COLUNISTA

Alegrem-se

Por Hugo Evandro Silveira |
| Tempo de leitura: 3 min
Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril

Por Carlos Brunelli

'Não me refiro a uma alegria do tipo êxtase, que soa como positividade tóxica. Para mim, joy é um sentimento de contentamento, de bem-estar, que vem de dentro. Justamente por ser algo interno e não depender das circunstâncias, tem o potencial de ser uma constante, permitindo que possamos apreciar a vida mesmo diante dos desafios do envelhecimento'.

A consideração é da gerontóloga norte-americana Kerry Burnight, que durante 18 anos lecionou medicina na Universidade da Califórnia, muitos deles dedicados à área da geriatria, a especialidade médica dedicada às condições de saúde que afetam a população idosa não só nos aspectos físicos, mas também nos emocionais, cognitivos e sociais envolvidos com o envelhecimento.

O joy da sua afirmação é um andar adicional aos conceitos de qualidade de vida na terceira idade, que já contavam com os de prolongamento de anos (expectativa de vida) e de vida saudável (sem doenças incapacitantes). Na concepção da Dra. Burnight, viver anos de alegria na segunda metade da vida é algo essencial para mudar a mentalidade de ideias negativas sobre a velhice, defendendo que o contentamento é uma escolha.

A ciência normal e frequentemente guarda uma distância dos aspectos espirituais e religiosos, por entender que estes podem contaminar suas conclusões acadêmicas do conhecimento. Nada mais inapropriado, se considerarmos que o intelecto - utilizado como ferramenta principal no desenvolvimento de teorias que mais tarde se tornam "descobertas científicas" - provém de Deus.

O estudo da gerontóloga norte-americana não seria uma novidade para o apóstolo Paulo, que dois mil anos atrás já pregava a alegria como força motriz, impulsionadora de um estado de espírito que deve ser cultivado e mantido sempre no Senhor. No contexto de sua carta aos Filipenses, Paulo exorta os membros daquela igreja a manterem uma atitude de alegria, mesmo em meio às dificuldades. Ensina que a alegria não é uma emoção passageira e dependente de circunstâncias externas. "Alegrem-se sempre no Senhor; outra vez digo: alegrem-se!" (Filipenses 4:4). Ela - a alegria - fortalece os crentes, melhora a saúde e, mais que um sentimento, é um modo de vida ser praticado com esperança e gratidão.

Na conclusão de sua teoria, Burnight cria uma matriz com quatro linhas fundamentais de ação para elevar e manter o espírito alegre: (1) crescer - não se condicionar a hábitos e comportamentos enraizados; (2) conectar-se - estar próximo de pessoas, cultivando amizades novas e antigas; (3) adaptar-se - as situações mudam o tempo todo e lamentar-se não é a opção mais benéfica; (4) dar - doar seu tempo, atenção e carinho.

Voltemos à carta de Paulo aos filipenses. Há um claro estímulo para o alcance da perfeição espiritual, para o crescimento da fé, avançando para as coisas que estão diante de nós. Há também ênfase na comunhão, na união de alma e mente, mantendo e ampliando amizades pelo mesmo modo de pensar e agir. Apesar de preso e a caminho do martírio, Paulo não se rendia á sua condição de isolamento, adaptando-se à situação de cativeiro que Deus lhe proporcionara para pregar o evangelho à guarda pretoriana e doando seu tempo, atenção e carinho na transformação de mentes ainda não alcançadas pela luz de Cristo. Seria razoável pensar que a Dra. Burnight inspirou sua teoria ampliativa das condições favoráveis a uma vida mais completa na velhice, mesmo que de forma não intencional, a uma leitura atenta à epístola de Paulo aos Filipenses.

"O que foi é o que há de ser; e o que se fez se tornará a fazer; não há nada de novo debaixo do sol. Será que existe alguma coisa de que se possa dizer: 'Veja, isto é novo!'? Não! Já existiu em tempos passados, muito antes de nós." (Eclesiastes 1:9,10).

Cultos Online: https: www.youtube.com/@tvibatistaestoril
63 anos atuando Soli Deo Gloria

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