. Cheguei e já encontrei a fogueria ardendo, mas não era festa junina. Era um simulacro de evento norte-americano, quando as crianças acampam e passam a noite contando histórias, comendo cachorro quente e pipoca, se fingindo de adultas. Estavam lá os pais de João, atentos a tudo, olhando também o céu, que se mostrava estrelado como raras vezes se consegue ver a olho nu. Foi quando João, com certeza inspirado em algum desenho, quis viver seu momento maior, aquele que o levara a criar o ambiente. Ele iria comer marshmallow assado na ponta do espeto. Que delícia, vovó! Falava e mostrava a bombonière repleta de pedacinhos brancos, parecidos com bala de coco. Espetava-os e levava ao fogo; mas na hora de comer... Ah, que frustração. Não era nada daquela maravilha que ele imaginara e vira na televisão, nos programas importado.

( Já tinha acontecido coisa igual com as panquecas da Peppa...) Para não dar o braço a torcer, ele fazia a maior enrolação na hora de levar a coisa queimada à boca. Fingia comer; e quando via que não estávamos olhando, cuspia fora.

 

Eu, que nunca tinha ouvido falar daquele trem exótico, fui pesquisar depois, e descobri que, de fato, é popular entre as crianças dos Estados Unidos. Os marshmallow são colocados na ponta de um graveto ou espeto e aquecidos rapidamente. Isso cria uma casca caramelizada com uma camadinha líquida, derretida, sujacente. Segundo o gosto de cada um, e isso não se discute, essa camada exterior pode ficar levemente tostada ou totalmente queimada. O marshmallow pode ser comido inteiro ou ter apenas sua casca devorada, voltando ao fogo para se criar outra. Cada terra com seu uso, cada roda com seu fuso. Crianças brasileiras podem ter curiosidade por isso; prazer, não. Por isso, a frase de Milena, muito brava ao descobrir a farsa do filho: - “João,eu bem dissse que você não ia gostar!”

 

Bem, essa é uma historinha de avó para introduzir a receita de uma sobremesa facílima de preparar, com banana e marshmallow. Ela fica bonita e gostosa. É incrível como uma coisa tão simples pode ser tão boa. A única dificuldade, se houver, será preparar o tal marshmallow, mas se você seguir as indicações, vai conseguir excelente resultado com um pé nas costas. Este não é o do João, ou o que ele imaginava que fosse. Os confeitos de tamanhos pequenos, tipo que só apareceu recentemente, foram criados por um tal Alex Doumak, que patenteou a novidade. O que você vai preparar é o antigo, tradicional. Um creme espesso de textura peculiar, que pode cobrir e rechear bolos e servir de acompanhamento para várias sobremesas. Seus ingredientes básicos são clara de ovo e açúcar. Antigamente, quando foi criado, usava-se um extrato de raiz mucilaginosa da planta marshmallow, arbusto cujas folhas servem para fazer um chá que, dizem, cura qualquer tosse.

 

Se você tem alguma experiência com cozinha, deverá estar se perguntando se ele tem parentesco com o merengue italiano e responderei que sim. A técnica é basicamente a mesma. Usamos a do banho-maria. Colocam-se as claras e o açúcar numa tigelinha de louça. Mistura-se tudo com um fouet ou grafo, sem bater. A tigelinha é ajeitada numa panela pequena com água e levada ao fogo bem baixo. É preciso ficar com a atenção ligada, mexendo o líquido até que ele o açúcar se desfaça. Não pode chegar a ponto de ebulição, porque aí as claras cozinham e você não terá outra solução que não seja jogar tudo fora e recomeçar. Quando testar com dois dedos e verificar que não há mais grânulos, desligue o fogo e bata com as pás da batedeira até dobrar de volume e ficar com aparência brilhante. Cubre com filme e reserve na geladeira. 

 

Passe para as bananas, que devem estar maduras, mas firmes. Lave-as bem, pois não serão descascadas. Enxugue-as com pano de prato. Faça um corte longitudinal e separe em duas partes a fruta. Preserve os cabinhos. Salpique sobre a polpa de cada parte o açúcar. Unte uma frigideira antiaderente com manteiga. Leve ao fogo e espere aquecer. Coloque as bananas com a polpa para baixo e deixe durante quatro minutos, que é o tempo para ficarem macias e douradas. Coloque num prato de sobremesa, conforme se vê na foto, e disponha uma boa colherdada de marshmallow ao lado. Salpique as raspas de limão e sirva. Fica irresistível.