Entre narizes vermelhos, sorrisos coloridos e histórias que atravessam gerações, o Dia Internacional do Palhaço, comemorado nesta quarta-feira, 10 de dezembro, ganha um brilho especial em Bauru. A data, criada nos anos 1980 para reconhecer o valor social do humor e daqueles que transformam alegria em ofício, encontra eco na trajetória de Aleksander Rodrigues de Oliveira Soares, o Palhaço Faísca, que celebra 35 anos de carreira dedicados à arte do riso.
A data surgiu na década de 1980, na França, idealizada por artistas e pesquisadores do humor para reconhecer o valor social do riso e a presença histórica do palhaço como símbolo de alegria, humanização e crítica bem-humorada. No Brasil, o Dia do Palhaço começou a ser comemorado a partir de 1981, em São Paulo. Atualmente, a data é celebrada em todos os estados brasileiros, por palhaços circenses ou pelos populares “palhaços de rua”. No âmbito mundial, o International Clown Week (Semana Internacional do Palhaço) é celebrado entre os dias 5 e 12 de outubro.
Nascido em 24 de agosto de 1978, Aleksander, atualmente com 47 anos, iniciou sua carreira artística ainda criança, aos 10 anos, fazendo aula de circo no Circo Palco Livre do falecido Betosassi. “Criei o Palhaço Faisca inspirando-me nos palhaços da TV na época: Atchim & Espirro e Bozo. Misturei a musicalidade e presença de palco de Atchim & Espirro com o jeito educado do Bozo para tratar e ensinar as crianças”, explica. Em meados de 1985 ou 1986, sua irmã Telma Regina Soares, referência afetiva, foi aprovada em um concurso de teatro na mesma turma de Edson Celulari, mas não pôde seguir para São Paulo. A experiência marcou Aleksander, e, anos depois, seus pais Luzia Rodrigues de Oliveira Soares e Antônio Francisco Soares, decidiram incentivar o filho, permitindo que participasse de programas como o Bozo. Em 1989, Telma faleceu vítima de câncer, e sua lembrança tornou-se parte fundamental de sua trajetória. Ao criar o Faísca, Aleksander convidou o sobrinho Rui Soares Martins, filho de Telma, para integrar a equipe como o Palhaço Malandrinho.
Faísca nasceu oficialmente em 1990, durante o projeto municipal “Manhã de Lazer”, mas Aleksander já carregava a vocação desde os 10 anos, quando começou a fazer aulas no Circo Palco Livre, de Beto Sassi. Inspirado por palhaços da TV, como Atchim & Espirro e Bozo, ele construiu um personagem alegre, musical e educativo, que hoje acumula cerca de 10 mil apresentações em praças, escolas, eventos comunitários e até programas de televisão.
O nome veio de forma pitoresca: ao caminhar pela linha férrea com um amigo em busca de inspiração, uma pedra lançada sobre o trilho soltou uma faísca: a identidade artística estava encontrada. Desde então, Faísca se consolidou como figura simbólica da cultura popular bauruense.
“O Palhaço Faísca é alegre, divertido e educativo”, diz Aleksander. “O que me entristece é quando o nome do personagem é usado de forma negativa. Sempre que posso, compartilho o poema do saudoso Palhaço Picolino, que explica o que é ser um palhaço: ser alegre, mas também ter força e um grande coração para suportar as dificuldades, mesmo sem que ninguém perceba.”
Com cerca de dez mil apresentações, Faísca também conquistou a televisão. Estreou o programa “Faísca Show” na TVCOM Bauru, em 2003, e em 2009 apresentou o “Clubinho da Criança”, na TV Prevê, retransmitido para mais de 30 cidades. Desde 2017, apresenta o programa “FIB Kids”, na TV FIB, e também atua como Papai Noel em eventos natalinos.
Sua trajetória recebeu reconhecimento oficial: em 2015, recebeu Moção de Aplauso da Câmara Municipal de Bauru pelos 25 anos de carreira; em 2017, foi Embaixador da Animação Infantil pelo Encontro Nacional de Animadores do Brasil (ENAI).
Mesmo após décadas de atuação, Faísca mantém a essência: criar laços afetivos por meio do riso. “O palhaço é alegria, mas também força. Às vezes, sorrimos por fora enquanto carregamos o peso do mundo por dentro e ninguém percebe”, diz, citando o poema do Palhaço Picolino.