A falta de 85 tipos de medicamentos na Farmácia de Medicamentos Especializados de Bauru, conhecida como Farmácia de Alto Custo, localizada no Hospital Estadual de Bauru (HEB), gerou reclamações de pacientes que dependem dos insumos para o tratamento de diferentes doenças. Após um mês de desabastecimento, a previsão é de que os medicamentos voltem a ser disponibilizados nesta quarta-feira (10), segundo informou, por e-mail, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) ao JC/JCNET.
De acordo com a pasta, a Coordenadoria de Assistência Farmacêutica (CAF) do Estado de São Paulo lamenta o ocorrido e informa que os pacientes serão avisados sobre a disponibilidade dos itens para retirada.
O HEB é responsável por distribuir as medicações financiadas pelo Ministério de Saúde e adquiridas pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Em seu site, o Estadual informa que, eventualmente, alguns medicamentos podem ficar indisponíveis. Essa situação, entretanto, pode colocar a saúde dos pacientes em risco.
É o caso da professora Juliana Sales, moradora da cidade, que relata dificuldades para dar continuidade ao tratamento da doença de Crohn. Segundo ela, o medicamento que utiliza custa cerca de R$ 20 mil e é retirado na Farmácia de Alto Custo. Porém, há mais de um mês, o kit de infusão necessário para a aplicação não é fornecido. “Me disseram que está em falta e agora tenho que esperar. O problema é que esse kit não é vendido para pessoa física, então não tenho escolha”, afirma.
Em tratamento desde novembro de 2025, Juliana diz que já perdeu duas infusões devido à falta do insumo. “Estar sem o kit é um atraso. Tenho uma doença crônica, sem cura, então convivo com dores abdominais”, explica. Ela ressalta que, apesar de o medicamento estar disponível, a ausência do kit inviabiliza a continuidade do tratamento. “Só o governo fornece o kit. Mesmo com o remédio, o tratamento não acontece”, enfatiza.
Outro caso envolve um aposentado que preferiu não se identificar. Ele relata que a filha adulta, dependente da família, utiliza Mesalazina 2g em sachês, medicamento atualmente em falta na unidade. De acordo com o pai, a retirada ocorre a cada seis meses. Pela primeira vez, o remédio não estava disponível.
Diante da escassez, a família precisou recorrer a uma medicação anterior à indicada pelos médicos. Segundo o cuidador, o custo médio do remédio necessário é de R$ 500, e a família só conseguiu encontrar a Mesalazina 1g em uma farmácia particular. Segundo o relato, isso compromete o bem-estar da filha.
Outros pacientes e moradores também relataram dificuldades para obter os medicamentos, apontando que a falta foi maior do que o habitual. Segundo relatos, o problema não se restringiu a Bauru e afetou também outras cidades da região, já que a Farmácia de Alto Custo atende pacientes de municípios variados.
A unidade funciona no HEB, na avenida Luiz Edmundo Carrijo Coube, 1-100. Para mais informações, os usuários podem entrar em contato pelo telefone (14) 3103-7777.