A escalada de acidentes de trânsito em Bauru e a visível desobediências das regras e leis por parte de muitos condutores voltou a ser tema de preocupação pública nesta quarta-feira (10), quando a Câmara Municipal promoveu uma reunião para debater os índices de ocorrências e as medidas que vêm sendo adotadas para conter a violência nas ruas. O encontro foi convocado pelo vereador Sandro Bussola (MDB), presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa.
O plenário reuniu parlamentares de diferentes partidos, além de representantes da Emdurb, do Samu, do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes (Sindtran). A diversidade de vozes refletiu a urgência do tema: a cada dia, em média, de 9 a 10 chamados de acidentes chegam ao Samu, segundo informou a gerente do serviço, Mariah Reinato Ferrão.
Apesar de a Emdurb registrar queda de 17,6% no número de mortes em relação a 2024, os dados seguem alarmantes: 14 vítimas fatais entre janeiro e agosto deste ano, contra 17 no mesmo período do ano passado.
As principais causas continuam sendo velhas conhecidas: dirigir sob efeito de álcool, avançar o sinal vermelho e o uso de celular ao volante. "Essas atitudes irresponsáveis estão por trás da maior parte dos acidentes que atendemos diariamente", reforçou o 1º Tenente PM Fábio de Lima Félix, da Polícia Militar.
O Corpo de Bombeiros também alertou para a alta demanda de atendimentos em ocorrências de trânsito, muitas delas sem vítimas graves, mas que mobilizam recursos da corporação.
Outro ponto debatido foi a atuação do Grupo de Operações de Trânsito (GOT), que pode ser acionado em acidentes sem vítimas para organizar a via e registrar as circunstâncias. O serviço, no entanto, ainda é pouco utilizado. Os vereadores cobraram da Emdurb maior divulgação sobre a função do grupamento.
No campo estrutural, a discussão avançou para a necessidade de planejamento urbano. Bussola questionou a ausência do Instituto de Planejamento no novo Plano Diretor do Município. A secretária municipal de Aprovação de Projetos, Rafaela Foganholi, admitiu que a proposta foi retirada, mas não descartou sua reinclusão: "Ainda há manifestações em aberto, existe a possibilidade de retornar", afirmou.
Com um quadro de mortes que insiste em se repetir ano após ano, a reunião reforçou a urgência de ações mais efetivas para reduzir a violência no trânsito de Bauru, que segue sendo uma das principais causas de mortes evitáveis no município.