O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou esta semana a aprovação de um novo financiamento para a produção do carro voador da Eve, subsidiária da Embraer. O valor do crédito é de R$ 200 milhões.
Conforme o BNDES, a empresa deve trabalhar na fase de integração e funcionamento dos motores elétricos e nos testes do protótipo de certificação do eVTOL, como é chamada a aeronave. As fontes do financiamento são o Fundo Clima (R$ 160 milhões) e a linha Finem (R$ 40 milhões).
O banco afirma que, desde 2022, já aprovou R$ 1,2 bilhão em crédito para a Eve em diferentes fases do desenvolvimento do eVTOL, incluindo a construção de fábrica em Taubaté, no interior de São Paulo (a cerca de 130 km da capital paulista).
Além disso, em agosto deste ano, o BNDES anunciou cerca de R$ 405 milhões em investimento direto na subsidiária da Embraer. A operação fez parte da retomada da compra de ações de empresas pelo banco.
"A fabricação do eVTOL é uma inovação disruptiva no conceito de mobilidade urbana, com um veículo que vai conectar os principais pontos das grandes cidades e regiões metropolitanas, com menor emissão de gases de efeito estufa que helicópteros e carros convencionais", afirmou em nota o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
De acordo com ele, o projeto tem 2.800 pedidos de encomenda de clientes em nove países.
"Queremos que o primeiro voo aconteça em 2026, 120 anos após o voo do 14 Bis, um feito histórico de Santos Dumont e legado para o mundo", acrescentou.
No mesmo comunicado, o CFO (diretor financeiro) da Eve, Eduardo Couto, disse que o financiamento acelera uma "etapa crítica" do projeto que é a integração do sistema de propulsão elétrica.
O governo Lula (PT) defende uma atuação fortalecida do BNDES, com medidas de apoio a diferentes setores da economia, incluindo a indústria.
A posição é vista com ressalvas por uma ala de analistas. Eles temem um inchaço do banco e uma volta de políticas adotadas por gestões petistas no passado.
A direção do BNDES já rebateu as críticas em mais de uma ocasião, dizendo, por exemplo, que aposta em segmentos considerados estratégicos, como inovação e transição energética.
Como ele é?

O "carro voador" da Eve Air Mobility, subsidiária da Embraer, é um veículo elétrico de pouso e decolagem vertical (eVTOL) projetado para mobilidade aérea urbana, com capacidade para quatro passageiros e um piloto, autonomia de 100 km e previsão de operação comercial em 2027 e primeiros vôos testes em 2026. O objetivo do eVTOL da Eve é oferecer uma alternativa mais silenciosa, sustentável e eficiente para o transporte em grandes cidades, combatendo o trânsito terrestre.
RAIO-X
Tipo de aeronave: eVTOL (veículo elétrico de pouso e decolagem vertical), utilizando um design de "lift cruise" (sustentação e cruzeiro) que combina asas fixas com rotores para eficiência e segurança.
Capacidade: 4 passageiros e 1 piloto (configuração autônoma futura planejada).
Autonomia: Cerca de 100 km (60 milhas), ideal para rotas urbanas curtas, como conexões entre aeroportos e centros da cidade.
Velocidade de Cruzeiro: Atinge aproximadamente 200 km/h (125 mph).
Altitude de Cruzeiro: Projetado para voar entre 800 a 1.000 metros (2.600 a 3.300 pés).
Propulsão: Totalmente elétrica, com 8 hélices dedicadas para o voo vertical e hélices de impulsores (pushers) traseiros para o voo horizontal (o design exato pode variar ligeiramente no modelo final).
Nível de ruído: Projetado para ter uma pegada de ruído significativamente reduzida, especialmente durante o voo de cruzeiro, em comparação com helicópteros.
Material da fuselagem: Compósito de fibra de carbono.
Previsão de operação: A entrada em operação comercial está prevista para 2027.
Certificação: A Eve está buscando a certificação junto a autoridades como a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil do Brasil) e a FAA (Administração Federal de Aviação dos EUA).
Quanto custa?
Aeronave elétrica projetada e guiada com ajuda de IA custa US$ 5 milhões, já tem quase 3 mil pré-encomendas e passará por voo teste ainda neste ano. Parece um pouco ambicioso, para dizer o mínimo, o plano da Embraer: colocar no ar o "carro voador" até 2027.
Quem poderá pilotar a aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical?
O "carro voador" da Eve, subsidiária da Embraer, é na verdade um eVTOL (aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical).
Ele será pilotado por pilotos certificados que deverão possuir uma licença específica, regulamentada pelas autoridades de aviação civil, como a ANAC no Brasil.
A aeronave da Eve foi projetada para transportar um piloto e até quatro passageiros em rotas urbanas curtas.
O objetivo é que o serviço funcione como um tipo de "táxi aéreo", operando em locais específicos (vertiportos) dentro das cidades, e não como um veículo de uso pessoal que qualquer pessoa com CNH (carteira de motorista) poderia "dirigir".
Quem poderá pilotar
Pilotos Profissionais: Inicialmente, a operação dos eVTOLs será realizada por pilotos comerciais, provavelmente com experiência prévia em aeronaves ou helicópteros.
Licença Específica: A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) está trabalhando na criação de uma nova categoria de licença para pilotos de eVTOL, com requisitos específicos para essa nova modalidade de aviação urbana.
Requisitos Preliminares: Entre as propostas iniciais de regulamentação, sugere-se que os pilotos tenham pelo menos 18 anos e ensino médio completo, além de passar por treinamento específico e obter um Certificado Médico Aeronáutico (CMA).
Frota de eVTOLs pode chegar a 30 mil unidades no mundo até 2045
A Embraer divulgou projeções para o eVTOL, conhecido como "carro voador", que está sendo desenvolvido pela Eve Air Mobility, empresa ligada à fabricante brasileira. A previsão abrange o desempenho e o faturamento do novo modelo nos próximos 20 anos.
A Eve projeta que a frota mundial de eVTOLs pode chegar a 30 mil unidades até 2045. A expectativa é que mais de 3 bilhões de passageiros sejam transportados nesse período. A empresa também estima que a operação e venda dos eVTOLs podem gerar receita de US$ 280 bilhões até 2045.
As projeções têm como base dados de 1,8 mil cidades do banco World Urbanization Prospects da ONU, além de informações sobre 1 mil aeroportos e 27 mil helicópteros civis em uso atualmente.
Para Emerson Granemann, CEO da MundoGEO, plataforma que organiza o Expo eVTOL, o carro voador pode marcar o início de uma nova fase na aviação e, no futuro, tornar-se mais acessível.
"Eu digo que o eVTOL vai abrir uma nova era no mundo da aviação. A cada dia tem um avião ou um helicóptero mais moderno, mas esse é um modelo diferente", pontuou.
"O eVTOL vai ser mais uma opção de mobilidade urbana aérea. Uma opção mais segura, silenciosa por ser elétrica, sustentável e menos cara do que helicópteros. Mas, com a evolução do eVTOL, haverá muitas outras demandas. Será necessário implantar muitos vertiportos, porque o eVTOL não pode usar helipontos. E será necessário também ter um sistema digital para controle do tráfego aéreo", pontuou.
Ele também comparou o tempo de deslocamento entre Congonhas e Guarulhos. Enquanto de carro o trajeto pode demorar, o eVTOL poderia realizar a viagem em poucos minutos.
"Com o eVTOL, você vai ter a opção de fazer esse trajeto em sete minutos, e acredito que custando cerca de R$ 500. Não chega a ser acessível, mas é uma opção que facilita", completou.