NOVAS FRENTES

IA vai redesenhar mercado de seguros, afirma Sincor

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Douglas Willian
Presidente do Sincor, Bóris Ber (à dir.) durante entrevista ao JC ao lado do vereador André Maldonado (PP); parlamentar concedeu Moção de Aplauso ao Sincor-SP
Presidente do Sincor, Bóris Ber (à dir.) durante entrevista ao JC ao lado do vereador André Maldonado (PP); parlamentar concedeu Moção de Aplauso ao Sincor-SP

Presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo (Sincor-SP), Bóris Ber diz que a inteligência artificial (IA) já começa a transformar a lógica do setor e que o impacto será cada vez maior — não apenas na rotina dos corretores, mas também no entendimento do consumidor.

A declaração veio durante visita do empresário a Bauru, onde recebeu moção de aplausos por indicação do vereador André Maldonado (PP), de quem é amigo e colega de profissão.

Segundo ele, já há sistemas que, além de simular o preço de apólices, comparam as coberturas e interpretam suas diferenças. "A companhia A é mais barata, mas tem franquia mais alta. A B não cobre alagamento. Isso já aparece automaticamente. E o segurado pode sair da zona de conforto para entender se contratou o que precisava", menciona.

Na avaliação de Ber, a IA vai ampliar o modelo da chamada "venda consultiva" — na qual o corretor atua de forma mais analítica, oferecendo proteção sob medida. Mas a tecnologia, reforça o presidente do Sincor-SP, não substitui a relação de confiança entre cliente e corretor. "Principalmente no interior, onde essa proximidade ainda é um diferencial. Ela ainda conta", garante.

É uma mudança que aparece também na comparação entre grandes corretoras e profissionais autônomos, admite Bóris. As primeiras têm ferramentas que cruzam dados, projetam riscos e personalizam ofertas. Já os autônomos, muitas vezes, mantêm uma carteira fiel e atuam com base no relacionamento. "O que falta em tecnologia, sobra em proximidade. Os dois modelos têm espaço. E a IA pode ser aliada de ambos", explica.

O momento do mercado, segundo ele, também é marcado por maior conscientização do público em busca de maior proteção - medida intensificada pela pandemia e catástrofes naturais recentes, como as enchentes no Litoral paulista e no Sul.

"No início da pandemia, por exemplo, morte por Covid não era coberta. Negociamos com as seguradoras e as indenizações saíram. De lá para cá, o seguro cresceu", contextualiza.

O seguro de vida, por exemplo, ultrapassou o automotivo em crescimento. Mas o automóvel voltou a ganhar força — tanto pelo aumento da frota quanto pela sofisticação dos veículos. "Faróis, câmeras, sensores, para-brisa... tudo custa caro. E qualquer dano ultrapassa fácil os R$ 15 mil. O consumidor pensa duas vezes antes de ficar sem seguro", observa.

Paralelamente, observa Bóris, o mercado apresenta novas frentes de expansão, a exemplo do seguro residencial, o de responsabilidade civil e os voltados a equipamentos eletrônicos — celular, notebook, eletrodomésticos. Com o avanço das coberturas integradas, há apólices que incluem itens pessoais vinculados à residência ou ao automóvel. "É uma tendência. E o sindicato tem papel nisso. Somos nós que mostramos às seguradoras o que o mercado ainda não cobre", frisa.

Bóris também comentou a chegada de novas seguradoras digitais, com foco em automóvel, residencial e garantia. Ele vê com bons olhos o movimento, mas alerta que essas empresas ainda precisam se provar dentro do mercado. "Nem todas estão preparadas a grandes eventos", pondera.

O presidente do Sincor também vê com bons olhos o avanço da legislação sobre associações de proteção veicular - que não são seguradoras, reitera. Essas entidades, explica, agora têm prazo para se regularizar junto à Superintendência de Seguros Privados (Susep).

"Quem não fizer isso, será considerado ilegal. E o consumidor precisa entender que rateio de prejuízo não é seguro. Quando dá problema, o cliente corre risco real de não ser indenizado", menciona

Além da concorrência entre empresas, há também o combate às fraudes. O dirigente mencionou práticas como adulteração de recibos médicos, omissão de doenças em planos de saúde e manipulação de prejuízos em sinistros.

"Já foi pior, mas ainda existe. E quem paga a conta depois é o próprio cliente, porque o custo do seguro sobe." O Sincor, segundo ele, mantém estruturas próprias para lidar com esses desvios.

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