OPINIÃO

Não ser humano

Por Marjorie Rocha |
| Tempo de leitura: 2 min

O fanatismo religioso é uma poderosa "droga lícita", mas a sociedade não está preparada para esta conversa. Aliás, conversa é o que não se vê na rede social. O que deveria ser um espaço para debates inteligentes e opiniões interessantes, transformou-se num ringue de boxe. A pretexto de desqualificar o governo federal, uma parcela significativa da população se posiciona de forma impulsiva e agressiva e desfere golpes de ofensas e enxurrada de desinformação, sem o menor senso crítico.

A cegueira mental, social, política e jurídica em diversas camadas sobrepostas, vai de jovens estudantes até vovôs e vovós (com todo respeito). Parece que não se importam mais em simplesmente verificar se o que dizem faz sentido frente à realidade. A alienação provoca-lhes a perda do sentido mais sutil e humano. E, quando se lhes apresenta um texto bem escrito, querem interpretar conforme sua conveniência, ignorando por completo todo o esforço, dedicação e conhecimento por de trás das palavras. São absolutamente rasos e literais. Não distinguem evidência de mera insinuação. Fingem que não entenderam aquilo que salta aos olhos como fato irrefutável. Uma sociedade de zumbis digitais, na qual a inteligência relacional só serve para usar e descartar.

E, a despeito de tanta convicção "moral", continuam com o dedo em riste a apontar para todos que se comportam de forma diferente e ousam pensar em outras ideias. Temem ser desmascarados, então não utilizam argumentos. Se escondem. Caminham à margem do crivo da civilidade, da cordialidade e da gentileza. São rudes, brutos, falam alto e muito. Têm preconceitos velados e escancarados, e não sentem qualquer constrangimento em defender o que não seja ético.

Afirmam-se religiosos. Ausentes em praticar a boa moral que insere-se na honestidade consigo e com o outro. São hostis e deturpam gestos que "desconhecem", pois não são sensíveis a um sorriso singelo ou um abraço fraterno. Detesto pessoas assim. Não têm alma. Nasceram, viveram e vão morrer na superfície da Vida. Não são curiosos para aprender. São arrogantes e cruéis. Não se importam com nada além do dinheiro e do status social. Pensam viver numa ilha e usufruir de uma liberdade irrestrita. Desprezam quem lhes impõem limites, pois não suportam ceder e negociar seus próprios interesses.

Sabem se emocionar com vitórias financeiras, partidas de futebol, churrascos regados a bebedeira, e deleitam-se em contar vantagens aos "amigos", para saborear o olhar invejoso. Ai de alguém questionar a sua conduta! O alecrim dourado ou a flor do campo, saca um revólver e começa uma perseguição implacável. Deveriam ser tratados com psiquiatras e remédios controlados. São perigosos e covardes. Gostam de provocar medo e promovem frequente intimidação aos supostamente "mais frágeis." Fincam suas garras no pescoço de quem tenta se opor às suas sandices. São pessoas que não sentem; e as que sentem, só sentem para si. Foram treinadas para competir e eliminar. Temem a Deus, mas nunca à própria (in) consciência.

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