A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) atualizou suas diretrizes sobre dislipidemias (aumento de colesterol e/ou triglicerídeos no sangue) e prevenção da aterosclerose.
As novas regras trazem valores mais rígidos para avaliação do colesterol, uma nova classificação de risco considerada "extremo" e a recomendação de medir ao menos uma vez na vida uma lipoproteína cujo aumento tem origem genética e está associado a maior risco de problemas cardíacos.
"A diretriz tem por objetivo orientar especialistas e clínicos gerais na identificação do risco cardiovascular, bem como no tratamento das dislipidemias, permitindo dessa forma reduzir a mortalidade por doença cardiovascular no Brasil", diz José Francisco Saraiva, membro da SBC e um dos autores das novas regras.
Na prática, as diretrizes reduziram o valor ideal da lipoproteína de baixa densidade (LDL), o chamado "colesterol ruim", para indivíduos de baixo risco: até 115 mg/dL, contra 130 mg/dL das regras anteriores. Para as demais faixas, o valor de referência segue igual: risco intermediário, abaixo de 100 mg/dL; alto, menor que 70 mg/dL; e muito alto, até 50 mg/dL.

Hipertensão também tem várias atualizações
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) também divulgaram na quinta-feira passada, novas diretrizes para diagnóstico de hipertensão arterial no país.
Com as mudanças, a pressão a partir de 12 por 8 (120 mmHg sistólica e/ou 80 mmHg diastólica) passa a ser considerada um quadro de pré-hipertensão, de alerta para o paciente. Já a hipertensão arterial oficial segue sendo a partir de 14 por 9 (140 mmHg sistólica e/ou 90 mmHg diastólica).
Segundo o documento, "essas alterações buscam identificar precocemente indivíduos em risco e incentivar intervenções mais proativas para prevenir a progressão para hipertensão arterial".
Nessa faixa, ainda não são necessários medicamentos, mas passam a ser indicadas mudanças de estilo de vida, como não fumar; ter hábitos alimentares saudáveis; manter o IMC abaixo de 25 kg/m²; reduzir ingesta de sal e aumentar a de potássio; realizar atividade física; diminuir o consumo de álcool e controlar o estresse.
Risco extremo

A novidade é a criação da categoria de risco extremo, em que o LDL não deve ultrapassar 40 mg/dL. Essa classificação considera fatores como histórico familiar de doença cardiovascular precoce, obesidade, diabetes e esteatose hepática. O documento também estabeleceu valores de referência mais rígidos para o não-HDL, medida que agrupa todo colesterol no sangue excluindo apenas o HDL, que é considerado o "bom".
O indicador passa a ser reconhecido como meta coprimária de controle, junto ao LDL, e ter o nível ideal de até 145 mg/dL para pessoas de baixo risco cardíaco, contra 160 mg/dL da diretriz anterior. Para as demais faixas de risco, o valor de referência permanece o mesmo: risco intermediário, inferior a 130 mg/dL; alto, menor que 100 mg/dL, e muito alto, abaixo de 80 mg/dL. No caso da nova categoria de risco extremo, o ideal é um não-HDL de até 70 mg/dL.
Alimentação sem riscos
* Reduzir o consumo de gorduras saturadas e trans: presentes especialmente em carnes processadas, frituras, margarina e alimentos ultraprocessados
* Aumentar o consumo de fibras solúveis: alimentos como aveia, maçã, feijão, cenoura e frutas cítricas auxiliam na eliminação do excesso de colesterol do organismo
* Incluir gorduras boas na alimentação: como azeite de oliva extravirgem, abacate, nozes, castanhas, sementes de chia e linhaça
* Consumir peixes ricos em ômega 3: salmão, atum e sardinha são boas fontes, e o ideal é consumi-los semanalmente
* Evitar o excesso de açúcar e carboidratos refinados: pois favorecem o aumento dos triglicerídeos, outro fator de risco cardiovascular