A maior parte dos incêndios nas zonas urbana e rural de Bauru, entre 1 de julho e 5 de agosto de 2025, foi causada por ações criminosas, segundo o engenheiro que atua como coordenador da Defesa Civil, Marcelo Ryal. Apenas neste período, o número total de ocorrências foi de aproximadamente 150 focos, o que corresponde à metade dos registros no mesmo período do ano passado, acrescenta.
De acordo com Ryal, as regiões mais atingidas foram o Leste e o Sudeste da cidade. Ele destaca ainda que 2024 foi atípico, motivo pelo qual a preocupação com incêndios provocados pela ação humana permanece alta. "As chuvas tardias deste semestre, que só chegaram no outono e início do inverno, contribuíram para o crescimento do capim em pastagens extensivas de Bauru, onde muitos ateiam fogo com intenção de 'limpar' o terreno", afirma.
Essa prática, no entanto, é considerada crime ambiental e é proibida pela legislação brasileira, com pena de reclusão de um a quatro anos e multa, já que o fogo pode se alastrar facilmente e eliminar a vegetação nativa. Um exemplo recente ocorreu no dia 4 de agosto, quando uma área de mata no Jardim Vitória, próxima ao Residencial Andorinhas e à Vila Ipiranga, pegou fogo e teve a vegetação destruída.
Outro incêndio de grandes proporções atingiu uma unidade de conservação ambiental três dias antes, no dia 1. As chamas persistiram até a madrugada do sábado (2), próximo ao Horto Florestal, consumindo uma área de quatro hectares, o equivalente a quase um Parque Vitória Régia inteiro.
Além dos danos ambientais, atear fogo também pode causar a morte de animais silvestres, poluição do ar e riscos à saúde humana e ao patrimônio, enfatiza Ryal. "Tivemos sorte que o vento forte levou a fumaça desses últimos incêndios. Mas quando isso não ocorre, o resultado é a lotação de unidades de saúde", alerta.
Segundo ele, das ocorrências no período, apenas 20 foram consideradas mais significativas para o município. Mesmo assim, Ryal avalia que Bauru precisa de mais educação e conscientização sobre os riscos e consequências das queimadas.
"Nós fazemos panfletagem para conscientizar a população, mas muitos ainda desconhecem as leis e os malefícios para a saúde pública", enfatiza. Em períodos de tempo seco, incêndios já são esperados pela Defesa Civil, que reforçou suas equipes e as posicionou em pontos estratégicos para agilizar os atendimentos.
Por fim, Ryal orienta que a população não utilize aquecedores caseiros improvisados nos dias de frio. "Materiais como álcool, lenha, carvão e latas são altamente inflamáveis e perigosos, principalmente para quem tem criança em casa", conclui.
DENÚNCIAS
Para denunciar incêndios, o contato deve ser feito com o Corpo de Bombeiros, pelo telefone 193. Em caso de flagrante de ateamento criminoso, a orientação é ligar também para a Polícia Militar pelo número 190 e, se possível, registrar o ato com a câmera do celular.