EM BAURU

Picadas por animais peçonhentos batem recorde em 2024

Por Guilherme Matos | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Divulgação
Escorpiões lideram o ranking com 3.880 notificações
Escorpiões lideram o ranking com 3.880 notificações

Bauru atingiu 542 casos de acidentes por animais peçonhentos em 2024, um recorde desde o início da série histórica, em 2007. Os escorpiões lideram os registros, com 429 notificações. Aranhas aparecem em segundo lugar, com 58 ocorrências. Os dados são do Núcleo de Informações Estratégicas em Saúde (Nies), ligado ao Governo do Estado de São Paulo, e mostram mais de uma ocorrência diária na cidade, em média, no ano passado.

O cenário não mudou muito em 2025. Até junho, foram contabilizados 197 acidentes, dos quais 153 envolveram escorpiões. A maioria das vítimas está na faixa etária entre 20 e 29 anos e é do sexo masculino. Nesse grupo, foram 493 ocorrências entre 2007 e 2025.

Apesar da curva ascendente de notificações, a taxa de letalidade permanece baixa. Desde 2007, dois óbitos foram registrados entre os 5.287 casos notificados no município. Destes 3.880, foram ocorrências com escorpiões, 505 com aranhas, 382 abelhas, 196 com serpentes e 184 de lagartas.

Para explicar o contexto, o biólogo Roberto Marono destaca o comportamento do escorpião amarelo (Tityus serrulatus), espécie predominante na cidade. Segundo ele, o animal é capaz de se reproduzir sem a presença de um macho — processo conhecido como partenogênese. "Cada fêmea pode gerar entre 20 e 30 filhotes que, por sua vez, também são fêmeas. Isso acelera a infestação em ambientes urbanos", explica.

Essa característica, somada à facilidade de adaptação do escorpião, amplia sua presença em centros urbanos. "Ele se esconde em rachaduras, entulhos e calçados. Com lixo acumulado e terrenos baldios, o número de insetos aumenta, o que atrai escorpiões e também aranhas, que buscam alimento e abrigo", afirma Marono.

O recorde de casos em 2024 pode ter relação com o calor mais intenso registrado no ano. "Altas temperaturas favorecem a atividade desses animais, que deixam seus abrigos naturais à procura de lugares mais frescos. Isso aumenta o risco de contato com humanos", aponta o biólogo. O perfil das vítimas revela um comportamento de risco, principalmente entre homens jovens. "É uma faixa etária economicamente ativa. Muitos trabalham em obras, terrenos ou áreas de mata. Por vezes, não usam equipamentos de proteção individual, como botas e luvas. Isso aumenta a exposição", alerta.

Segundo Marono, algumas medidas simples ajudam a evitar acidentes. "É importante sacudir roupas e sapatos antes de vestir, evitar deixar colchas encostadas no chão e manter ambientes limpos. Escorpiões sobem em paredes ásperas, mas não conseguem escalar superfícies lisas. Isso também pode ser levado em conta no planejamento das residências", explica.

Em caso de picada, a recomendação é procurar atendimento médico imediatamente. "Se possível, capture ou fotografe o animal para facilitar a identificação no hospital. Isso ajuda na aplicação do soro adequado, quando necessário", orienta o especialista.


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