Depois do crescimento econômico de 1,4% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o último trimestre do ano passado, os primeiros indicadores do nível de atividade econômica do segundo trimestre indicam desaceleração econômica.
Um dos indicadores, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica), divulgado pelo Banco Central, mostrou expansão de só 0,2% em abril na comparação com o mês anterior, indicando que o nível de crescimento da economia diminuiu de ritmo, à medida que em março a expansão foi de 0,7%. Na composição do IBC-Br a agropecuária observou queda de 0,9%, a indústria encolheu 1,1%, e somente o setor de serviços apresentou alta, ficando 0,9% positivo.
Outro indicador é o desempenho do varejo brasileiro em abril que veio negativo em 0,4% em abril, também na comparação com março, interrompendo uma sequência de três altas consecutivas. Os dados são do IBGE.
Assim como no IBC-Br, o desempenho positivo, mesmo que modesto, veio do setor de serviços, também medido pelo IBGE, que no mesmo período apresentou alta de 0,2% na comparação com março deste ano. Já o setor industrial expandiu somente 0,1% em abril.
A desaceleração tem algumas explicações. A primeira delas, previsível, é a queda do apetite dos consumidores. Com a taxa de juros ainda elevada o varejo observa queda, o que impacta os demais setores. Lembrando que a inflação ainda resiste, ficando, na taxa anualizada em 5,32%, acima dos 4,5% (limite máximo da meta), o que força o Banco Central a manter a política monetária restritiva.
Outro ponto é o nível de confiança dos agentes econômicos. Ao observarem a verdadeira ginástica que o governo Federal vem fazendo para cumprir as metas fiscais, principalmente no aumento da carga tributária, tais agentes se retraem, impactando negativamente a economia. O que está em jogo é ter um cumprimento fiscal crível, com carga tributária justa e gastos públicos de qualidade. Além disso, os conflitos internacionais criam um ambiente de incertezas, indicando para o mercado que não é hora de correr riscos, afetando o desempenho econômico.
Em resumo: a conjuntura econômica, com inflação ainda pressionada, taxa de juros elevada, incertezas fiscais, provoca retração dos agentes econômicos, que, somada ao ambiente externo desafiador, com conflitos, que levam a alta no preço das commodities, notadamente o petróleo, e ainda a pressão tarifária americana, não permitem que o otimismo se instale entre os agentes econômicos.
Só nos resta continuar apostando em nossos diferenciais competitivos internos, e "driblar" as incertezas do mercado, fazendo a diferença na gestão dos negócios e nossas carreiras.
De qualquer maneira é inegável: há claros sinais de desaceleração econômica.
O autor é diretor regional da Ordem dos Economistas do Brasil