BAURU

Fim da escala 6x1 não afeta a produtividade, diz Vicentinho

Por Tisa Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Cássia Peres/JC
Vicentinho esteve no Espaço Café com Política, no Jornal da Cidade
Vicentinho esteve no Espaço Café com Política, no Jornal da Cidade

Dois estudos divulgados recentemente pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) projetam a possibilidade de uma "catástrofe econômica" se o fim da escala 6X1, que permite um dia de folga a cada seis dias de trabalho, for aprovado no Congresso Nacional. Mas, na avaliação do deputado federal Vicentinho (PT), perspectivas como as elaboradas nesses levantamentos são muito semelhantes às utilizadas, por exemplo, na tentativa de combater a redução da jornada de 48 para 44 semanais, consolidada na Constituição Federal de 1988.

O parlamentar, que presidiu o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC na década de 1980, esteve em Bauru na última quarta-feira (23) para participar do painel "Economia, Lei, Reforma Sindical: a Jornada 6x1 em pauta", realizado pela subsede local da CUT-SP no auditório da OAB. Em entrevista no espaço Café com Política, do Jornal da Cidade, Vicentinho citou que diversos países, como França, Alemanha e Austrália, adotaram jornada de trabalho inferior a 40 horas semanais sem que suas economias amargassem prejuízos.

"A Convenção 47 da Organização Internacional do Trabalho diz que qualquer jornada superior às 40 horas semanais acarreta problemas de saúde para o trabalhadores. Eles precisam ter direito à vida, a viver com a família, ter cultura, lazer. Isso não compromete a produtividade. Muito pelo contrário: com mais qualidade de vida, a tendência é de que produzam mais", afirma.

Desde o início deste mês, Vicentinho tem ajudado a coletar votos do "Plebiscito Popular 2025", liderado por entidades que compõem as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, para saber a opinião da população sobre o tema, bem como sobre a isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil, com aumento da taxação para quem recebe acima de R$ 50 mil.

ADESÃO

Segundo o congressista, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que substitui a jornada 6x1 pela escala 4x3 e prevê a redução das horas trabalhadas na semana de 44 para 36 horas, sem redução de salário, apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL), tem ganhado forte adesão entre os brasileiros.

Porém, ele reconhece que, diante do perfil conservador do atual Congresso Nacional, será difícil fazer a iniciativa avançar. O próprio Vicentinho, aliás, é o relator da PEC, em tramitação há 20 anos em Brasília, que pretende fixar a jornada de trabalho máxima a 40 horas semanais, sem prejuízo salarial.

"Hoje, na Câmara dos Deputados, há quatro operários e eu sou um deles, 300 empresários, duas indígenas, quatro trabalhadores rurais e 128 fazendeiros, sem falar nas bancadas, como a da bala, entre outras. Mas, quando o povo se convence e faz pressão, cria-se uma possibilidade. Fazia tempo que não via mobilizações grandes como a marcha das centrais sindicais em Brasília e, mais recentemente, na Paulista (em São Paulo). Há muitas pessoas simples, que passaram anos ouvindo fake news e, agora, começam a acordar", analisa.

Para o parlamentar, ao colocar em debate dois temas — o fim da escala 6x1 e a taxação dos super-ricos — que podem trazer impactos concretos e imediatos para a grande maioria da população, a esquerda fortaleceu seu engajamento, inclusive nas redes sociais, como movimento de luta por justiça social.

"E quando o Brasil é ameaçado pelo Trump com uma tarifa de 50% sobre as exportações, o Lula avisa que vai cuidar do Brasil e reforça a defesa dos mais pobres. Isso acendeu a chama da injustiça no País e as pessoas estão percebendo quem quer prejudicar a classe trabalhadora e quem quer que se ela se sinta bem", completa.

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