MANSÃO DO CAMINHO

Bauru: ex-acolhido relata como Divaldo Franco mudou sua vida

da Redação
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Reprodução/@aristides1982
Aristides Ferreira Silva e Divaldo Franco
Aristides Ferreira Silva e Divaldo Franco

Divaldo Pereira Franco, médium fundador da Mansão do Caminho, morreu na noite desta terça-feira (13), aos 98 anos, em Salvador. Seu trabalho e legado, porém, estão bem longe do fim. Ao longo dos anos, o espaço fundado pelo homem atendeu a milhares de pessoas que tiveram suas vidas e destinos profundamente impactados pelos serviços do local. Entre elas está o advogado criminalista que mora em Bauru Aristides Ferreira Silva, 43 anos, que relembra com gratidão a influência do médium baiano Divaldo Franco em sua trajetória.

Aristides nasceu na comunidade do Coroado, próximo ao bairro Pau da Lima, na região do Miolo Central de Salvador, na Bahia, justamente onde fica a Mansão do Caminho. O espaço, fundado em agosto de 1952, é como uma cidade dentro da capital baiana e oferece serviços gratuitos de educação e saúde para o bairro e adjacências, conforme explicou o advogado.

Aristides começou a frequentar o local ainda bem jovem. Na época, a mansão oferecia, também, moradia para crianças. Aristides não era órfão, mas a avó, Maria Marta da Silva, que trabalhou na Mansão por quatro décadas, levava o neto diariamente para o local. "Eu passava o dia inteiro lá. Almoçava, tomava café, jantava. Só saía quando minha avó saía do trabalho", conta

A rotina incluía escola, atividades recreativas e, mais tarde, trabalho. Aos 17 anos, Aristides teve a carteira assinada por Divaldo Franco como menor aprendiz. "Ele me deu essa oportunidade e ainda pagou um curso de informática no Senai", lembra. A partir daí, foi promovido a ajudante e depois assistente administrativo.

A Mansão do Caminho foi, segundo Aristides, a base de tudo o que conquistou. "Minha família era muito pobre. Morávamos em bairros periféricos e, muitas vezes, faltava comida. Foi graças à Mansão que minha avó conseguiu criar tantos netos e filhos. E foi ali que aprendi disciplina, educação, responsabilidade", relata.

Essas características, inclusive, foram essenciais para o advogado ao longo da vida. Ele ingressou na faculdade aos 32 anos e atualmente, com quase quatro anos de profissão, afirma que o caminho percorrido não teria sido possível sem a base construída na instituição. Ele vive em Bauru há 9 anos.

A avó de Aristides, além de funcionária, teve o respeito pessoal de Divaldo Franco, que interveio quando houve ameaça de cortar as marmitas que ela retirava para alimentar a família numerosa. "Ele disse: 'Não vai cortar a marmita de Marta, não'. Isso ficou marcado em mim", recorda.

A Mansão do Caminho, fundada em 1952 por Divaldo Franco e Nilson de Souza Pereira, seu parceiro na empreitada, foi responsável por acolher e educar mais de 60 mil crianças ao longo de sete décadas. Hoje, oferece creche, escola, cursos técnicos e assistência médica gratuita à população carente de Salvador.

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