OPINIÃO

Esquerda precisa se unir em prol da soberania nacional

Por Arsenio Sales Peres | Professor livre docente da USP aposentado
| Tempo de leitura: 4 min

Um residente americano que pensa ser dono do mundo, resolveu, simplesmente, em prol de um apoio escancarado ao antecessor do atual presidente do Brasil, penalizar o nosso povo com uma superlativa taxação das operações comerciais Brasil X EUA. Pode?

Vejamos, o momento, é agora, não pode ser depois, tem que ser já, o palco de horror que se apresenta exige esforço de teatro operacional, como se fosse (ou é) uma guerra comercial. Atores de extrema direita são encorajados pela posição antidemocrática de Trump, desenhando um ataque duro, de afinco mundial, sobrepujando as descabidas ideias de uma mente egóica e oportunista, do patriota Jair. O chamado é para que forças de esquerda, populares, democráticas, comprometidas com a nação brasileira e o estado de Direito, venham se apresentar, em tempo do descalabro não se fazer presente. Blocos além de nossas fronteiras também estão em ponto de mira pela medida anunciada, Merco Sul e Bric's perdem forças, sem contar a defesa da causa palestina.

Trump quer anistia para baderneiros do 08 de janeiro, aqueles que atacaram o país e as instituições brasileiras com atos e gestos concretos? Donos de uma ação, que de política não tem nada, mas possui evidências e vestígios, escancarando a pluralidade que a prova exige, marcando imensuravelmente um atropelo como um estouro de boiada, sem organização legal, diálogo inexistente com propagada ausência do Messias, que estava respirando ares de rincão distante de onde deveria estar. Corajoso este Sr. Bolsonaro! E agora?

O que acontece no Brasil se o tarifaço se materializar em 1º de agosto? Aliás, abrindo um parêntese, aniversário da Cidade Sem Limites. De imediato cai, despenca as exportações brasileiras para americanos, e, vice-versa. Enquanto o Presidente que tem nome de ave aquática, se justifica, citando a recíproca relação comercial entre os dois países como não recíproca, o nosso mandatário máximo, estimula usar como escudo a Lei da Reciprocidade.

Nesta seara, foi questionado se os EUA têm déficit comercial com o Brasil? Resposta que não quer calar, verifica-se, são 17 anos que o fluxo de bens entre os dois países favorece os americanos, que vendem mais do que compram. Durma-se com um barulho destes. E surge na esteira do tarifaço, um tal de Tarcísio, oportunamente, pois governa a UF predominante nas operações comerciais no Brasil. Tenta roubar a cena, montando estratégias em um colegiado formado por ele próprio, sem nenhuma voz ativa e qualquer autoridade para tal.

O que se verifica é uma extrema direita mundial colocando o nariz onde não deve e não poderia se apropriar como se o Brasil não fosse dos brasileiros. E a reboque, a extrema direita brasileira, torce contra o seu país, e empurra os bolsões de empresários enraizados com seus negócios, no Brasil, assistirem a covardia dos extremistas. Bolsonaristas aplaudindo a tratativa de Trump que deseja atribuir ao país consequências econômicas desastrosas. Ressalte-se que, MDB, PSDB, Republicanos, União Brasil, PP e PSD, partidos de centro com participação de direita, repudiam o tarifaço em consonância com os esquerdistas, rejeitando a taxação, pois é medida inaceitável. Enquanto isso, paralelamente, o notável Presidente estado-unidense, declara, sem deixar dúvidas, que pratica uma taxa mais elevada ao Brasil do que a outros países e que ela será efetivada, pois Trump deu ênfase à política doméstica brasileira antes de fazer a abordagem sobre o comércio exterior, comentando sobre o julgamento em curso que Jair Messias Bolsonaro está se submetendo, "esse julgamento não deveria estar ocorrendo - é uma Caça às Bruxas que deve acabar imediatamente!".

Rui São Pedro, analista de mercado internacional, afirmou: - "Historicamente, o livre comércio se mostrou o caminho mais eficaz para fomentar a criação de riqueza entre nações. Já o protecionismo tarifário tende a gerar inflação, reduzir a competitividade das economias, desorganizar cadeias produtivas globais e fragilizar relações internacionais". Fato posto, do aqui explorado, descortina-se ao bel prazer, a verdade inquestionável, o desfavor que Bolsonaro vem prestar ao Brasil em sua atrapalhada tentativa de se manter ileso as custas de terceiro. Uma coisa é certa, notoriamente, Bolsonaro não é inteligente, não possui quociente de inteligência e nem quociente emocional, é um espertalhão. Esperto é aquele sujeito que consegue sair de situações que o inteligente nunca entraria. Nota-se, em resumo, que a direita bolsonarista torce pelo tarifaço, centrão se cala e por vezes silencia-se por demais, por sua vez a esquerda condena. Que beleza! O trabalho da esquerda, de imediata ação, é vislumbrar uma negociação comercial rasa, sem muitas narrativas, reconhecendo ao Brasil seu direito inegociável, sua atitude. Esquerda tem papel decisório neste episódio. É a hora de parar de usar narrativas dignas de torcidas organizadas e encarem o fato com a devida seriedade.

Outrossim, a guerra de versões descabidas esquerda x direita, em nada contribui para o Brasil desatar o nó da mais grave crise que país enfrenta desde a segunda Guerra Mundial. Vamos ver no que vai dar? Salvo melhor juízo, em se tratando de colher resultados positivos, dos partidos de esquerda, descortina-se ao PT uma grande chance de mostrar, ao eleitor, sua presença sólida na defesa da soberania nacional.

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