COLUNISTA

Independência do Brasil e a Verdadeira Independência da Alma

Por Hugo Evandro Silveira: hugoevandro15@gmail.com | Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril
| Tempo de leitura: 4 min

Quando pensamos em independência, vemos a cena clássica: D. Pedro às margens do Ipiranga, 7 de setembro de 1822, o brado que marcou nosso nascimento como nação. Heroísmo incontestável ou ato político? Debate à parte, aquele dia inaugurou a construção do Brasil soberano, livre do jugo português e com identidade social e política própria.

Mas existe uma liberdade mais urgente: a da alma. Não é ruptura com uma coroa, e sim com correntes invisíveis - culpa, medo, pecado, vazio. Essa independência foi conquistada há dois mil anos, quando Jesus Cristo morreu na cruz e ressuscitou ao terceiro dia, oferecendo perdão e vida nova a todo o que crê. Séculos depois, em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero fixou 95 teses em Wittenberg e amplificou essa boa notícia: salvação pela graça, mediante a fé, segundo as Escrituras. O que começou no coração alcançou a cultura: política, economia, moral, filosofia, literatura, educação, instituições - nada ficou intocado. A Reforma Protestante foi um terremoto espiritual e social: na educação, abriu da alfabetização à universidade; na vida pública, promoveu responsabilidade pessoal; na fé, recolocou a Bíblia no centro e libertou a consciência para servir a Cristo, o único Senhor.

Em 1557, quarenta anos após Lutero, essa chama cruzou o Atlântico e tocou o Brasil, com o intuito de proclamar a independência da escravidão do pecado sob o poder da graça de Cristo. Na Baía da Guanabara, aportou a expedição francesa de Nicolas Durand de Villegaignon, apoiada por Gaspard de Coligny, com missionários enviados por João Calvino. Em 10 de março celebrou-se o primeiro culto protestante no Brasil e nas Américas; em 21 de março, a primeira Ceia do Senhor em solo brasileiro. A reação foi severa: perseguidos pelos portugueses, a maioria retornou à Europa; quatro deles porém foram presos, confessaram publicamente a fé e morreram martirizados. Antes, redigiram a primeira confissão de fé cristã brasileira - a Confissão de Guanabara, com 17 artigos. A França Antártica extinguiu-se como projeto, mas deixou na América Latina a semente do evangelho, regada com sangue e fé.

A segunda tentativa de acender a chama da liberdade - proclamando a independência do pecado pela graça de Jesus - surgiu em 1630, quando os holandeses tomaram Recife e Olinda sob João Maurício de Nassau. Em 24 anos, ergueram 22 igrejas, dois presbitérios e um sínodo; mais de cinquenta pastores serviram com pregadores e oficiais. Evangelizaram povos indígenas, traduziram porções da Bíblia, ordenaram líderes nativos e formaram famílias com protestantes e judeus vindos da Holanda. O objetivo era claro: proclamar o Evangelho e fazer de Recife uma Nova Amsterdã. Expulsos em 1654, seguiram para o norte e cooperaram na construção de Manhattan - a Nova Amsterdã nos Estados Unidos. O Brasil, outra vez, fechava as portas à liberdade de culto.

Somente em 1808, com a chegada da família real portuguesa, anglicanos protestantes puderam desembarcar oficialmente no Brasil. A Constituição de 1824 prometia liberdade religiosa e o país buscou imigrantes europeus - a grande maioria protestantes. Porem só com a República (1889) a liberdade de culto se consolidou. Do século XIX em diante, missionários dos Estados Unidos e da Europa trouxeram a ciência, escolas, hospitais, engenharia, arquitetura, farmácia, tipografias - e, acima de tudo, a mensagem central evangélica: "Cristo salva pela graça, por meio da fé" - conforme as Escrituras. Essa Palavra percorreu estradas de terra, alcançou lares, transformou famílias e lançou os alicerces do evangelho no Brasil.

Tudo isso nos traz a um ponto decisivo: Se em 07 de setembro celebramos a nossa independência política, a independência espiritual é mais profunda e eternal. Não conquistada à espada, mas pela Palavra de Deus; não preservada por tratados humanos, mas pela graça divina; não se delimita no mapa, mas no coração. O Brasil precisa de cidadãos livres - e de pessoas verdadeiramente livres por dentro. De que adianta uma nação soberana se homens e mulheres seguem prisioneiros da culpa, dos vícios e do medo da morte? De que adianta progresso se a alma permanece acorrentada? A verdadeira independência tem nome: Jesus Cristo. Ele disse: "Se Eu vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (cf. Jo 8.36).

Hoje, não adie - responda ao convite. Dê o primeiro passo: Creia e receba pela graça a libertação que Cristo lhe oferece pra toda eternidade. A boa notícia chegou em terras brasileiras: A ressurreição trouxe independência ao que crê e o Espírito Santo capacita-nos a vivermos livres, perdoados e reconciliados com o Criador. Que este e todos os setembros celebrem um Brasil crescente de corações libertos em Cristo, onde a justiça floresça.

IGREJA BATISTA DO ESTORIL

Cultos Online: https: www.youtube.com/@tvibatistaestoril

63 anos atuando Soli Deo Gloria

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