ECONOMIA

Inadimplência


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Com a taxa básica de juros em 15% ao ano, o número de famílias com dívidas ou contas em atraso no país cresceu em julho. Dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostram que a inadimplência chegou a 30,2% da população brasileira — o maior nível desde setembro de 2023. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), o índice subiu 0,5 ponto percentual no mês passado, acompanhado pelo aumento no número de famílias que declararam não ter condições de pagar suas dívidas. Em julho, 12,7% das famílias endividadas disseram não ter condições de pagar as dívidas, o que representa um aumento de 0,2 ponto percentual em relação a junho (12,5%). Desde dezembro de 2024, essa fatia não era tão grande, afirma a CNC.

Emprego formal em queda
O Brasil abriu 166,6 mil vagas formais de trabalho em junho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O número é fruto de 2,14 milhões de contratações e 1,97 milhão de demissões. Os dados representam uma queda de 19% em relação a junho do ano passado, quando foram criados cerca de 206,3 mil empregos com carteira assinada.

Geração de emprego x taxa de desemprego
Os dados mais recentes (no trimestre encerrado em junho) da Pnad contínua apontou queda na taxa de desemprego (5,8%) e mesmo assim o emprego formal perdeu força. Essa aparente contradição - emprego formal caindo enquanto a taxa de desemprego também cai — tem uma explicação baseada em como o mercado de trabalho brasileiro é medido e estruturado. Os conceitos são os seguintes: emprego formal, trabalhos com carteira assinada (CLT), registrados no CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Mais estáveis, com direitos garantidos (FGTS, férias, 13º, etc). Taxa de desemprego (PNAD Contínua/IBGE): mede a proporção de pessoas desocupadas em relação à força de trabalho total. Inclui todos os tipos de ocupação: formal, informal, autônomo, por conta própria, temporário etc.

Como isso acontece?
Crescimento do emprego informal: mesmo com queda nos empregos com carteira, mais pessoas encontram ocupações informais: vendedores ambulantes, serviços domésticos sem registro, trabalho por aplicativos e autônomos e freelancers. Isso aumenta o número de ocupados, o que reduz a taxa de desemprego, mesmo que o emprego formal esteja encolhendo. Recuo da força de trabalho: parte da população pode parar de procurar emprego, seja por: desânimo; retorno aos estudos; aposentadoria ou trabalho não remunerado (cuidados, por exemplo. Isso reduz a base da força de trabalho e, por consequência, diminui a taxa de desemprego, mesmo sem mais empregos sendo criados. Subocupação e ocupações de baixa qualidade: pessoas aceitam empregos com carga horária menor ou salários muito baixos, apenas para “se manter ocupadas”; elas não são consideradas “desempregadas” nas estatísticas.

Exemplo prático
Imagine o seguinte: em um mês, 100 mil empregos formais são perdidos, porém, 200 mil pessoas começam a trabalhar como motoristas de aplicativo, vendedores informais ou freelancers. Resultado: o emprego formal cai, mas o total de pessoas ocupadas sobe, o que faz a taxa de desemprego cair.

Balança comercial com os Estados Unidos
Em meio ao tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dados oficiais divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento (MDIC) apontam que o Brasil registrou déficit em suas transações comerciais com os norte-americanos pelo sétimo mês seguido em julho. Em julho, as exportações brasileiras aos Estados Unidos somaram US$ 3,71 bilhões. Já as importações feitas pelo Brasil totalizaram US$ 4,26 bilhões no período. Com isso, o saldo ficou deficitário para o Brasil em US$ 559 milhões no mês passado. Um déficit comercial significa que o Brasil importou mais produtos americanos do que exportou para os Estados Unidos. O que, para a economia brasileira, representa um cenário desfavorável.

Sinal de alerta: mais tarifas para Índia
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa extra de 25% sobre produtos importados da Índia. Segundo ele, a medida é uma retaliação ao país por continuar adquirindo petróleo da Rússia, o que, na visão do republicano, contribui para a continuidade da guerra na Ucrânia. Com essa nova cobrança, a tarifa total sobre produtos indianos alcança 50% — igualando-se à do Brasil e tornando a Índia um dos países mais taxados por Trump. A medida também serve como um alerta ao governo brasileiro, que mantém relações comerciais com Moscou e pode enfrentar retaliações parecidas.

Mude já, mude para melhor
É na adversidade que as raízes se aprofundam e a força verdadeira floresce. Sempre é tempo para mudar. Mude já, mude para melhor!

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