COLUNISTA

Quem pode mais

Por Carlos Brunelli |
| Tempo de leitura: 3 min

O mundo parece circunscrito a uma colossal arena, na qual inúmeros palcos foram erguidos e funcionam simultaneamente, alguns tendo a atividade temporariamente suspensa caso diminua momentaneamente o interesse em sua atração, ou desativados e substituídos quando sua finalidade primária é superada ou se esvai.

Em cada um desses palcos uma disputa incansável se estabelece, um cabo-de-guerra com regras pouco claras e plateia rotativa, como bem cabe à sociedade fluida, volátil de hoje em dia. Quem detém o direito de transmissão das contendas dá ênfase segundo sua exclusiva conveniência do momento, colaborando para que nenhum interesse seja permanente ou demasiadamente fixo a ponto de concentrar as atenções e neutralizar a necessidade de outros cenários que se sucedem e alimentam a roda-viva.

Apenas um aspecto permanece inalterado: a demonstração de poder; a submissão do oponente da vez. Quem tem a maior fortuna; quem dita as regras sociais; quem estabelece o regime político adequado; quem lota mais estádios; quem tem mais seguidores nas redes sociais; quem gera mais likes; quem possui maior quantidade de carros na garagem; quem é mais letal; quem escandaliza mais; quem viaja mais; quem tem o maior iate. As opções são praticamente infindáveis e novas alternativas de escolha surgem quando menos se espera. A face comum a todas, porém, é a de se fixar sempre no terreno material ou no da moralidade ao menos discutível. Quem manda, quem pode mais? Apenas isso interessa.

Como somos seres criados e não autogerados como advogam e querem alguns, devemos obediência ao nosso Criador, e uma leitura com aplicações contemporâneas de Isaías 10 e 11 certamente faria bem a esses pleiteantes à supremacia. Isaías 10:13 cita: "Porque o rei disse: 'Eu fiz isso com o poder de minha mão e com a minha sabedoria, porque sou inteligente. Removi os limites dos povos, roubei os seus tesouros, e como valente abati os que se assentavam em tronos". Uma possível releitura moderna teria a seguinte interpretação: 'O arrogante poderoso disse: Fiz isso por mim mesmo, sem ajuda de ninguém, apenas com a minha esperteza e com a minha sabedoria, porque sou inteligente. Redefini os limites geográficos das nações a meu bel-prazer, me apropriei das riquezas alheias e aniquilei sem dó quem a mim desafiou'. Em sua cega celebração de vitória, esse pseudo vencedor pararia por aí e não leria a derrocada nos versículos posteriores, tampouco o capítulo seguinte do livro, que profeticamente acena para a vinda de Jesus, aquele a quem foi dado todo o poder, a autoridade suprema sobre todas as coisas: "Repousará sobre ele o Espírito de sabedoria e de entendimento; de conselho e de fortaleza; de conhecimento e de temor do Senhor. Não julgará segundo a aparência, nem decidirá sobre o que ouviu dizer" (Isaías 11:2,3).

Ser sábio é ser sensato e equilibrado; agir em conformidade à razão e à moral. Entendimento (inteligência) é não só se distinguir pelo grande saber, mas também pela compreensão do mundo e por uma vida exemplar. Conselho (aconselhamento) é iluminar as consciências - própria e de outros - de forma honesta e correta em momentos de dúvida, escolhas e responsabilidade. Fortaleza é força interior para enfrentar adversidades e tentações, com coragem e retidão para não se desviar. Conhecimento é apoiar-se nas verdades reveladas para ter compreensão sobre as coisas de Deus. Temor do Senhor não se trata de um medo paralisante, mas de uma admiração que leva à obediência, ao arrependimento e ao afastamento do mal. A perfeita justiça não é a pessoal, particular e privativa, mas a que se recebe gratuitamente como um presente imerecido vindo do próprio Deus.

E então, quem pode mais? Agora, a resposta você já sabe.

IGREJA BATISTA DO ESTORIL
Cultos Online: https: www.youtube.com/@tvibatistaestoril
63 anos atuando Soli Deo Gloria

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