OPINIÃO

BC enxuga liquidez para controlar a inflação

Por Reinaldo Cafeo | O autor é diretor da Ordem dos Economistas do Brasil
| Tempo de leitura: 2 min

A inflação é um dos maiores desafios econômicos enfrentados por países ao redor do mundo. No Brasil, o Banco Central tem adotado uma política monetária rigorosa para conter as pressões inflacionárias, utilizando a elevação da taxa de juros como principal ferramenta.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tem feito seu trabalho e mantém a taxa básica de juros elevada. A política monetária restritiva, visa reduzir a liquidez na economia, ou seja, diminuir a quantidade de dinheiro disponível para empréstimos e gastos, além de estimular os poupadores a adiarem o consumo.

A alta dos juros é uma medida eficaz para controlar a inflação. Quando o Banco Central aumenta a taxa de juros, o custo do dinheiro sobe. Isso significa que empréstimos e financiamentos ficam mais caros, desestimulando o consumo e os investimentos. Com menos dinheiro circulando, a demanda por bens e serviços diminui, ajudando a estabilizar os preços.

Além disso, a elevação dos juros atrai investimentos estrangeiros, que buscam rendimentos mais altos. Isso fortalece a moeda nacional e ajuda a controlar a inflação importada, que ocorre quando os preços dos produtos importados sobem devido à desvalorização da moeda local.

Embora a alta dos juros seja uma ferramenta poderosa para controlar a inflação, ela também tem seus efeitos colaterais. O aumento do custo dos empréstimos pode desacelerar o crescimento econômico, afetando negativamente o mercado de trabalho e os investimentos empresariais. Empresas podem adiar projetos de expansão e contratação, enquanto consumidores podem reduzir seus gastos, impactando o comércio e a produção.

No entanto, o Banco Central considera esses efeitos necessários para garantir a estabilidade econômica a longo prazo. A inflação alta e descontrolada prejudica o poder de compra das famílias e cria um ambiente de incerteza para os negócios. Manter a inflação sob controle é essencial para um crescimento econômico sustentável e para a melhoria das condições de vida da população.

O enxugamento da liquidez via alta dos juros é uma estratégia crucial do Banco Central para controlar a inflação. Embora tenha seus desafios, essa política visa garantir a estabilidade econômica e proteger o poder de compra da população. A vigilância contínua sobre os preços e a adaptação das políticas monetárias são fundamentais para enfrentar os desafios econômicos e promover um ambiente de crescimento sustentável.

Que a atuação do Banco Central, atacando a consequência da inflação e não sua causa, sensibilize o governo Federal a fazer sua parte, reduzindo os gastos públicos e pare de injetar liquidez no mercado. Somente se estancarmos o aumento da base monetária é que os preços ficarão comportados.

Como o governo Federal não faz a lição de casa, o Banco Central brasileiro dá sinais claros de que continuará praticando política monetária restritiva, mesmo que isso custe menor crescimento econômico.

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