Quando a morte chega, por mais certo que seja esse fato na vida de todo ser humano, sempre nos impacta, seja próximo ou distante de nós.
Para um pai e uma mãe deve ser muito mais difícil, independente da crença, pois estamos num mundo de provas e expiações e somos apegados à matéria, à vaidade, ao físico, às riquezas materiais.
Vivemos atrás do trabalho, do dinheiro mas precisamos também criar um lastro de valores imateriais: amor, afetividade, caridade, empatia, caridade, etc. Uma forma de blindagem ao mal é cultivar somente coisas boas que nos elevem moralmente, espiritualmente. Só o amor nos interessa. E isso começa dentro de casa, da família e de quem nos acerca.
Antes de ir à turnê de Gil em São Paulo, fiz questão de assistir à série Em casa com os Gil, turnê dos Gil pela Europa. De trem, de ônibus, de carro, de avião, de barco, um desbunde de imagens e de humanidade. Que sonho, embarcar com a família toda para shows em diversas cidades do mundo e ser recebido com tanto amor,carinho, empatia.
Tudo orquestrado por Gil e Flora. A Música é linguagem universal, venerada e a MPB de Gilberto Gil e suas novas gerações é arrebatadora. Eleva a alma e nos ensina de onde viemos , que valores cultivamos e para onde estamos caminhando.
É a cara do Brasil, da Bahia, do Rio de Janeiro, da África, da humanidade. Falo que aprendi mais ouvindo MPB que em livros de escola, principalmente sobre política, historia, sociologia. Ainda mais quem estudou durante a Ditadura (1975-1985).
Só fui ouvir falar da dita cuja nas aulas de cursinho do Anglo no pré vestibular, que vergonha. E na Universidade poucos professores tinham consciência do horror vivido pelo Brasil de 1964 ate 1985, ano da reabertura política.
Voltando ao documentário lá estava Preta, Bela, Nara, filhos, noras, netos, bisnetos, agregados. Equipe técnica, reencontros com outros artistas em turnê pela Europa, Marisa Monte, Milton Nascimento, convidados. Uma apoteose do que existe de melhor no Brasil: nossa cultura em forma de música e diversidade étnica.
Gil me marcou muito nos temas de novelas (Realce, novela Água Viva. Sim, novelas já foram fonte de cultura, contra cultura, literatura e muitos temas são tão atuais e urgentes que surgem remakes). Mas esse modelo já não me prende mais em frente a televisão, salvo exceções.
Gil também esteve em Bauru várias vezes, fui em dois shows dele: um no Kart Indoor ao lado do Motel Nações, um grande encontro que teve o Beto Guedes, Rita Lee e Gil, e noutra vez no Sesc, quando ele era ministro da Cultura com seus dreads coloridos no primeiro governo Lula.
Tempo Rei é uma celebração da vida, da família, da arte, da reflexão, afinal são 80 anos cantando o Brasil, mostrando a cara do exílio, da Tropicália, da reabertura, do Caribe jamaicano, da América Latina dilapidada, das trilhas de novela, da diáspora negra, das trilhas de nossas vidas. Feliz fico em ser contemporâneo desse grande artista e sua numerosa descendência.
E Preta Maria Gadelha Gil esteve por aqui na parada da diversidade, governo Rodrigo. Desceu a Nações de trio elétrico e fez um show maravilhoso no Vitoria Régia (tem matéria no youtube). Preta presente para sempre.
Axé Gil, Preta, Bahia, Brasil, Palestina, Mundão. Como sempre falo: eram os deuses baianos? Pernambucanos? Mineiros? Paulistas. A Regeneração da humanidade passa pelo Brasil, pela Amazônia, pelo Amor, por Chico, Divaldo, Dom Paulo, Dom Helder, Leonardo Boff, pela reinvenção e refundação do Brasil Amor.
Aquele abraço apertado em todos que defendem a Democracia, a Liberdade, o Amor, a Vida, a Diversidade Humana!
Até o próximo encontro, aqui, lá e acolá.
Sem anistia!