A decisão dos Estados Unidos em sobretaxar as exportações brasileiras em 50% a partir de primeiro de agosto, impactará vários setores da economia brasileira. Tomando como base os dados públicos de comércio exterior, os principais produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos entre janeiro e junho de 2025, que poderão ser impactados são: óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos - US$ 2,37 bilhões; produtos semimanufaturados de ferro ou aço (baixo carbono) - US$ 1,49 bilhão; café não torrado, não descafeinado - US$ 1,16 bilhão; carnes bovinas desossadas e congeladas - US$ 737,8 milhões; ferro-gusa (ferro fundido bruto não ligado) - US$ 683,6 milhões; celulose (pasta química de madeira não conífera) - US$ 668,6 milhões; óleos combustíveis e preparações de petróleo - US$ 610,2 milhões.
Os possíveis impactos no PIB (1)
A XP Investimentos avalia que o anúncio do governo dos Estados Unidos de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, com início em 1º de agosto, tende a impactar a atividade econômica do Brasil por meio da balança comercial e do aperto nas condições financeiras. De acordo com as estimativas da corretora, as tarifas podem reduzir o crescimento do PIB em 0,30 ponto percentual em 2025 e 0,50 ponto percentual em 2026, com as exportações brasileiras para os EUA recuando US$ 6,5 bilhões em 2025 e US$ 16,5 bilhões no ano seguinte. Segundo avaliação da XP, as exportações do Brasil para os EUA representam cerca de 1,9% do PIB, com destaque para o fato de que aproximadamente 40% desse total é composto por produtos manufaturados que têm baixa possibilidade de redirecionamento para outros mercados. Por isso, o impacto das tarifas impostas pelos EUA não será uniforme entre os setores. A corretora observa que, no caso das exportações de carne bovina, o redirecionamento para outros mercados tende a limitar o impacto negativo às margens, enquanto para aeronaves o choque tende a ser mais significativo, dada a natureza do produto e o peso dos Estados Unidos como destino.
Os possíveis impactos no PIB (2)
A XP estima que o impacto direto das tarifas sobre o crescimento do PIB, via comércio, deve ser de aproximadamente 0,3 ponto percentual em 2025, já considerando vendas antecipadas em julho (acima da sazonalidade) e a vigência das tarifas entre agosto e dezembro. A corretora também alerta para a possibilidade de um efeito adicional decorrente de condições financeiras mais apertadas, o que poderia amplificar o impacto econômico - embora esse canal seja mais difícil de mensurar, não deve ser desconsiderado, pois dependerá da resposta do governo brasileiro e da eventual desescalada ou escalada do conflito comercial. A ver.
Inflação de junho: alta de 0,24%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, mostra que os preços registraram uma alta de 0,24% em junho, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na janela de 12 meses, o IPCA acumulou 5,35%. Com o resultado, ficou confirmado que o Brasil descumpriu a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A meta central de inflação é de 3% ao ano, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos - ou seja, a inflação pode variar entre 1,5% e 4,5% sem que a meta seja considerada oficialmente descumprida. Pela nova regra da meta contínua - em vigor desde janeiro - há descumprimento quando a inflação oficial permanece fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos. E foi exatamente o que ocorreu: de janeiro a junho, o IPCA acumulado em 12 meses ficou acima do teto de 4,50%. Com isso, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, deverá publicar uma nova carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando os motivos do desvio e as medidas que serão adotadas.
Resultados por grupos
Em junho, o principal destaque de alta foi a energia elétrica residencial, com alta de 2,96% no mês e maior impacto individual no índice (0,12 p.p.). No primeiro semestre, a alta da conta de luz foi de 6,93%, também com o principal impacto positivo individual (0,27 p.p.). No mês passado, entrou em vigor a bandeira amarela e, agora, a vermelha, onerando o custo da energia. Por outro lado, o grupo Alimentação e bebidas teve o primeiro recuo em nove meses (-0,18%), ajudando a conter a inflação do mês. A contribuição negativa foi de 0,04 p.p. Ainda assim, o grupo teve a maior alta percentual e de peso no IPCA em 12 meses. Oito dos nove grupos pesquisados pelo IBGE apresentaram alta: Habitação: 0,99%. Artigos de residência: 0,08%. Vestuário: 0,75%. Transportes: 0,27%. Saúde e cuidados pessoais: 0,07%. Despesas pessoais: 0,23%. Educação: 0,00%. Comunicação: 0,11%. Apenas um item dos grupos pesquisados teve queda: Alimentação e bebidas: -0,18%. Com o resultado do junho o indicativo é que a taxa básica de juros continue elevada.
Mude já, mude para melhor!
Cuidado com os que semeiam intrigas, eles não apenas dividem opiniões, mas desestabilizam laços e enfraquecem a força de um grupo unido. Mude já, mude para melhor!