Como a indústria poderá adaptar as tradicionais cadeias de suprimentos e ampliar os níveis de reciclagem para enfrentar os desafios das emergências climáticas que se aceleram?
Esta indagação provocou a recente realização, em São Paulo, do Forum Mundial de Economia Circular organizado pela CNI - Confederação Nacional da Industria, a Fiesp - Federação da Industrias do Estado de São e o Ciesp - SP e contou com o apoio de entidades governamentais como o Ministério do Meio Ambiente, ABDI - Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial - ABDI e do Governo do Estado de São Paulo através da Agência Paulista de Inovação e Investe SP e teve apoiadores do setor industrial.
Tratou-se de uma espécie de aquecimento e de preparativos para debates que acontecerão com a realização da COP 30 em Belém do Pará e que farão com que o Brasil assuma um relevante papel de liderança neste mundo caórdico e desorganizado que o século XXI está nos apresentando e que todos devemos insistir em rejeitar para que o futuro da Casa Comum.
Presencialmente estiveram representantes de setores industriais de mais de 75 países diferentes e remotamente, via web e Youtube, participantes de mais de 150 nações acompanharam a discussão de adaptação das cadeias de fornecimento, dos mecanismos de regulação ambiental, dos aportes e investimentos do capital internacional para os fundos ambientais.
Foram apresentados e compartilhados inúmeros casos reais de sucesso de iniciativas dos diferentes setores da indústria brasileira para a preservação dos recursos naturais; para o reaproveitamento de materiais e a transformação de modelos tradicionais de negócios em redes interconectadas e transitoriais.
Também constataram-se os esforços que a indústria brasileira através das Federações das Indústrias de diferentes estados vem fazendo para a criação de centros de reciclagem e para a disseminação de franquias sociais que incluam catadores de materiais recicláveis, formalizem negócios em redes e fortaleçam as cooperativas através de créditos de reciclagem.
Os créditos de reciclagem, mecanismo este criado em 2018 de forma pioneira pelo sistema Fiesp-Ciesp no estado de São Paulo possibilitam que as indústrias comprem certificados de reciclagem das cooperativas para facilitar a realização da logística reversa e com isso injetem de volta recursos financeiros que possibilitarão a inclusão social de milhões de brasileiros que perambulam pelas ruas em busca de latinhas, caixas de papelão e outros resíduos sólidos.
Esta boa prática ambiental da indústria já se espalhou pela maioria dos estados brasileiros e tem gerado muitas oportunidades para uma economia circular que poupa recursos naturais e melhora significativamente a resiliência do planeta com a utilização de fluxos reversos de materiais que retornam para a remanufatura, reutilização e recuperação de materiais e componentes.
Há 30 anos a Fiesp realiza ciclos anuais de reconhecimento de boas práticas ambientais, de reutilização de recursos hídricos das indústrias paulistas e o Fórum de Economia Circular também registrou esta bela história com a publicação de E book com mais de 270 bons exemplos dados pelos diferentes setores do setor industrial.
Isto é muito importante para desmontar um paradigma que tradicionalmente colocou o setor industrial como um vilão do meio ambiente ao invés de observar toda esta mobilização que vem sendo realizada para revisar as cadeias de suprimentos e colaborar na inclusão social da população mais carente.
Aqui em Bauru o GDS - Grupo de Desenvolvimento Sustentável do Ciesp também tem se esforçado com o setor industrial para despertar cada vez mais a consciência de todos os segmentos públicos e privados para a comunhão que deve existir no sentido de ações concretas de preservação dos recursos naturais e de mitigação para as emergências climáticas.
O GDS - Grupo de Desenvolvimento Sustentável do Ciesp Regional Bauru também tem mobilizado o poder público e as indústrias instaladas nas cidades vizinhas para que aconteçam esforços regionais conjuntos para preservação da água e de recursos hídricos, para uma destinação mais adequada de toneladas diárias de resíduos sólidos e para que sejam viabilizados novos projetos que aproximem o robusto setor acadêmico bauruense com as necessidades de estudos e diagnósticos ambientais mais precisos.
Diante das cada vez mais evidentes emergências climáticas este é um esforço coletivo que exige o interesse e a participação de todos aqueles eleitos pela população e de todos os setores industriais que produzem e dão emprego para milhares de trabalhadores em Bauru e das cidades próximas.