COLUNISTA

A humanidade na sua pior versão

Por Carlos Brunelli |
| Tempo de leitura: 3 min

'Os físicos conheceram o pecado, e este é um conhecimento que eles não podem perder'. A famosa frase de J. Robert Oppenheimer, diretor científico do projeto da bomba atômica detonada sobre Hiroshima e Nagasaki, bem caberia para todos os grupos profissionais que se possa imaginar. Basta um rápido folhear dos jornais, uma passada de olhos pelos sites de notícias, uma atenção ligeira aos podcasts e canais da internet para se dar conta de que nenhuma classe escapa. A diferença está somente no maior ou menor grau de envolvimento; na maior ou menor quantidade de envolvidos. Vários cederam às pressões do sistema; muitos se perderam com interpretações convenientes da realidade; poucos resistiram impávidos.

Atores políticos e agentes públicos; profissionais da área da saúde; operadores do direito e da justiça; organismos de segurança; educadores dos mais diversos níveis; autoridades eclesiásticas; empresários, esportistas, artistas; comunicadores de toda espécie e atividade; engenheiros, cientistas, psicólogos, para onde quer que se olhe deparamos com seres humanos corrompidos. Não se trata apenas de corrupção material, ideológica ou financeira, mas também moral. Degradação de valores em vertiginosa e crescente espiral; roubalheiras cada vez mais sofisticadas e cada vez mais descaradas - públicas e privadas; golpes, subornos, chantagens, escândalos em profusão.

A revolta e o asco de antigamente deu lugar à aceitação passiva, à banalização do ilícito, à normalidade de se tirar vantagem à custa do próximo, ao comodismo com o erro proposital. A quantidade disparatada de acontecimentos indignos deveria provocar uma reação de igual magnitude, porém tem abalado a disposição ao combate, revelando uma triste sensação de desânimo. A impressão é de que nenhuma luta adianta, pois a um escândalo se sucederá outro; a uma ilegalidade, outra maior sobrevirá. A perplexidade e a sensação de revolta vão desvanecendo; dissipam na mesma velocidade em que as transgressões e as agressões ao bem comum acontecem.

A humanidade parece estar vivendo a sua pior versão. Em outros momentos da história tivemos cenários semelhantes e, neles, a justiça divina foi derramada. No episódio do dilúvio, o Criador resolveu acabar com todos os seres humanos "porque todos os seres vivos haviam corrompido o seu caminho na terra" (Gênesis 6.11,12). Poupou apenas Noé e sua família. Aproximadamente cerca de 400 anos depois, quando da destruição de Sodoma e Gomorra, Deus interveio em razão do clamor pelas duas cidades que a Ele chegava, "porquanto seu pecado havia muito se agravado" (Gênesis 18.20). Observe o padrão que determinou a intervenção e a conjuntura que estamos vivenciando. Um grito de socorro dirigido a Deus paira no ar.

Com frequência a Bíblia menciona que "o Senhor é tardio em irar-se", demonstrando a paciência e longanimidade do Criador. Isso não significa que a ira de Deus seja inexistente, mas sim que Ele oferece oportunidades para arrependimento e perdão. Quando a medida da paciência de Deus é alcançada, ou seja, quando a renitência no pecado é praticada, quando a obstinação pelo mal é persistente, a justiça divina se manifesta.

Através dos versos grafados no Salmo 50, o Senhor já advertia os que insistem na impiedade: "Pois você odeia a minha disciplina e dá as costas às minhas palavras! Você vê um ladrão e já se torna seu cúmplice; com adúlteros se mistura e sua língua trama fraudes. Ficaria eu calado diante de tudo o que você tem feito?". Pode-se demorar para ouvir a voz de Deus, mas quando ela chega é poderosa como o som de muitas águas - o que nos remete ao dilúvio - e forte como trovão - uma hipotética referência ao barulho do fogo e enxofre caindo sobre Sodoma e Gomorra. Mais uma vez, a história caminha para se repetir.

IGREJA BATISTA DO ESTORIL
Cultos Online: https: www.youtube.com/@tvibatistaestoril
63 anos atuando Soli Deo Gloria

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