Sem previsão de chuvas significativas ao menos nos próximos dez dias e com temperaturas em elevação, que podem bater os 38 graus nesta semana, o DAE não descarta a possibilidade de endurecer ainda mais o racionamento de água nas regiões da cidade abastecidas pelo Rio Batalha. Desde a última sexta-feira (26), em razão da falta significativa de chuvas há 90 dias, cada um dos dois grandes grupos que antes recebia água por 24 horas, com suspensão por outras 24 horas, está sendo atendido por 14 horas, com pausa por 34 horas.
No início da tarde desta segunda-feira, a lagoa de captação do manancial chegou a 1,49 metro e, após o desligamento das bombas, subiu a 1,86 metro até as 21h40, sendo o ideal 3,20 metros. A perspectiva é de que o DAE não espere o patamar extremo de operação, de 1,30 metro, ser atingido devido ao risco de detritos depositados no fundo da represa serem sugados pelas bombas da Estação de Tratamento de Água (ETA). Assim, se o nível continuar baixando, novas medidas precisarão ser adotadas. "Neste momento, não há expectativa de alteração. Mas, se esta situação adversa persistir, poderemos diminuir a carga horária efetiva e fazer a complementação com mais caminhões-pipa", diz o presidente da autarquia, João Carlos Viegas da Silva.
Durante o fim de semana e nesta segunda, o Jornal da Cidade recebeu reclamações de moradores que afirmam estar há pelo menos dez dias sem água nas torneiras. Uma delas é a auxiliar de entregas Irene Titton, moradora da Vila Pacífico. "Gostaríamos que o DAE nos desse uma solução, pois é inacreditável e inaceitável essa situação. Estamos há 11 dias sem chegar uma gota de água, cansados, estressados, esgotados", relata. Há queixas ainda sobre demora de até sete dias para atendimento de pedidos de caminhões-pipa - prazo que, segundo Viegas, não tem ultrapassado três dias.
SEM REGISTROS
Ele também afirma não haver registros recentes no DAE sobre imóveis sem receber água ininterruptamente por vários dias. De acordo com o presidente, eventuais falhas são pontuais e podem ocorrer, por exemplo, por interrupção no abastecimento para manutenção da rede de água.
"O vendaval registrado na semana passada desligou 32 poços e, nos dias seguintes, tivemos oscilações de energia. Por isso, estas regiões também precisaram ser atendidas por pipas, mas, agora, a situação foi normalizada", pondera. Viegas também pede a colaboração da população para que a água produzida pelo Batalha possa chegar nas regiões mais altas da cidade. Como medida para reforçar o abastecimento, o DAE contratou caminhões-pipa de forma emergencial. Nesta segunda, 13 estavam em operação (sendo seis da própria autarquia), número que deverá chegar a 16 a partir de quarta-feira. "Posso chegar a 30, 40 pipas, se precisarmos mudar o rodízio, assegurando o atendimento de 100% da população, como vamos conseguir garantir a partir desta semana", finaliza.