OPINIÃO

Brasil - pacificar para desenvolver

Por Carlos Alberto Di Franco |
| Tempo de leitura: 3 min

O Brasil está cansado da gritaria e da polarização estéril. Conciliação, tolerância e perdão fazem parte da tradição deste país generoso. Getúlio Vargas perdoou tanto comunistas quanto integralistas que tentaram derrubar seu governo. Juscelino indultou os militares que se ergueram contra sua eleição. E os exemplos se multiplicam em nossa história. É preciso pensar no bem maior da pacificação.

O Brasil está quebrado. O Estado não tem recursos para nada. Aumentar impostos é uma insanidade. Só o desenvolvimento pode nos salvar. E o desenvolvimento exige um clima de paz construtiva - não a beligerância estéril da política do confronto permanente.

A sociedade não aguenta mais a radicalização. O Brasil vive aprisionado em um círculo vicioso. A disputa política, hoje, é movida por paixões e ódios, não por ideias e soluções. Personalidades são tratadas como semideuses ou demônios. As redes sociais inflamam o confronto. A razão se perde. A serenidade desaparece.

Vivemos um momento delicado. A polarização contaminou tudo. A política virou guerra. O "nós contra eles" tomou conta da cena. Não há espaço para o meio-termo. Ou se adora ou se odeia. Isso empobrece o debate. Dificulta consensos. Impossibilita a construção de soluções duradouras. A política virou palco de vaidades. Disputas personalistas ocuparam o lugar do serviço público. Populismo e narrativas emocionais tomaram o espaço do bom senso. A agenda nacional está à deriva. Os extremos se retroalimentam. E o país afunda em discussões estéreis. Não é esse o caminho.

O Brasil precisa de rumo. Precisa de um projeto nacional. Educação, saúde, ciência, tecnologia, segurança, infraestrutura, desenvolvimento sustentável da Amazônia — tudo isso precisa ser tratado como prioridade de Estado, e não como moeda de troca no balcão da barganha política. Mas, para isso, é preciso baixar as armas do ódio. É preciso dialogar. Construir pontes. Buscar convergências. Governar não é guerrear. É unir. É negociar. É ouvir. É liderar com equilíbrio e responsabilidade.

A radicalização não está apenas no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. Ela entrou nas casas, nas amizades, nos ambientes de trabalho. Criou muros. Desfez laços. Reduziu o debate a trincheiras ideológicas. É uma ameaça real ao tecido social. E, pior, impede o progresso.

Não é possível crescer em um ambiente de confronto permanente. A democracia exige pluralismo. Divergência, sim. Inimizade, não. Discordância, sim. Intolerância, jamais. A política deve voltar a ser espaço de construção, de diálogo, de projeto. É hora de virar a página.

A ascensão das redes sociais potencializou o ruído. O radicalismo rende mais cliques. A gritaria dá mais audiência. Mas destrói o debate. A política vira espetáculo. O argumento cede espaço ao ataque. A reflexão é engolida pelo impulso. Isso é um desastre para qualquer democracia.

Como lembrou Aldo Rebelo, "é preciso retomar o desenvolvimento econômico, científico, tecnológico e social, combinados com a projeção de poder diplomático e militar em harmonia com nossas legítimas aspirações nacionais". Trata-se de pensar grande. De sonhar com os pés no chão.

Mas nada disso será possível com a política em permanente estado de guerra. O país precisa de paz para crescer. De unidade para avançar. De serenidade para planejar. De diálogo para executar.

O tempo da polarização estéril precisa acabar. O Brasil precisa virar essa página. A democracia se fortalece no encontro das diferenças - não na aniquilação do outro. A reconstrução nacional começa com a pacificação.

O Brasil exige estadistas - e não incendiários. O país clama por construtores, não por demolidores. A esperança precisa vencer o rancor. O futuro depende disso.

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