TEATRO

Entre grades invisíveis, 'Cárcere' leva a palco dor e resistência


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Priscila Medeiros
Atrizes Vilma Rodrigues e Thais Neris, durante ensaio da peça
Atrizes Vilma Rodrigues e Thais Neris, durante ensaio da peça

O Teatro Municipal "Celina Lourdes Alves Neves", em Bauru, será palco da estreia de "Cárcere", peça e projeto artístico expandido que tem por objetivo ampliar o debate sobre as diversas formas de violência contra a mulher — das invisíveis às mais explícitas — por meio da arte, na próxima sexta (7).

A entrada é gratuita, com reserva de ingressos para a peça e o show pelo Sympla (acesse via QR Code). Os assentos serão livres, sem lugares marcados, e a ocupação será feita por ordem de chegada. Recomenda-se que o público chegue com antecedência para garantir bons lugares. O público é convidado a contribuir com a doação de um item de higiene íntima feminina, destinado ao Instituto Elas e ao Centro Cultural Tobias Terceiro. A programação tem início às 19h, integrando exposição de artes femininas, pocket show e a peça teatral.

Com texto de Vilma Rodrigues e direção de Vagner Clemente, a peça Cárcere nasceu de um monólogo íntimo, encenado por Vilma Rodrigues e apresentado em diversas cidades da região, a partir de 2022. "Agora, expandida, a peça se transformou num projeto coletivo e criativo que une teatro, música e outras linguagens artísticas para denunciar as diversas violências cometidas contra as mulheres, especialmente contra os corpos pretos", explica a autora do texto, Vilma Rodrigues.

"O projeto expandido convida o público a atravessar uma experiência artística e reflexiva em múltiplas camadas", completa o diretor Vagner Clemente.

A PEÇA

Interpretada por Vilma Rodrigues, Thais Neris e Letícia Fernandes, que assina a trilha ao violino, "Cárcere" terá início às 20h, com direção geral e artística de Vagner Clemente.

Em cena, as atrizes conduzem o público por um mergulho poético e visceral, que parte da intimidade do monólogo para alcançar a força de um coletivo que se recusa a silenciar.

Mais do que um espetáculo, Cárcere é denúncia. No palco, Vilma e Thais interpretam o consciente e o inconsciente de Claudia, mulher aprisionada no cárcere da esposa perfeita, atormentada pela sogra e apagada pelo marido. A violinista Letícia Fernandes dá o tom do enredo como se a música estivesse dentro da cabeça das Claudias em crise.

Juntas, escancaram violências vividas por tantas mulheres, trazendo à tona cenas de uma realidade disfarçada de "bons costumes" e caracterizada por tortura psicológica e preconceito racial. Um convite para a reflexão sobre as diversas formas de cometer e sofrer violência.

Exemplos de violências invisíveis: ameaças, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento (proibir de estudar e viajar ou de falar com amigos e parentes), vigilância constante, perseguição contumaz, insultos, chantagem, exploração, limitação do direito de ir e vir, ridicularização, tirar a liberdade de crença, distorcer e omitir fatos para deixar a mulher em dúvida sobre a sua memória e sanidade (gaslighting)

Exposição e pocket show

Na Galeria Municipal "Angelina W. Messemberg", a partir das 19h, ocorre a 1ª Exposição de Arte d'Elas - "Reexistir, Reflorescer, Ressignificar", realizada pelo Instituto Helenas. A mostra propõe uma profunda reflexão a partir da composição de três obras de grupos de mulheres de Bauru: Afrocria, As Saletes e Crisálidas. A curadoria é de Julia Yuri Landim Goya, com apoio do Instituto Elas.

No mesmo horário, acontece o Pocket Show com Gabi Ilê (vocal), Adriano Martins (contrabaixo) e Roger Pereira (piano), apresentando canções que traduzem em som o indizível, dando corpo às dores e resistências.

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