OPINIÃO

Mata urbana

Por Antonio Sergio Sanches | O autor é colaborador de Opinião
| Tempo de leitura: 1 min

Mata...Eu pedi para gritar por você no show do Sesc. E ele gritou!

A mata pegou fogo, o fogo pegou a mata. Só a mata não pegou no povo. Ardeu e está ardendo. Ninguém conseguiu apagar. Pega fogo desde ontem.

Narizes ardendo, olhos lagrimejando e o fogo pegando. As cinzas mostram o quanto estamos despreparados. Não gostamos de folhas caídas, não gostamos de galhos que se alongam. Não gostamos da natureza. Gostamos do concreto.

A mata é abstrata. Agora, depois de um dia e meio de fogo, as asas rotativas sobrevoam a destruição, poderia até numa rasante apagar com uma golfada de ar.

Nada, nada, nada, e o fogo continua a queimar narizes e a fazer rolar lágrima dos olhos. O fogo pegou e parece que não vai parar. A mata vai ficar desprotegida e o capim vai tomar conta. No próximo inverno o fogo vai ser pior e a mata vai desaparecer devagar, devagarinho como no samba.

Para que parar de queimar se já queimou. Vamos olhando, chorando, reclamando e poucos plantando. Nossa cidade já vive clima de deserto. De dia calorão a noite vento frio. Perfeito deserto. Chegou a hora de plantar em qualquer canto em qualquer lugar. Se não plantarmos, não teremos água. Pior do que agora que não temos como levar água até o meio da mata. Ficaremos com narizes, olhos e bocas secas.

Cadê o balaio de água?

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