
Não é só em Bauru que o nome da Apae está envolvido em um escândalo em meio a uma investigação sobre desvios de recursos da instituição. Na cidade de Caieiras, localizada na Região Metropolitana de São Paulo, a cerca de 340 quilômetros de Bauru, o Ministério Público (MP) apura possíveis irregularidades no uso de verbas destinadas à construção do novo prédio da entidade. O caso envolve um juiz afastado por suspeita de ligação com o crime organizado.
Segundo reportagens veiculadas pelo Jornal da Band na segunda quinzena de março, a obra teve início em 2019 em um terreno doado pela prefeitura de Caieiras e deveria ter sido concluída em 2022, mas segue inacabada e abandonada.
O dinheiro para a construção veio de uma multa de R$ 3,649 milhões aplicada pela Vigilância Sanitária Estadual a uma rede de farmácias. A empresa havia repassado mais de R$ 1,353 milhão à Apae, porém, deste total, apenas R$ 730 mil foram investidos na obra, não havendo comprovação sobre o emprego dos R$ 623 mil restantes.
Ainda de acordo com o Jornal da Band, o juiz Peter Eckschmiedt controlava a conta bancária onde a empresa farmacêutica fazia os depósitos e era responsável por liberar os pagamentos à construtora após as medições do serviço realizado. Ele está afastado de suas funções há nove meses e é investigado pela Procuradoria-Geral da República por suspeita de vender sentenças e alvarás a membros de uma facção criminosa, em caso que corre sob segredo de Justiça.
Dinheiro escondido
Durante cumprimento de mandado de busca e apreensão na residência do magistrado em Jundiaí, em operação conjunta do MP e da Polícia Militar realizada em agosto do ano passado, foram encontrados mais de R$ 1,6 milhão em espécie escondidos dentro de uma caixa d'água. Eckschmiedt também teria tentado se desfazer de um celular, jogando-o no vaso sanitário. A defesa do juiz não se pronunciou sobre as acusações.
A reportagem da Band também destacou que os pagamentos à construtora foram realizados após a conferência das medições da obra pela então presidente da Apae de Caieiras, Renata Lima, vereadora do município. Ela tornou-se alvo de um inquérito instaurado pela Polícia Civil, mas nega ter cometido qualquer irregularidade.
Em nota, diz ser vítima de “complô político” e retaliações que visam manchar sua reputação por não ter se alinhado a “interesses de um grupo”. “A Apae era apenas a beneficiária. Não tínhamos controle financeiro sobre valores da obra, tampouco os pagamentos, os quais eram liberados mediante medição realizada pelo engenheiro da prefeitura e da empresa contratada e eu, na qualidade de presidente, na época, assinava a referida medição apenas para tomar ciência, sem a responsabilidade de liberar o pagamento, o qual ocorreria independentemente de minha assinatura”, alega.