Furtos constantes, prejuízo nas vendas e sensação de abandono. Esse foi o cenário descrito por representantes do comércio de Bauru durante audiência pública realizada na última quarta-feira (16), na Câmara. Idealizada pelo vereador Pastor Bira (Podemos), a reunião teve como foco a segurança nos centros comerciais da cidade — em especial a área central, onde as reclamações se multiplicam.
A audiência fez parte de uma série de encontros promovidos pelo parlamentar para discutir segurança pública no município. O primeiro, no mês passado, tratou das escolas. Um terceiro debate está marcado para o próximo dia 25, com abordagem mais ampla sobre a cidade.
Na abertura da sessão, um vídeo apresentou relatos de comerciantes sobre furtos recorrentes, com destaque para a troca de produtos roubados por drogas. Bira defendeu o debate ao afirmar que os crimes afetam lojistas, funcionários e consumidores.
"É um efeito dominó: prejudica os negócios, ameaça empregos e afasta a clientela", afirmou, citando um estudo norte-americano que estima prejuízo anual de US$ 13 bilhões com furtos no varejo.
Já o vereador Cabo Helinho (PL), que ao lado de Bira idealizou a audiência, defendeu responsabilidade compartilhada entre os poderes e a sociedade. Ele lembrou que cabe à Câmara provocar esse tipo de discussão e buscar soluções conjuntas com os setores envolvidos.
MEDIDAS
Secretários municipais listaram medidas em andamento. À frente da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Jurandir Posca disse que a área central conta com três fiscais da Sedecon — a ideia é ampliar o efetivo, admitiu, mas até lá manter dois desses profissionais no Calçadão da Batista de Carvalho.
Ele afirmou que a retirada de eventos da Praça Rui Barbosa ajudou a reduzir atos de vandalismo e que o governo finaliza um mapeamento sobre vendedores ambulantes, com previsão de rever a atual "Lei do Calçadão".
"É um trabalho de formiguinha, mas é possível chegar a um entendimento com os ambulantes e os comerciantes", disse. A nova proposta, segundo ele, será discutida com vereadores e entidades antes de ir ao plenário.
A secretária de Infraestrutura, Pérola Zanotto, destacou que 13 mil lâmpadas já foram trocadas por luminárias LED em Bauru - o Calçadão está entre os locais atendidos. A pasta agora aposta na licitação da Parceria Público-Privada (PPP) para modernizar e manter toda a rede de iluminação.
Já a secretária de Aprovação de Projetos, Rafaela Foganholi, explicou que a pasta coordena a atividade delegada, convênio com a Polícia Militar que permite atuação extra de agentes em folga. Ela garantiu que há equipes específicas para o Centro e que o trabalho é essencial à fiscalização. Leonardo Marcari, chefe de gabinete da prefeita Suéllen Rosim, confirmou o reforço no número de policiais participantes.
DADOS E SUGESTÕES
Representando o 4º BPM/I, o major Norberto Marsola trouxe dados recentes: entre 1º de junho e 13 de julho, houve 12 flagrantes de furto no centro e na zona sul, metade em comércios. Dos 15 detidos, apenas seis seguem presos. Para ele, é urgente combater a sensação de impunidade: "Não podemos vender a ideia de que o crime compensa".
Marsola defendeu ainda ações integradas, reforçou que a PM só pode agir com base legal no caso de pessoas em situação de rua, e mencionou a "teoria da janela quebrada" - que associa abandono urbano ao aumento da criminalidade. Segundo ele, devolver vitalidade ao centro é parte da solução.
A proposta de ocupar a região com novos usos foi apoiada por vários presentes. Entre as ideias, citou-se a mudança da Prefeitura para a Estação Ferroviária como forma de gerar movimento diurno.
O presidente da Acib, Paulo Martinello, disse que a entidade chegou a negociar com construtoras, mas esbarrou na burocracia. Ainda assim, defendeu uma revitalização nos moldes do que ocorre em São Paulo, com incentivo à vida noturna.
Já o vereador Márcio Teixeira voltou a defender a criação de uma secretaria municipal de Segurança Pública. "Tem que ter alguém pensando só nisso", justificou.