Patê de alho

Vegetal pertencente à família das Liliáceas, a mesma dos lírios, o alho serviu como moeda no antigo Egito, quando sete quilos eram

10/12/2017 | Tempo de leitura: 4 min

Ingredientes:
200 gramas de ricota
1 xícara (chá) de leite quente
50 gramas de queijo parmesão
4 colheres de sopa de alho triturado
8 colheres (sopa) de azeite
1 colher (café) de sal
 
Vegetal pertencente à família das Liliáceas, a mesma dos lírios, o alho serviu como moeda no antigo Egito, quando sete quilos eram suficientes para comprar um escravo; e na Sibéria, onde até meados do século XVIII os nativos pagavam seus impostos com ele. O alho entrou pra ficar na dieta dos construtores das pirâmides, lê-se em documentos inscritos em tabuletas de argila. E ao Brasil chegou junto com as caravelas de Cabral. Hortaliça resistente, foi parte do cardápio enxuto consumido pelas tripulações, atestam documentos assinados por Caminha. Mas, o que é curioso, uma vez em nosso país, levou mais de quatro séculos para sair do fundo dos quintais, onde era cultivado em pequenas quantidades como tempero e ingrediente de remédios caseiros, para enfim virar negócio capaz de gerar riqueza no agronegócio .
 
Entre os condimentos, é um dos mais versáteis empregados na culinária. Mas é do tipo que agrada ao paladar de uns e causa repulsa ao de outros. A razão é a mesma para os que o amam e os que o detestam: o aroma forte. Muito utilizado na cozinha brasileira e indispensável na mesa provençal, o alho é cultivado até hoje também pelo seu poder na cura de alguns males que afetam a saúde. Sim, ele é terapêutico, antisséptico, anti-inflamatório, bom para a gripe e benéfico ao coração. Segundo as lendas, combate mau-olhado e afasta vampiro.
 
Seu nome científico é Allium Sativum . Planta assexuada, independe de polinizadores para se reproduzir e se propaga através do plantio dos dentes, chamados bulbilhos. Cada cabeça é composta por 10 a 12 dentes, envoltos por uma casca que pode ser branca, rosada ou roxa. Dizem os chefs que há diferença de sabor de acordo com a cor. Seu uso remonta a 6 mil anos e a maioria das pesquisas indicam a Ásia como local de origem. Tribos de nômades o levaram para o extremo Oriente através das rotas do comércio com a Índia. E daí ele chegou à Europa. 
 
Para todas as culturas, seja a indiana, a egípcia, a grega, a hebraica, a russa ou a chinesa, o alho era na antiguidade e Idade Média como um conservante quase tão relevante quanto o sal. O que ditou a diferença de importância foi sua rejeição pela aristocracia e, em alguns casos, pelo clero, por conta do cheiro exalado. E isso o tornou um indicador de classe social. A despeito do preconceito, sua importância na cozinha só avultou até chegar aos tempos modernos, quando a gente ligada à culinária reconheceu que suas características conferiam personalidade aos pratos onde entrava. Hoje, ele se tornou básico em muitas mesas. 
 
Para não ficar com cheiro de alho ao usá-lo nos seus pratos, esfregue as mãos com sal e limão. Ramos de salsinha também funcionam. Já ouvi dizer que encostar as mãos nas costas de uma colher de metal faz efeito. Mas nada melhor que um bom detergente ou sabonete, acredito. 
 
Na receita que você vê na foto, os dentes de alho são fritos lentamente no azeite até se tornarem dourados. O maior problema quando se usa alho frito é não deixar que se queime, porque aí a melhor saída é jogar tudo fora e recomeçar. Alho queimado estraga qualquer prato com seu horrível gosto amargo.
 
A combinação de alho e queijo é bem conhecida dos chefs. Aqui a parceria se faz a partir de dois queijos de sabores antagônicos: o parmesão, que tem gosto forte e textura quebradiça; e a ricota, fresca, cremosa e muito leve. Para ligar os ingredientes, leite quente. O tamanho da pitada de sal (ingrediente com o qual devemos lidar com cuidado por sua condição de reter água em nosso organismo) vai por conta de quem prepara e ao gosto do freguês. Mas é sempre bom lembrar que o parmesão já o contém, apesar da ricota ser insossa.
 
Veja que fácil. Meça os ingredientes, porque a proporção é importante. No copo do liquidificador coloque a ricota cortada em pedaços e o parmesão passado no lado grosso do ralo. Ferva o leite. Ele deve entrar em alta temperatura no liquidificador. Tampe o copo e bata por dois minutos, ou até formar uma pasta homogênea. Coloque esta pasta numa vasilha e deixe esfriar. Cubra com filme plástico e leve à geladeira. Em uma panelinha, coloque metade do azeite, misture os dentes de alho picados bem miudinhos, leve ao fogo em chama baixa. Quando dourar, desligue, junte o restante do azeite e o sal. Assim que esfriar, distribua sobre a pasta. 
 
Esta pasta básica pode ser incrementada e mudar de cara se você misturar a ela uma xícara de chá de cenoura ou beterraba passadas pelo lado fino do ralo.
 
Ao entrarmos em dezembro, ter um patê desses na geladeira pode nos salvar quando as crianças em férias costumam ter seu apetite intensificado. Vai bem com torradas, com bolachas salgadas, com palitos de vegetais e o que mais sua criatividade sugerir.
 

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